São os chimpanzés 99,4% idênticos aos seres humanos?


Resumo


Existem muitas estatísticas que aparentemente indicam precisão na semelhança entre os genomas do ser humano e do chimpanzé. Embora um exame precipitado dos chimpanzés e dos seres humanos conduza de maneira razoável à expectativa de que os seus DNA's deveriam ter certa semelhança entre si e de que eles seriam mais semelhantes entre si do que poderiam ser ao de outros organismos, freqüentemente essas semelhanças são exageradas e carecem da precisão que usualmente se supõe. Em parte, isso é uma conseqüência das técnicas utilizadas para comparar as sequências, as quais proporcionam de fato números exatos, mas que não apontam necessariamente para a diferença ou a semelhança entre as sequências  Outro fator é a maneira pela qual se podem dispor os dados - antes da análise ou como parte do processo da análise. Em última instância, as semelhanças do DNA se assemelham filosoficamente às semelhanças morfológicas e a sua interpretação depende em grande parte da estrutura conceitual filosófica pela qual elas são consideradas.

Há pouco tempo os ônibus da minha redondeza apareciam com um aviso novo em cores na sua parte traseira. Em letras de imprensa, proclamava que os seres humanos e os chimpanzés são 98% idênticos[1] e acrescentava: “Venha conhecer os seus parentes”. Não estou seguro quanto à eficácia desses anúncios como método de atrair visitantes à nova exposição de símios no Jardim Zoológico, mas para a minha filha, estudante da sétima série, eles a impressionaram. Quando estatísticas como essas que parecem tão precisas chegam a campanhas publicitárias é provável que fiquem gravadas nas mentes tanto de crianças como de adultos. Mas, de onde surgem esses números? E o que eles significam na realidade? Muitos números, pouca precisão.

Mesmo um exame superficial dos percentuais de semelhança entre o genoma do chimpanzé e do ser humano revela rapidamente que toda a percepção de precisão é ilusória. É comum que apareça o número de 98%[2], assim como outros valores diversos. Por exemplo, 99,4% é outro valor publicado que parece ser mais preciso e faz aumentar o parentesco entre os seres humanos e os chimpanzés.[3] Quando se comparam partes dos genomas humano e do chimpanzé, um trabalho sugeriu[4] que eles são cerca de 98,77% idênticos. Por outro lado, algumas comparações publicadas anteriormente relativas a parte dos genomas humano e dos chimpanzés haviam diminuído essa estimativa para 95%.[5]

Quando em 2005 foi publicada uma cópia mais ou menos completa do genoma do chimpanzé,[6] a conclusão foi de que os genomas do ser humano e do chimpanzé eram 96% semelhantes. Apesar dessa estimativa ser significativamente menor do que a maioria das anteriores, esse novo valor levou a Frans de Waal, especialista em primatas da Emory University, a proclamar: 
“Darwin não foi somente provocador ao dizer que descendemos dos símios, mas também não foi suficientemente longe... Somos símios em todos os aspectos, desde nossos braços compridos e corpos sem cauda até nossos hábitos e temperamento”.[7]

Certamente, Darwin foi sim suficientemente longe sem a ajuda da tecnologia moderna de sequenciamento de DNA. Não é verdade a cantilena [lit. cantiga suave, ou monótona] proclamada frequentemente, de que Darwin jamais afirmou que os seres humanos descendiam dos símios.[8] Em seu livro A Origem do Homem, Darwin dedica todo o capítulo 6, intitulado “Sobre as afinidades e a genealogia do homem”, a desenvolver o argumento de que os seres humanos são símios, e portanto, da mesma forma que os demais
símios, descenderam de um ancestral comum a todos os símios, ele mesmo um símio.[9] 

Um dos grandes partidários de Darwin, Thomas Henry Huxley, fez com que esse argumento fosse divulgado já em 1863,[10] somente quatro anos após a publicação do livro A Origem das Espécies de Darwin, e muito antes da publicação do A Origem do Homem.

"Homologia", Darwinismo e Criação

Dentro dos limites do pensamento darwinista, as semelhanças entre os organismos, que frequentemente se denominam homologias, são tratadas como evidências de ancestralidade comum. Dessa maneira, pensa-se que dois organismos que possuem mais coisas comuns entre si do que com um terceiro organismo têm um antepassado comum mais recente do que teriam em relação com essa terceira criatura. Por exemplo, tanto as rãs como as vacas possuem olhos do tipo de câmara, quatro patas e muitas outras características comuns, mas as lombrigas não têm estas características, de maneira que, de acordo com o pensamento darwinista, as rãs e as vacas possuem um antepassado comum mais recente do que qualquer dos dois em relação às lombrigas. 

Ao referir-se ao sequenciamento de DNA, foi aplicada a mesma lógica: quando se percebe que os chimpanzés e os seres humanos possuem mais DNA em comum do que qualquer um destes em relação a outros organismos, o que é visto como uma forte confirmação das idéias de Darwin. Entretanto, o DNA possui algo mais, já que é o próprio material genético que se transmite de pai para filho.

Sob uma perspectiva criacionista, a semelhança do DNA dos seres humanos e dos chimpanzés nada tem de surpreendente. De todos os animais, os chimpanzés e os gorilas são os que mais se parecem com os seres humanos. Seria alarmante descobrir que o Criador teria voltado à sua prancheta de projetos para criar um código completamente diferente para o chimpanzé. Isso seria ilógico, algo como observar que os automóveis Toyota Camry e Corolla são parecidos e então predizer que os projetos de engenharia desses automóveis devem ser completamente diferentes.

Os símios se parecem mais com os seres humanos do que as vacas porque, entre outras coisas, o seu DNA é mais semelhante ao dos seres humanos. Isso significa que, se bem que as semelhanças das seqüências de DNA pareçam ser exatamente o que os criacionistas e evolucionistas esperam, alguns darwinistas agem como se isso confirmasse de alguma forma o pensamento darwinista e refutasse de algum modo o Criacionismo.

Explicando as diferenças

Uma pergunta ainda mais interessante que a criação explica muito bem e o darwinismo afirma explicar, é de que maneira surgiram essas diferenças entre o genoma dos seres humanos e o do chimpanzé. A explicação disso exige conhecer as diversas espécies de diferenças que poderiam existir entre os dois genomas. A Figura 1 resume algumas dessas diferenças. Apesar das analogias com a linguagem não serem perfeitas, existem suficientes semelhanças entre a maneira com que o DNA codifica a informação e a forma com que as letras codificam a informação na nossa língua portuguesa, de maneira que é possível apresentar – utilizando exemplos de nossa língua – uma ilustração geral dos problemas inerentes e decidir quão semelhantes são duas sequências  de DNA.


Lembremos que o DNA é codificado em “letras” moleculares denominadas bases. Diferentemente da língua portuguesa, no “idioma” do DNA existem somente quatro letras, que se abreviam como A, T, G e C. Então, imaginemos duas sequências de DNA:
  1. GAATGC
  2. TAATGA
Há um total de seis letras em cada uma dessas seqüências e elas só diferem entre si em duas bases, a primeira e a última de cada sequência. Se somente se comparar o número de letras em comum, então essas sequências seriam 2/3 ou 67% idênticas. Um exemplo semelhante seria dado em português pelas palavras “tia” e “mia”, que são 67% idênticas se considerarmos as letras, embora seus significados sejam completamente diferentes.

No exemplo anterior do DNA, se essas duas sequências fossem parte de um gene codificador de proteína, teriam significados completamente diferentes. No momento da codificação para a produção de uma proteína, o DNA utiliza palavras denominadas códons, que são compostos por três bases. Cada códon codifica um aminoácido e as proteínas são simplesmente sequências específicas de aminoácidos que foram agrupadas. 

Nesse caso particular, as letras GAA da primeira sequência se referem ao aminoácido ácido glutâmico (glutamato), e as letras TGC [11] referem-se a um aminoácido muito diferente chamado cisteína. Os códons da segunda sequência TAA e TGA, embora difiram em uma base de cada um dos códons do DNA da primeira seqüência, têm significados totalmente diferentes. De fato, nenhum deles codifica um aminoácido. Esses códons são chamados “códons finalizadores”, já que atuam como pontos no fim de uma frase na linguagem do DNA, isto é, sinalizam onde termina a codificação do DNA em uma proteína.

Pequenas mudanças e grandes diferenças

A lição que deve ser lembrada de tudo isso é que mudanças relativamente pequenas no DNA podem fazer uma grande diferença. Esta é a característica comum tanto das sequências de DNA como das palavras em nossa língua. Às vezes somente deslocar uma letra para uma posição diferente dentro de uma palavra pode fazer uma enorme diferença. No DNA, os códons GGU e UGG codificam aminoácidos, porém o primeiro codifica o aminoácido mais simples, a glicina, enquanto que o segundo codifica o triptofano, que está entre os aminoácidos maiores e mais complexos.

Um exemplo em nossa língua seria simplesmente remover a letra “r” da palavra “rato” e criar uma palavra completamente diferente como “ato”. Na Figura 2 temos um exemplo de duas sequências de DNA que diferem em menos de 1%, porém produzem resultados muito diferentes:

Existem 444 bases em cada uma dessas sequências que diferem em somente uma base, a vigésima, na primeira linha da sequência (ressaltada em negrito).[12] Assim, a diferença sequencial entre estas sequências é de 0,225%. Elas são 99,775% idênticas, e embora a primeira sequência codifique uma das proteínas da hemoglobina normal, a segunda sequência codifica uma proteína anormal, que causa a anemia falciforme, uma enfermidade genética devastadora.[13] 

A diferença de 0,225% na sequência de DNA se traduz em uma diferença de 0,676% na sequência da proteína, e essa diferença mínima ocasiona uma séria enfermidade. Nem todas as mudanças desta ordem têm um impasse tão grande, entretanto esta ilustração serve para mostrar que pequenas diferenças nas sequências de DNA podem produzir (e de fato produzem) diferenças enormes nos organismos.

Quantificando semelhanças e diferenças

Como se determina se realmente duas sequências são essencialmente as mesmas ou são totalmente diferentes? Obviamente, olhando simplesmente para as letras individuais, isso não será suficiente para determinar se os dois documentos são diferentes ou semelhantes. As mesmas letras exatas do alfabeto são utilizadas para codificar informação na versão Almeida [Revista e Atualizada] da Bíblia e no livro A Origem das Espécies

No DNA são utilizadas exatamente as mesmas bases para codificar a informação nos seres humanos e na pequena bactéria Escherichia coli que vive em nosso intestino. Ao comparar livros, pode ser que muitas ou até todas as palavras utilizadas sejam as mesmas, embora os livros sejam claramente diferentes. Ao comparar os organismos, os códons utilizados para codificar as proteínas podem ser os mesmos, mas os organismos são diferentes.

Fica claro que um fator importante a ser levado em conta ao comparar as sequências de DNA é o tamanho das sequências comparadas. Outro fator importante a ser considerado ao comparar as sequências de DNA é que a maneira com que a informação que codifica a forma em que o DNA é expresso como proteína se mostra muito diferente da forma em que expressamos as coisas em nossa língua. Embora seja comum pensar no DNA como codificador principalmente de proteínas, este não é o caso no homem: somente cerca de 3% do DNA humano na realidade codifica proteínas. 

No passado, pensava-se que os 97% restante eram simplesmente desperdícios do processo evolutivo e constituíam essencialmente “DNA lixo”. Com o tempo, tornou-se evidente que uma parte considerável desse DNA não codificado regula a produção de proteínas, enquanto que outras partes participam de atividades vitais adicionais.[14] Nos genomas humano e dos chimpanzés, grande parte deste DNA não codificado encontra-se na forma de sequências repetidas. É difícil calibrar a importância dessas sequências repetidas ou mesmo avaliá-las, já que apresentam desafios únicos para as técnicas modernas de sequenciamento de DNA. É por isso que, embora falemos da sequência do genoma humano como algo completo, ela não está realmente 100% completa. 

Como se supôs que as sequências repetidas não tinham importância, estas foram ignoradas em algumas comparações de sequências. Por exemplo, nos estudos sobre os quais se baseia a percentagem de 98% de semelhança entre o DNA do ser humano e o do chimpanzé, o DNA repetitivo foi eliminado antes de ser feita a comparação.[15] Isto é vagamente análogo à comparação das palavras utilizadas em dois livros depois de serem removidas as palavras mais comuns em um idioma,[16] algo que claramente poderia desviar o resultado de qualquer comparação estatística. 

Um fator adicional que complica a observação de comparações entre os genomas de organismos diversos é que as diferenças parecem estar concentradas em áreas específicas de seus genomas, e não distribuídas de maneira aleatória. Por exemplo, os genomas humano e do chimpanzé apresentam essa variação com relação à quantidade de diferenças existentes entre segmentos análogos, o que sugeriu que no passado ambos os organismos tivessem evoluído até se tornarem espécies separadas, e então se separaram durante milhões de anos antes de voltar a se unir há cerca de 6,3 milhões de anos, para então se separarem outra vez.[18] Esta variação da quantidade de diferenças evidentes nas sequências não se encontra somente a nível de DNA, mas também em genes específicos que codificam proteínas específicas. 

Por exemplo, certo número de genes que sabidamente desempenham um papel no desenvolvimento do sistema nervoso possui – e isso não é surpresa – maiores diferenças do que a média das diferenças entre os genes humanos e os do chimpanzé. Os darwinistas atribuem isso à “seleção positiva” desses genes,[19] porém não fica claro como determinar porque essa seleção haveria operado nesses genes relacionados com a inteligência dos antepassados humanos e não nos antepassados do chimpanzé. É difícil imaginar que a inteligência se adapta somente aos seres humanos e seus antepassados. Entretanto, essas variações no grau de diferenças entre os diversos segmentos de DNA não estão restritas a genes individuais ou a parte de cromossomos. 

Existem diferenças notavelmente pequenas entre os cromossomos X do chimpanzé e os dos seres humanos, em comparação com as diferenças existentes entre os outros cromossomos. Não fica claro de imediato de que maneira a seleção natural poderia ter feito isto, e parece ser necessário algum tipo de distorção para fazer com que os dados se encaixem com as pressuposições darwinistas.

Coisas distintas derivadas de partes semelhantes

Existe ainda outra profunda diferença entre a forma com que funcionam o genoma humano e o do chimpanzé, e pode ser que isso seja de maior impacto sobre o fato de que esses genomas não produzem organismos essencialmente idênticos. Compreender isso exige uma forma levemente diferente de ver o papel que desempenham as proteínas nos seres vivos. 

O DNA codifica as proteínas de maneira muito semelhante à que uma lista de especificações pode definir qual o tipo de parafuso ou peça é utilizado em uma máquina. Podem-se combinar muitas partes de diversas formas para obter tipos diferentes de máquinas. Por exemplo, se se perdesse um parafuso da paleta que mantém unidos um par de tesouras, seria possível substituí-lo por um parafuso de cabeça oca. Ao contrário, poderia ser possível tomar as mesmas partes ou partes muito semelhantes às encontradas numa máquina e combiná-las para produzir um mecanismo muito diferente. Por exemplo, seria possível combinar um feixe de suspensão, alguns parafusos, cabos e algumas outras partes de um veículo para fabricar um excelente arco para atirar flechas.

Qual é a relação de tudo isto com o genoma humano e o do chimpanzé? Embora seja tentador pensar que as diferenças entre os seres humanos e os chimpanzés são os resultados entre as diferenças de suas respectivas proteínas, na realidade as diferenças são provavelmente resultado das formas com que as partes das proteínas se agrupam e não das diferenças entre elas. Isso caracteriza exatamente o que se vê quando se produzem proteínas individuais a partir da informação encontrada nos genomas humano e dos chimpanzés, respectivamente. 

A verdade é que os genes se exprimem de maneira muito diferente nos diversos primatas, aí incluídos os seres humanos e os chimpanzés. Estas diferenças na expressão dos genes parecem ser o resultado das diferenças de um subgrupo de proteínas chamado “fatores de transcrição”.[20] Não deveria ser surpreendente descobrir que os darwinistas também atribuem essas diferenças à “seleção positiva”.

Não é simplesmente que as próprias proteínas se combinam sob diversas formas para formar os diferentes tipos de seres vivos; no que diz respeito aos chimpanzés e aos seres humanos, os próprios genomas se agrupam de maneiras distintas interessantes. Por exemplo, durante a reprodução sexuada, o DNA de ambos os pares é embaralhado da mesma forma que as cartas de um baralho para criar os cromossomos únicos que estarão no espermatozoide e no óvulo e, consequentemente, na descendência de um casal. Quando isso acontece, o DNA tem que ser quebrado fisicamente e então colado outra vez. Esse processo é complexo e não se produz ao acaso. Os locais onde se produzem esses cortes e novas combinações (recombinações) são diferentes nos cromossomos dos chimpanzés e nos cromossomos humanos.

Resumo e precaução

Então, os seres humanos são idênticos aos símios? A resposta a que se chega dependerá, em grande parte, das pressuposições filosóficas que sejam incorporadas aos dados. Neste trabalho, tentei mostrar que os valores dados pelos percentuais de diferenças entre os genomas humano e do chimpanzé carecem da precisão que se atribui ao seu uso. Assim mesmo, os lugares dos respectivos genomas que são comparados farão uma diferença muito grande nas conclusões a serem tiradas. 

Em última análise, a maneira pela qual se traduz a informação do DNA codificado à proteína, e finalmente aos seres vivos, difere profundamente entre os seres humanos e os símios. Se alguém assim desejasse, poderia enfatizar as abundantes diferenças entre o DNA do ser humano e o do chimpanzé. Mesmo assim, é digno de nota que, à medida em que se publica mais informações que comparam os genomas, as diferenças parecem ser mais profundas do que se pensava há uns poucos anos atrás.

Porém, seria ridículo sugerir que os chimpanzés não são mais semelhantes aos seres humanos do que as rãs, os peixes, as moscas ou as aves. Em qualquer grupo de objetos ou criaturas, alguns se parecem mais com outros. A grande pergunta é a que conclusão se deveria chegar a partir dessas semelhanças e diferenças.

Existe ainda algo mais que deveria servir de alerta a quem deseje chegar a conclusões gerais, e isso é a maneira preocupante pela qual os defensores tanto do darwinismo quanto do criacionismo têm utilizado dados, no passado, em defesa de suas diferentes posturas. Em nossa própria igreja [Adventista do Sétimo Dia] existem numerosas declarações publicadas que, na ocasião, provavelmente não ajudaram e que hoje parecem inquietantes. Por exemplo, Urias Smith sustentava na primeira página da revista denominacional Review and Herald que:
“Os naturalistas afirmam que a linha divisória entre os seres humanos e os animais foi perdida em confusão. Isso é impossível, já que eles mesmos afirmam saber exatamente onde termina o ser humano e começa o animal”.[22] 

Essa linha de pensamento também pode ser encontrada em declarações posteriores, como a de Dores Robinson, secretária de Ellen G. White, que escreveu: 
“Qualquer pessoa que observe o chimpanzé, o gorila e o orangotango, não achará difícil crer que eles têm algum antepassado comum com a raça humana. [...] É muito mais razoável crer que os símios descenderam do homem.” [23] 

Por outro lado, pelo menos um darwinista baseado em sua compreensão da semelhança dos 98% entre os genomas humano e do chimpanzé defendeu a aterradora perspectiva de criar quimeras humano-símias:
“Já que nestes obscuros dias de anti-evolucionismo ignorante, em que existem fundamentalistas religiosos na Casa Branca que controlam o Congresso [americano] e tentam distorcer o ensino da ciência em nossas instituições educacionais, uma dose poderosa de realidade biológica seria realmente saudável. E esta é precisamente a mensagem que poderiam transmitir os clones de quimeras, híbridos ou espécies mistas”.[24]

A Bíblia é explícita com relação ao lugar especial do ser humano na criação. 
“E criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”.[25] 

Devido à sua própria natureza e ao fato de que agora vemos “por espelho, obscuramente”,[26] a ciência não pode trazer respostas definitivas sobre a natureza da humanidade; suas conclusões são invariavelmente tentativas e estão sujeitas ao filtro filosófico através do qual os dados são analisados. Embora com essas limitações, é interessante observar que existe a clara tendência, que é evidente em algumas outras áreas da ciência, de que, à medida que aumenta a compreensão e se acumulam os dados, as afirmações temerárias do passado, que pareciam ser inconsistentes com as perspectivas bíblicas tradicionais, são postas em dúvida, enquanto que as perspectivas consistentes com as afirmações bíblicas parecem se tornar mais sustentáveis.

Referências
  1. Esta estatística se repete em muitos lugares, inclusive no site do Zoológico de San Diego: http://www.sandiegozoo.org/animalbytes/tchimpanzee.html.
  2. Por exemplo: Marks, J. 2002. What It Meansto Be 98% Chimpanzee: Apes, People, and Their Genes. University of California Press, Berkeley. 325 páginas.
  3. Wildam DE, Uddin M, Liu G, Grossman LI, Goodman M. 2003. “Implications of natural selection in shaping 99,4% nonsynonymous DNA identity between humans and chimpanzee: Enlarging genus Homo.” Proceedings of the National Academy of Sciences (USA) 100:7181-7188.
  4. Fujiyama A, Watanabe A, Toyoda A, Taylor TD, Itoh T, Tsai S-F, Park H-S, Yaspo M-L, Lehrach H, Chen Z, Fu G, Saitou N, Osoegawa K, de Jong PJ, Suto Y, Hattori M, Sakakil Y. 2000. “Construction and Analysis of a Human-Chimpanzee Comparative Clone Map.” Science 295:313-134.
  5. Britten, R.J. 2002. “Divergence between samples of chimpanzee and human DNA sequences is 5% counting indels.” Proceedings of the National Academy of Sciences (USA) 99:13633-13635.
  6. “The Chimpanzee Sequencing and Analysis Consortium. 2005. Initial sequence of the chimpanzee genome and comparison with the human genome.” Nature 437:69-87.
  7. É citado Frans de Waal no site Noticias da National Geographic: http://news.nationalgeographic.com/news/2005/08/0831_050831_chimp_genes.html.
  8. Por exemplo, ver: Allen W. 2004. Editorial. National Geographic, Novembro.
  9. A seguinte citação do capítulo 6 de A origem do Homem resume a argumentação: “Se for admitido que os símios antropomorfos formam um subgrupo natural, então, como o homem coincide com eles, não só em todas essas características que possui em comum com todo o grupo catarrino [macacos do Velho Mundo], como também em outras características peculiares, tais como a ausência de cauda e calosidades e na aparência geral, se poderia inferir que algum membro antigo do subgupo antropomórfico deu origem ao homem. Não parece provável que, mediante a lei da variação análoga, um membro de uma das outras infra-ordens tenha originado uma criatura semelhante a um homem que se parece com as supra-ordens antropomórficas em tantos aspectos. Sem dúvida que o homem, em comparação com a maioria de seus congêneres, passou por modificações extraordinárias, principalmente como conseqüência do grande desenvolvimento de seu cérebro e sua posição ereta; sem dúvida, deveríamos nos lembrar que este não é senão uma das várias formas excepcionais de primatas.”
  10. Huxley TH. 1863. Evidence as to Man’s Place in Nature.
  11. Por consistência e para evitar confusão, aqui só nos referimos ao DNA. Observe-se, não obstante, que os códons só se transformam em aminoácidos utilizando cópias de RNA feitas a partir do DNA e no RNA se utiliza a uracila (U) no lugar da timina (T), de maneira que, como cópia de RNA, este códon em realidade seria lido UCG e não TGC. Como RNA, os códons da seqüência 2 seriam lidos UAA e UGA e não TAA e TGA.
  12. A proteína madura da betaglobina começa com o aminoácido valina. O aminoácido alterado na betaglobina S é o sexto aminoácido, o ácido glutâmico da betaglobina normal que é convertido em valina na proteína mutada. O primeiro aminoácido codificado nestas sequências dadas é em realidade a metionina, mas este aminoácido é removido na forma madura da proteína.
  13. Esta enfermidade é a anemia falciforme, que ocorre em índices maiores entre os habitantes da África equatorial e seus descendentes. Nos indivíduos com anemia falciforme, os glóbulos vermelhos sofrem um alargamento devido à polimerização da hemoglobina ao perder oxigênio. Estas células em forma de foice (falciformes) obstruem os vasos sanguíneos e são destruídas com rapidez, o que resulta em danos aos órgãos e anemia crônica. 
  14. Standish TG. 2002. “Rushing to judgment: Functionality in noncoding or ‘junk’ DNA”. Origins 53:7 30.
  15. Sibley CG, Ahlquist JE (1984) “The phylogeny of the hominoid primates, as indicated by DNADNA hybridization.” Journal of Molecular Evolution 20:2-15. Ver também: Sibley CG, Ahlquist JE. 1987. “DNA hybridization evidence of hominoid phylogeny: Results from an expanded dataset.” Journal of Molecular Evolution 26:99-121. Deve-se destacar que o trabalho de Sibley e Ahlquist, apesar de ser citado com frequência e de ser uma fonte possível dos 98% de semelhança, é controvertido devido a acusações de manipulação dos dados. Ver http://personal.unce.edu/jmarks/DNAHYB/dnahyb2.html.
  16. Para apreciar o impacto disso, em inglês, ver http://www.world-english.org/english500.htm ou alguma outra fonte que enumere as palavras mais utilizadas na língua inglesa.
  17. Este é o número utilizado no cenário descrito no trabalho que informa estes resultados. A citação é feita para ilustrar o ponto, e não em apoio da ideia que a vida tem milhões de anos.
  18. Patterson N, Richter DJ, Gnerre S, Lander ES, Reich D. 2006. “Genetic evidence for complex speciation of humans and chimpanzees.” Nature 441:1103-1108.
  19. Ponting C, Jackson AP. 2005. “Evolution of primary microcephaly genes and the enlargement of primate brains.” Current Opinion in Genetics & Development 15:241-248.
  20. Gilad Y, Oshlack A, Smyth GK, Speed TP, White KP. 2006. “Expression profiling in primates reveals a rapid evolution of human transcription factors.” Nature 440:242-245.
  21. Winckler W, Myers SR, Tichter DJ, Onofrio RC, McDonald GJ, Bontrop RE, McVean GAT, Gabriel SB, Reich D, Donnelly P, Altshuler D. 2005. “Comparison of Fine-Scale Recombination Rates in Humans and Chimpanzees.” Science 308:107-111.
  22. Uriah Smith. “The Visions – Objections Answered: Obj. 37”, Advent Review and Sabbath Herald 28(9) (July 31, 1866): 65, 66.
  23. Robinson DE, 1931. “Amalgamation Versus Evolution”. Elmshaven, St. Helena, California, White Document File 316, Heritage Room, Loma Linda University.
  24. David P. Barash DP. 2006. “When Man Mated Monkey”, July 17, 2006, Los Angeles Times. http://www.latimes.com/news/opinion/la-oe-barash17jul17,0,1775276.story?coll=la-opinion-rightrail.
  25. Gênesis 1:27 RV.
  26. I Coríntios 13:12.

Fonte: Dr. Timothy G. Standish (Geoscience Research Institute). Ciências das Origens, Sociedade Criacionista Brasileira, n.° 13, p. 1-7, 2007. Disponível em: <http://www.scb.org.br/cienciadasorigens/13.pdf> Acesso em: 22 mai. 2013.

Fonte: (Biologia Teista)