Comentário da lição 1 –
Adultério espiritual (Oséias)
SÁBADO
– INTRODUÇÃO
O profeta Oséias viveu em torno
do 8º século a. C. e vivenciou um dos momentos de maior prosperidade da nação Israelita. Embora tenha
sido um momento de prosperidade, toda esta bonança não era compartilhada.
Enquanto o profeta Amós se concentrava nas injustiças sociais, Oséias destacou
a infidelidade do povo em relação a Deus e a extrema idolatria daqueles
dias. O livro e a missão de Oséias
ressalta uma das histórias mais inusitadas da revelação do amor e compaixão de
Deus à humanidade. A experiência do profeta com uma mulher infiel, ilustra bem
a experiência de Jeová com um povo infiel, e, esta narrativa deve ultrapassar
gerações para ensinar-nos as mais sérias advertências por nossa infidelidade,
mas, também, até onde Deus está disposto a ir pra conseguir alcançar nosso duro
coração.
DOMINGO
– UMA ESTRANHA ORDEM (OS 1:2,3)
Existe muita especulação quanto
à natureza da ordem dada por Deus a Oséias. Na verdade, pouco nos foi revelado
a este respeito. A impressão que temos é que Deus foi direto ao ponto pelo fato
de seu foco não ser a vida matrimonial do profeta, mas, as suas experiências que
se casam com a real experiência de Deus com Seu povo. Incisivamente, a aliança
de Deus com Israel é a base da mensagem de Oséias. Mas, claro que a estranha
ordem de Deus nos parece ser, no mínimo, estranhas. Neste caso, cabe aqui a
contundente declaração de Paulo que “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo
para confundir as sábias; e Deus escolhe as coisas fracas deste mundo para
confundir as fortes” (1Co 1:27). Como ressaltado,
os pormenores não nos é revelado, o foco da narrativa é a séria e complicada
relação entre Deus e Israel que vivia em laços duplos, pois, Israel, ao mesmo
tempo em que servia a Deus, também servia outros deuses. Analisando
profundamente a questão, perceberemos que, ninguém compreendeu com tanta
solidez esta verdade quanto o profeta traído. Sua experiência, sua dor, seu
orgulho ferido, sua honra maculada, fez com que sua capacidade de percepção, a
respeito do que Deus tem passado com o povo, é maior do que a de qualquer ser
humano. Da mesma maneira, hoje, todos que passaram por experiências
semelhantes, poderão entender, como Oséias, a ferida que a traição espiritual
pode causar no coração de Deus. As lágrimas de Jesus na sepultura de Lázaro e
na entrada de Jerusalém, podem ilustrar o quanto Deus também sofre quando nós
percorremos caminhos errados. Ele sofre por nosso sofrimento e chora quando
derramamos lágrimas de dor. Se nós sofremos por 20, 30, ou 70 anos, lembre-se
que, Deus, por causa do pecado, sofre há 6000 anos. O sofrimento de Deus
somente chegará ao fim quando todo pecado for definitivamente extinto de nossa
existência.
SEGUNDA
– TRAIÇÃO ESPIRITUAL (OS 2:8-13)
A traição é uma característica
de pessoas normalmente casadas. Portanto, isto indica que a traição espiritual
não abrangia os pagãos, mas, apenas os Israelitas. Portanto, a pergunta que
surge é: quem é a nação de Israel de nossos dias? A mensagem de Oséias atinge a
igreja verdadeira de Deus em pleno século 21 e visa nos ensinar os limites que
nos ajuda a evitar o adultério espiritual. No entanto, é válido lembrar que, o
adultério espiritual pode acontecer de várias formas. Uma das mais destacadas seria
a comunhão com Deus e ao mesmo tempo a comunhão com o mundo. Os lugares que frequentamos,
os namoros inconvenientes, as músicas que ouvimos, a comida e bebida que entra
por nossa boca, as leituras e filmes impróprios que absorvemos, etc. Outra
verdade que assimila a ideia de traição espiritual é quando somos abençoados
por Deus e usamos estas bênçãos fora do contexto espiritual. Esquecemo-nos que
nosso mundo não é aqui e que os recursos concedidos a nós refletem o objetivo
do cumprimento da missão. A traição espiritual não é apenas uma questão de
apostasia total ou de comunhão com outro movimento religioso, mas, de qualquer prática que fira
o coração de Deus.
TERÇA
– PROMESSA DE RESTAURAÇÃO – (OS 2)
O capítulo 2 é dividido entre (2:2-13)
a profecia do juízo, como sendo o castigo de Israel, a esposa infiel, e
(2:14-23) a promessa que seguirá o juízo, sendo o cortejo de Deus para trazer
de volta a esposa infiel. Nos primeiros versículos, Deus aplicou seu juízo ao
povo infiel, a fim de trazê-los à razão para que se voltasse a Ele. No entanto,
agora, a figura é a de um amante que atrai de volta a sua amada, falando de
maneira carinhosa, presenteando-a (14,
15, 22) e protegendo-a dos ataques de animais selvagens ou de seres humanos
(18). Como um novo começo, numa renovação conjugal em união vitalícia eterna.
Embora Oséias tenha sofrido por ter que suportar a vergonha de uma traição
perante a sociedade que os conhecia, nenhum tipo de vergonha pode ser comparado
com o que Deus foi capaz de suportar para nos redimir. Ele poderia ter lançado
este podre mundo nos confins do universo para dele nunca mais se lembrar, mas,
não foi isto que Deus fez. O Seu perdão, longe de ser irracional, ultrapassa
qualquer limite de compreensão humana. Não há pecados que Deus não seja capaz
de conceder perdão e o único pecado incapaz de ser perdoado é aquele em que não
nos arrependemos - por isto é chamado de o ato de pecar contra o Espírito
Santo. Não existe maior vergonha do que a de Deus, o criador imortal, se
revestir de pó e da mortalidade. Enfim, não há vergonha maior do que a de se
submeter ao vitupério da cruz. Portanto, a promessa de restauração foi feita
por Deus e o cumprimento dela também será materializado por Ele. Ele concede o
perdão e o poder para aceitarmos e sermos fieis. A lógica é que, o ofensor tem
a responsabilidade de ir até o ofendido para buscar o perdão e a reconciliação,
mas, neste caso, Deus, que foi o ofendido, é quem vem atrás para oferecer o
perdão e reatar a conciliação.
QUARTA
– ACUSAÇÃO CONTRA ISRAEL (OS 4:1-3)
“Ouvi a palavra do Senhor, vós,
filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra
[...]”. A linguagem utilizada aqui
sugere que Deus participou de uma discussão ou de um debate com Israel, como os
que se passavam nas portas da cidade daquele tempo. A realidade é que, os dez
mandamentos, com muita frequência eram esquecidos e a infidelidade se tornara
uma das marcas da apostasia do povo. Mentiras, adultério, juramentos falsos,
furtos e outros pecados mais, eram tratados
como insignificantes. A lei era rejeitada, mas, os sacerdotes eram os
maiores culpados, pois, ignoravam a lei de Deus confiada a eles, e
consequentemente, seus atos desgovernados eram copiados pelos demais. Eram
líderes que atendiam ao próprio ego satisfazendo os desejos do povo, inclusive
na adoração a outros deuses (8). Pelo fato dos sacerdotes não ensinarem a
verdade e a lei de Jeová, o povo estava,
gradualmente caminhando em a direção a destruição. A adoração era cada vez mais aviltada e, por
consequência, Deus era afastado de suas devoções. Em nossos dias, percebemos os
mesmos erros por parte de muitos que se dizem religiosos e líderes espirituais.
Milhões de pessoas são enganadas todos os dias com falsas mensagens de
prosperidade, cura, milagres, línguas sobrenaturais, vida cristã fácil, além do
exercício psicológico que tem preparado o povo para rejeitarem a verdade de
Deus. Mesmo na igreja de Deus, quantos são os que ensinam uma graça barata ou
legalismo desenfreado, também os que inserem um estilo de culto que agrada aos
sentidos com músicas dançantes e estimulantes, além de ensinamentos repletos de
liberalismo, secularismo e relativismo. Enfim, lembre-se que, as advertências
para aquele tempo foram escritas porque servem para a igreja de nosso tempo, seja
para os membros, ou, seja para os pastores. Deus trará juízo a todas as coisas,
inclusive as que estão ocultas (1Co 4:5).
QUINTA
E SEXTA – CHAMADO AO ARREPENDIMENTO ((JO 17:3; OS 4:6).
Sempre quando Deus pretende
trazer juízo sobre o Seu povo, antes, Ele apresenta o conhecimento de tal
juízo. Para isto Deus levantou também o profeta Oséias, para que, ao apresentar
o juízo, também delineie as razões do mesmo. No entanto, se houver
arrependimento, acompanhado do arrependimento vem a promessa de restauração e
bênção. Este ato de Deus deveria nos comover profundamente a ponto de extrair
de nós toda admiração, todo louvor, e, a mais terna devoção, por sabermos que
Ele sempre nos importuna com Seu gracioso amor e bondade. Os atos de amor e
misericórdia de Deus devem ser nossa maior força motivadora pra sermos féis a
Ele sem reservas. Poderíamos não existir, mas, existimos. Mesmo em vida,
poderíamos não ter a oportunidade de remissão, mas, a remissão foi-nos
concedido. Precisamos encontrar nesta infinita graça o ânimo para aprendermos
amar as coisas que Deus ama, e, odiar as coisas que Deus odeia. Um dia alguém
perguntou-me se eu guardo os mandamentos para ser salvo, e, minha resposta, de
forma contundente foi: Eu guardo os mandamentos de Deus por pura e profunda
gratidão, pois, meu coração extreme-se por notar as grandes obras de compaixão
Dele por mim. Minha vida pertence a Ele.”
Pr.
Gilberto Theiss – Distrital em Itapajé-Ce (Lattes)