Comentário
da lição 4 – Senhor das nações (Amós e Obadias)
SÁBADO –
INTRODUÇÃO (Am 3:8)
“Rugiu o leão,
quem não temerás? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” (Am 3:8).
No
conteúdo do livro de Amós, Deus se revela como um leão que ruge por sua palavra
desrespeitada e tratada levianamente. O povo de Deus recebera as reprovações do
Altíssimo por causa de sua rebeldia e tratamento desleal ao próximo. Neste
tempo, Israel era uma nação profundamente religiosa, no entanto, que seguia
seus próprio passos, os passos da transgressão (2:7,8), assim, permanecia
desprovida de justiça moral e social (5:21-25). Interessante observar que
algumas semelhanças são notórias entre o Israel antigo e muitos professos
cristãos de nosso tempo. Talvez nunca tenhamos tido um mundo tão religioso,
pois, se intitular cristão também se tornou moda, mesmo entre os artistas de
novelas e cinemas. No entanto, embora a religiosidade esteja em alta, nunca
tivemos tantas pessoas e igrejas fazendo a Bíblia se adequar a sua maneira de
pensar. Os princípios e valores bíblicos são interpretados sob a roupagem do
relativismo, e, o pecado e o juízo de Deus são encarados como simbólico ou
subjetivo. Portanto, olhando para o passado de Amós, percebemos que, o rugir do
leão também é para o nosso tempo.
DOMINGO – CRIMES
CONTRA A HUMANIDADE (Amós 1 e 2)
O
profeta Amós chama a atenção do povo de Israel promulgando um juízo contra as
nações inimigas ao seu redor. No entanto, logo adiante, o juízo se vira também
contra as nações primas (Edom, 1:11; Gn 36:1), e, em seguida para a nação irmã
(Judá, 2:4). Tiro é um exemplo de tirania e crime contra o próximo, pois, ao
entregar os escravizados a Edom acabou se responsabilizando, pagando por seu
sangue derramado. Mais tarde, o rugido do leão (juízo de Deus), recaiu sobre
Tiro e eles se viram obrigados a pagar impostos à Assíria, render-se à
Babilônia (585-573 a.C.), e cair diante da Grécia (332 a.C.). Finalmente, ao
mesmo tempo em que as nações pagãs são condenadas por crimes contra a
humanidade (1 e 2), Judá e Israel são condenados por terem abandonado a verdade
de Deus (2:4; 11,12). O rugido do Leão apresentado pelo profeta, visava
assustar suas presas, e, no mais puro sentido, Deus estava usando a única
linguagem em que o povo podia parar para dar atenção e reflexão às Suas
palavras. A advertência se encaixa como um chapéu para os seguidores de Cristo
de nossos dias. O mesmo leão que rugiu para Israel e os pagãos no passado, é o
mesmo que rugi para os cristãos e pagãos de hoje. Embora a salvação não seja
pela obediência, uma vida de desobediência proposital impedirá a ação da graça
sobre nossas vidas. Deus não correrá o risco de colocar o Céu em perigo
novamente levando para lá os insubmissos e maus. O pecado, definitivamente, não
se levantará pela segunda vez. No entanto, nem todos aceitam a correção e, ao
invés de olharem com espanto e tristeza por seus pecados, encontram motivo para
censurar o juízo e ira divina. Ellen White a este respeito escreveu que, “Nestes últimos dias, muitos tendem a enganar
a si mesmos e são incapazes de ver os próprios erros. Se Deus, por meio de Seus
servos, censura e reprova o culpado, sempre há aqueles que estão prontos a condescender
com os que merecem reprovação. Esses desejariam aliviar o encargo que Deus deu
a Seus servos. Tais simpatizantes pensam que estão realizando um ato virtuoso,
simpatizando com o faltoso, cujo comportamento pode ter prejudicado grandemente
a causa de Deus. Isso é engano. Eles não apenas estão investindo contra os
servos de Deus, que estão fazendo a vontade dEle, e contra o próprio Deus, mas
são igualmente culpados com o transgressor. Há muitas pessoas culpadas que
poderiam ter sido salvas, caso não tivessem sigo enganadas pelo recebimento de
falsa simpatia.” (Signs of the Times, 1º de julho de 1880).
SEGUNDA – JUSTIÇA
PARA O OPRIMIDO (Isaías 58)
A
justiça de Israel prevalecia em detrimento dos mais fracos e pobres. Justiça
esta que se transformara em injustiça e opressão. A narrativa considera que
Deus não deixará impune os que praticam o egoísmo e a injustiça social. Tudo
neste mundo será alcançado pelo juízo divino. A falta de compaixão, amor e
altruísmo levarão muitos à punição e morte. A nossa geração, como a geração
passada, não reconhece a necessidades dos outros e nem os seus problemas. Cada
um deseja viver em seu mundo particular, ilhados como se não tivessem nenhuma
responsabilidade para com outrem. No entanto, Deus não irá ignorar as tantas
vezes que tivemos condições claras de poder ajudar alguém e não o fizemos.
Mesmo aqueles que fizeram algo, mas, somente pelo que havia sobrado, também
serão julgados no tribunal divino. A essência de vida elaborada por Deus espera
que sejamos altruístas e capazes de dar o próprio prato de comida para o mais
necessitado. Isto mesmo, quando formos capazes de arrancar da própria carne
para auxiliar alguém, estaremos sendo capazes de viver o caráter de Deus. O
testemunho de entrega da parte de Jesus é um exemplo a ser transformado em todo
aquele que se diz ser filho de Deus. A revelação apresenta que “os que têm
piedade dos desafortunados, cegos, aleijados, enfermos, viúvas, órfãos e
necessitados, Cristo os representa como observadores dos mandamentos, que há de
ter vida eterna.” (Testemunhos para a Igreja, v. 3, p. 511-513).
TERÇA – O
PERIGO DOS PRIVILÉGIOS – (Lucas 12:47, 48).
Israel
recebera de Deus, além da herança da salvação, o privilégio de apresentar a
verdade presente de seu tempo ao mundo. Infelizmente, tanto Israel ao norte quanto
Judá parecem não ter entendido o propósito do chamado de Deus. Receberam grande
luz com o objetivo de serem embaixadores do Céu perante as nações, mas,
perderam as grandes bênçãos do privilégio retendo para si o que receberam de
Deus, consequentemente atraindo juízo e maldição. Se eles tivessem cumprido os propósitos do
Onipotente, muitos dentre as nações pagãs haveriam de se converter ao Senhor
(Zc 8:22, 23).
Como
Israel no passado, recebemos de Deus a grande herança de Sua palavra. Aliás, “as
igrejas professas de Cristo nesta geração desfrutam dos mais altos privilégios.
O Senhor Se tem revelado a nós numa luz sempre crescente. Nossos privilégios
são muito maiores que os do antigo povo de Deus”. (Parábolas de Jesus, p. 317).
Portanto, uma vez tendo recebido mais luz que os povos antigos, implica também que,
temos maior responsabilidade e compromisso com esta luz. Se o Israel no passado
carregou em seus ombros o peso da responsabilidade, quem dirá nós hoje! Por
outro lado, não devemos encarar a verdade presente como um fardo, mas, como uma
honra indescritível.
QUARTA – O
ENCONTRO DE ISRAEL COM DEUS (Amós 4:12)
Impressionante
notar a frieza e dureza de coração em que as palavras de advertência do profeta
encontraram o povo de Israel. Estavam tão mergulhados no pecado e na ignorância
que, a voz de Deus não conseguia penetrar no escudo que circundava a
consciência e o coração do povo. O pecado tem um poder tão irresistível que é
capaz de seduzir e hipnotizar, de tal maneira, ao ponto de fazer as pessoas
acreditarem que vale a pena aproveitar ao máximo o pecado mesmo que tenham que
perder as coisas mais importantes da vida. A prosperidade e outros elementos
perigosos colocaram rédeas sobre a nação a tal ponto que, perderam a percepção
espiritual dos fatos. Em nossos dias, os mesmos perigos rodeiam o povo de Deus.
Embora os pecados de hoje sejam os mesmos do passado, convenhamos que, por
conta da tecnologia e do poder da mídia, em nossos dias, o pecado se tornou
mais colorido e atraente. Quantos são os que têm cometido suicídio espiritual,
preferindo se aventurar nos diversos prazeres desta geração? Quantos são os homens
e mulheres que, um dia, já beberam da fonte, mas, hoje se encontram nos centros
perdição? Quantos são os que vivem nas igrejas, durante os horários de culto,
mas, em outros horários estão praticando as piores insanidades morais? Enfim,
Deus, em breve, visitará este mundo e a igreja, e, quando Ele vier, encontrará
porventura fé na terra? (Lc 18:7,8). Deus encontrará poucos em pé, e mesmo sendo
poucos, virá para fazer justiça a favor deles.
QUINTA E SEXTA
– ORGULHO QUE LEVA À QUEDA (Obadias)
A
geografia e a história desenrolam um papel importante nessa profecia, com
diversas afrontas e disputas entre dois povos com certo grau de parentesco –
Israel e Edom. O rancor entre ambos possuía raízes íntimas e profundas, pois,
Israel era descendente de Jacó, enquanto que Edom de Esaú (Gn 36:1, 9; 32:22-32).
Jacó e Esaú foram a ancestralidade destes dois povos, e, os confrontos entre
estes dois irmãos, por conta de Jacó ter passado o irmão Esaú para trás, parece
ter prevalecido nas gerações de ambos. Quando Israel fora subjugada pelos
babilônicos, Edom encarou esta violência com alegria, além de se tornar um
aliado para com os inimigos em detrimento de Israel. Nesse caso específico,
Edom simboliza os arrogantes e orgulhosos que se aliam ao erro e ao inimigos
com o objetivo de tirar vantagens de outros. Edom se aproveitou da circunstância
para trazer mais encargos sobre Israel, e ao mesmo tempo angariar a confiança e
o favor dos pagãos. A lição para nós hoje é simples, e, nos ensina que devemos
exercer humildade e altruísmo mesmo perante inimigos. Como não acarretar sobre
nós o juízo que recaiu sobre Edom se continuarmos amargurados e irados contra
os irmãos que muitas das vezes nos machucam? No entanto, a lição ainda pode ser
mais ampla, pois, “embora devamos
mostrar simpatia e amor para com o pobre merecedor, não devemos favorecer o
pobre indgno, simplesmente porque é pobre, nem devemos honrar o poderoso
simplesmente por ser poderoso. Quão frequentemente isso é feito! Se um homem
possui riqueza, recebe aplausos, reputação e honra, mesmo que seja corrupto de
coração e sua vida seja indigna de imitação. Posição ou riqueza não fazem o
homem; porém coração puro e mãos limpas, Deus aceitará”. (Signs of the Times,
22 de julho de 1880).
Gilberto G.
Theiss é formado em teologia pelo Seminário Adventista do IAENE, Especialização
em filosofia pela UCM, Extensão em arqueologia pela UEPB, e, leitura e interpretação
pela UNISEB. No momento coordena o centro de capacitação teológica Alto Clamor,
e exerce a função integral de pastor distrital na cidade de Itapajé-Ce.
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REFERÊNCIAS
BRUCE, F. F. (Org.) Comentário bíblico nvi. São Paulo: Vida, 2008.
CARSON, D.A. (Et al.) Comentário bíblico vida nova. São Paulo: Vida Nova, 2009.
NICHOL,
Francis D. (Ed.). Comentario biblico adventista del septimo dia.
WHITE,
Ellen Gould. Profetas e reis.
3. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1996.
________. Testemunhos para a igreja. V. 3 Tatuí:
Casa Publicadora Brasileira, 2006.
________. Parabolas de Jesus. Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2009.