Olá irmão
x ...
Lucas 16:16 assim descreve que “A lei e os profetas duraram
até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força
para entrar nele”. É necessário entender 3 questões importantes a este
respeito, sendo:
1º A lei que durou até João não são os dez mandamentos, mas
as leis cerimoniais do santuário que envolvia festas solenes, luas novas e
sábados festivos que aconteciam anualmente, mensalmente e semanalmente, que
apontavam para a vinda do Messias (Ef 2:15; Cl 2:14-16 – Lc 23). Todas estas
leis eram mensagens em forma de simbolismos que representavam e anunciavam a
vinda do verdadeiro cordeiro que tiraria o pecado do mundo (Jo 1:29). Além do
mais, Jesus está fazendo uma referência a toda a escritura do Antigo Testamento
que apresentava a verdade messiânica através de ritos, símbolos e mensagens
proferidas pelos profetas (Jo 1:45).
2º Os profetas, juntamente com estas leis, também duraram
até João - Bom, assim como as leis, Jesus está descrevendo as mensagens
proferidas por estes profetas que prediziam a vinda do Messias. Todos os
profetas que profetizaram a respeito da vinda do Messias seriam até João
Batista que foi o último profeta que pré-anunciou e preparou o caminho de Jesus.
3º A palavra "duraram" não condiz com a realidade
textual do verso. Tanto é verdade que o verso seguinte (17) afirma de forma
incisiva que "é mais fácil passar o céu e a terra, que cair um til sequer
da lei". Não há contradição, pois o verso 16 apenas descreve que, o que
durou ou vigorou até João Batista foram as predições a respeito do Messias que
estavam inseridos nas leis ritualísticas e nas mensagens dos profetas. Depois
de João Batista nenhum profeta mais anunciaria a primeira vinda de Cristo
porque o Cristo predito já estava entre os homens conforme a lei e os profetas
predisseram.
De forma objetiva, a lei e os profetas, ou seja, Antigo
Testamento, com suas mensagens que clarificaram a promessa de Deus de enviar o
Messias, anunciaram sobre esta promessa até João Batista. Qualquer bom
comentário bíblico adventista ou não adventista entram em
pleno consenso a este respeito. O próprio João Batista foi
contundente em apresentar este fato ao afirmar, "arrependei-vos, porque é
chegado o reino dos céus" (Mt 3:2), ou seja, ele era o último profeta que
desempenharia o papel de proclamador da vinda do Messias.
Observações para refletir:
1º Se a lei durou até João, porque muitos evangélicos,
embora não guardem o sábado, respeitam e observam os demais 9 mandamentos?
2º Se os profetas duraram até João, como explicar as
revelações do livro do apocalipse que foi escrito depois de João Batista, por
volta do ano 90 d.C.?
3º Se não existem mais profetas, por terem durado até João,
porque os evangélicos contemporâneos insistem na ideia de suposta revelação,
papel exclusivo de profetas?
4º Se a lei terminou até João, por que Jesus disse que quem
O ama guardaria seus mandamentos? (Jo 14:15, 21)
5º Se a lei terminou em João, porque Paulo citou alguns dos
mandamentos de Êxodo 20 como representação clara de amor ao próximo?
6º Se a lei terminou em João, como entender as mulheres e
sua mãe na carne que conheciam muito bem os ensinamentos de Jesus, por terem
convivido com ele por anos e anos, e mesmo assim guardaram o sábado segundo o
mandamento? (Lc 23:53-56).
7º Se a lei terminou em João, como entender os evangélicos
que ensinam com insistência que o sábado foi mudado para o domingo, sugerindo a
permanência da lei de um dia santo semanal?
8º Se a lei terminou em João, como entender 1º João 3:4 que
diz categoricamente que pecado é a transgressão da lei? Se não existe lei, logo
não existe pecado.
9º Se a lei terminou em João Batista, como entender João, o
profeta, afirmar que quando recebeu as primeiras revelações deste livro era o
dia do Senhor, ou seja, o dia sagrado do mandamento? (Ap 1:10)
10º se os profetas duraram até João, como entender que nos
últimos dias haveria o dom da profecia? (At 2:17 e 18).
11º Se a lei terminou em João, como entender.... etc, etc,
etc, etc,
Parece que o problema
não está com a lei, mas com as pessoas que interpretam equivocadamente o papel
da lei. O que é importante não é a letra da lei em si, mas os princípios que
estão por detrás dela. Por este motivo é que também é chamado de lei do amor (Rm
13:10; Jo 14:15), ou lei espiritual (Rm 7:14).
O tal resumo da lei que alguns evangélicos sugerem tem haver
com Mateus 22:34-40. No entanto, distorcem afirmando que não há mais leis e que
todas as leis agora são apenas duas, amar o próximo e a Deus. Na verdade,
Jesus, nestes versos, não efetuou um novo resumo da lei, mas, citando um resumo
que Moisés já havia feito no Antigo Testamento. Observe Deuteronômio 6:5 “Amar
a Deus acima de todas as coisas”, e Levítico 19:18 “amar ao próximo como a ti
mesmo”. Como visto, este resumo já era bem antigo e Jesus apenas fez referência
a uma citação já existente desde os tempos antigos. O fato revelado aqui é que
toda a lei, ou todos os mandamentos, devem ter como base a essência do amor (Rm
13:10), por se tratar de relacionamento e obediência a Deus e relacionamento
com o próximo.
O grande problema é que alguns entendem que a lei de Deus
foi dada para salvar e isto é um erro grotesco. Salvação é um dom que advém
somente pelo sacrifício de Cristo, Sua graça eterna (Ef 2:8). A lei não foi
dada para salvar, mas para nos proteger colocando-nos distante dos limites do
pecado, pois, segundo as Escrituras, o pecado é a transgressão da lei (1 Jo
3:4). Por este motivo é que Paulo afirmou que se não há lei, também não há pecado,
ironizando a questão (Rm 4:15).
Bom, mas a lei de Deus é como uma lei de trânsito, lei do
casamento, lei da saúde, lei da gravidade, lei da química, lei da física, que
favorecem a segurança e manutenção da vida, e no caso da lei de Deus, ela
existe para nos conduzir os passos nos aspectos morais. Aquele que seguir sua
guia, além de demonstrar claramente submissão a Deus em atos, também será
beneficiado por viver longe dos limites do pecado e consequentemente longe das
consequências.
Como ressaltado, o grande problema é a maneira equivocada
como ensinam a lei. Ela deve ser obedecida, mas por amor e submissão a Deus,
por termos sido salvos, e não para sermos salvos. Por este motivo é que Paulo
afirmou em 1 Timóteo 1:8 que “Sabemos porém, que a lei é boa, se alguém dela se
utiliza de modo legítimo”. Se a utilizarmos de forma legítima, ou correta, com
certeza ela será prazerosa (Rm 7:22; Sl 1:2; 119:174), restaurará completamente
a alma e dará sabedoria (Sl 19:7; 23:3), além de ser santa, justa e boa
(Rm 7:12), serão bem aventurados os que andam nela (Sl 119:1).
E por último, há uma regra valiosa para testarmos os
pregadores de nosso tempo que falam em nome de Jesus, descrita por João,
afirmando que, “Aquele que diz que o conhece, e não guarda os seus mandamentos,
é mentiroso e nele não está a verdade” (1 Jo 3:4). Qualquer um que pretenda
transgredir a lei de Deus e ensinar os outros a se distanciarem desta verdade
deve ser considerado um legítimo mentiroso.
Vale lembra também que o Salmista já dizia que os
mandamentos de Deus duraria para sempre (Sl 11:7-8) e que jamais faria mudança
alguma em Sua palavra (Sl 89:34; Ml 3:6; Tg 1:17; Mt 5:17; Lc 16:17), e
que Satanás, o dragão, teria uma ira especial contra os que guardassem os
mandamentos de Deus (Ap 12:17).
Bom, há muitas outras evidências que confirmam esta verdade,
mas creio ser suficiente... Por demais, Deus lhe abençoe...
Gilberto
Theiss é pastor na Igreja Adventista no estado do Ceará.