Embora o propósito da arqueologia não
seja despertar a fé, ela pode reforçar a veracidade da Bíblia e enfraquecer os
argumentos do ceticismo. Talvez você não esteja familiarizado com
nomes como William Flinders Petrie, Howard Carter, Leonard Woolley, Kathleen
Kenyon e William Foxwell Albright, mas certamente já ouviu falar de Indiana
Jones, com suas eletrizantes aventuras em busca de objetos e tesouros exóticos.
Isso significa que seu conceito de arqueologia talvez precise de um ajuste.
Embora o famoso personagem da saga de Hollywood tenha popularizado uma visão
romantizada do labor do arqueólogo, a realidade tem menos glamour e mais
trabalho duro do que mostram as telas.
No entanto, as descobertas arqueológicas
realmente podem ser empolgantes e ter utilidade em muitas áreas. No século 18, a arqueologia não passava
de um empreendimento amadorístico na tentativa de descobrir e interpretar
objetos materiais de povos antigos. Hoje, essa ciência se especializou e,
usando métodos sofisticados como exames de DNA e a reconstrução em 3D dos
sítios arqueológicos, procura analisar os vestígios de sociedades distribuídas
ao longo do espectro cronológico para reconstruir seu pensamento, valores e
modo de vida.
Descobertas interessantes ocorrem a todo
momento. Entretanto, para o judeu ou cristão, os achados mais empolgantes são
aqueles relacionados com as Escrituras. Mesmo algo inusitado como a recente
descoberta de esterco de animal preservado durante três milênios pelo clima
árido do vale de Timna, em Israel, pode servir de evidência para as minas de
cobre do rei Salomão. Radiocarbono de alta precisão indica que os excrementos e
outros materiais orgânicos datam do 10º século a.C., conforme noticiou o site
da National Geographic.
De fato, a história da pesquisa
arqueológica está intimamente ligada à Bíblia, a começar pelo termo
“arqueologia”, que apareceu em inglês em 1607 em referência ao conhecimento
obtido de fontes antigas como a Bíblia. Muitos pesquisadores ajudaram a dar
credibilidade à disciplina. Um deles foi o mencionado William Albright, o “pai
da arqueologia bíblica”, que contou com a estrutura da American Schools of
Oriental Research (ASOR), fundada em 1900 por 21 instituições, incluindo
Harvard, Princeton e Yale.
Ainda no século 19, com o aumento do
interesse pela “terra santa” e os povos antigos da região, vários países
europeus patrocinaram expedições ao antigo Oriente Próximo. E, ao longo do
tempo, descobertas que resultaram de projetos intencionais, como a do Cilindro
de Ciro, encontrado nas ruínas de Babilônia em 1879, ou de acontecimentos
casuais, como a dos manuscritos do Mar Morto, achados nas cavernas de Qumran em
1947, formam um rico patrimônio da arqueologia bíblica.
Esse conjunto de evidências acaba
influenciando a interpretação dos fatos descritos nas Escrituras.
Em geral, os
arqueólogos envolvidos com essas pesquisas têm sido classificados como adeptos
da escola minimalista, que não veem solidez nas narrativas bíblicas, ou da
escola maximalista, que defendem a historicidade dos relatos bíblicos.
Felizmente, como revela a matéria de capa desta edição, escrita pelo doutor
Rodrigo Silva, a arqueologia apresenta evidências de que a Bíblia tem
fundamento histórico e, portanto, é um relato confiável. Embora o propósito da
arqueologia não seja provar a Bíblia nem despertar a fé, ela pode reforçar a
veracidade do livro sagrado e demolir os argumentos do ceticismo.
“Além de confirmar a existência de povos
e eventos mencionados na Bíblia, a arqueologia tem recuperado um número de
documentos que forneceram aos eruditos um ‘esqueleto’ da história, uma espécie
de moldura cronológica”, comenta o arqueólogo adventista Randall Younker, para quem
o papel da arqueologia não é julgar as Escrituras nem testar sua autenticidade,
mas esclarecer e confirmar suas declarações.
Ao ler sobre algumas dessas descobertas
recentes, tenha em mente que até as pedras e cerâmicas falam. Mas é preciso ter
olhos para ver, ouvidos para ouvir e neurônios para interpretar.