Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 01 – 4º Trimestre 2011 (24 de setembro a 1 de outubro)


Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 01 – 4º Trimestre 2011 (24 de setembro a 1 de outubro)

Comentário: Gilberto G. Theiss

SÁBADO, 24 DE SETEMBRO
Paulo: Apóstolo dos Gentios
(At 11:18)

            Paulo foi, sem dúvida, um dos homens mais cultos de sua época. Ensinado aos pés de Gamaliel (At 22:3) se tornou um cidadão temido e respeitado. Poliglota e conhecedor da ciência e filosofia da época foi um homem de grande importância. Ele possuía um currículo invejável. No entanto, também possuía outro currículo negro e marcado pela intolerância, violência e perseguição. Antes de sua conversão, ele era um terror para os Judeus conversos e, em nome de Deus, perseguiu ferozmente todos os que se tornavam seguidores de Jesus Cristo. Sua fúria foi implacável e não poupava absolutamente ninguém que fizesse parte de tal grupo religioso. Sua vida foi marcada por zelo assoberbado, pela tradição rabínica e em sua imaginação a religião judaica precisava prevalecer em meio às seitas e novas religiões que surgiam – inclusive a cristã.
            Mesmo sendo um problema para a fé cristã e um terror para o povo de Deus, O Senhor tinha um plano para este homem. Sua vida foi marcada por dois períodos bem distintos – pré Damasco e pós Damasco. Quando, a caminho de Damasco, teve um encontro com Cristo, sua vida nunca mais foi a mesma. Seu encontro com o Messias ressuscitado e glorificado o fez enxergar sua própria pequenez e necessidade de algo que estava além dos ritos judaicos. Ali ele entendeu que seu currículo invejável não passava de uma âncora para segurar sua arrogância, orgulho e ostentar medo e intolerância contra o próprio Deus – Jesus cristo.

DOMINGO, 25 DE SETEMBRO
Perseguidor dos Cristãos
(At 6:9-15; Mt 26:59-61)

            O centro da religião judaica era o templo e a lei e qualquer investida contra esses dois pilares era uma séria profanação. A fé cristã não ressurgia ali para revogar a lei ou o templo, mas, apenas para mostrar seu exato cumprimento. Os judeus perderam de vista o verdadeiro significado das verdades contidas nas palavras dos profetas e por esta razão não conseguiram perceber o maior de todos os eventos até aquele tempo – da vinda do messias.
            A maneira como trataram Estêvão e outros cristãos revela até onde os judeus estavam dispostos a ir para impedir qualquer ensinamento novo a respeito do templo e da lei. Distorcidamente entenderam que os cristãos estavam invalidando a religião judaica e o sistema de salvação oferecida ao homem. Na verdade a distorção estava do lado judaico por transformar a religião em um fardo e a salvação totalmente pelas obras humanas.
            Neste contexto surge Saulo que mais tarde se tornaria Paulo. Este homem, cheio de zelo e de sinceridade, perseguiu ferozmente qualquer um que se opusesse aos costumes da religião convencional. Saulo acreditava piamente em uma possível reforma de sua religião e que as promessas proféticas do reino eterno se cumpririam no judaísmo (Dn 2; Zc 8:33; Is 40-55). O que podemos vagamente perceber é que ele sonhava com uma religião destituída da corrupção e das possíveis heresias que circundavam israel. Quando se deparou com Estêvão, de imediato levantou-se com fúria contra ele. Foi ali que a ira de Saulo contra os cristãos começou a entrar em ruína. É possível que o martírio de Estêvão deva ter iniciado um conflito na mente de Saulo preparando-o definitivamente para o encontro com Cristo a caminho de Damasco. Interessante notar que, muitos em nossos dias, assim como Saulo, são sinceros em suas religiões e intolerâncias. É possível que venhamos a encontrar pessoas cheias de zelo por sua fé e às vezes até perseguidoras. Por esta razão é que devemos tomar muito cuidado com a forma como abordamos essas pessoas. Nossa maneira de interagir, carregada de palavras bondosas e de amor farão a obra que confronto indelicado nenhum jamais seria capaz de fazer. Saiba que, o Espírito Santo só poderá agir no coração dos opositores quando nossas palavras e atos forem semelhantes ao de Estêvão – “Senhor não lhes imputes este pecado”.
           
                                           SEGUNDA, 26 DE SETEMBRO
A conversão de Saulo
 (At 9:5; 1-18; 22:6-21 e 26:12-19)

            Saulo passou por uma das experiências mais interessantes em toda a Bíblia. Embora impressionado com o testemunho de Estêvão, no caminho de Damasco recebeu o impacto final pela presença de Jesus. O próprio Cristo foi ao encontro deste zeloso homem destronando-o de seu orgulho. Segundo algumas tradições antigas, cair do cavalo naquele tempo era muito vergonhoso, quem dirá então para um comandante, líder ou respeitado como Saulo. Como ele resistira à voz do Espírito de Deus,  a vergonha era necessária para destronar Saulo de seu trono de orgulho e cegueira espiritual. O mais importante em aprender desta narrativa é que, Deus está disposto a derrubar qualquer um do trono de soberba, arrogância, egoísmo, orgulho e cegueira - caso sejamos teimosos em trilhar nosso próprio caminho.
            Saulo, agora Paulo, recebeu de Deus o maior milagres que alguém pode receber – o da conversão. Nada pode ser mais difícil para Deus do que conseguir quebrar a dureza do coração humano. A conversão do coração é algo que não depende só de Deus, mas, da própria vontade humana. Por esta razão é que, nos humilhar, pode ser uma ferramenta muito útil e eficaz nas mãos de Deus com o objetivo de conseguir nos abrir os olhos e enxergar o que não conseguimos quando cegados pelo orgulho e soberba. Por esta razão quando algo acontecer em nossa vida que venha arrebatar nosso sentimento de grandeza e de infalibilidade, não pergunte a Deus porque, mas para quê...

TERÇA, 27 DE SETEMBRO
Saulo em Damasco
(I Sm 16:7; Mt 7:1 e I Co 4:5)

            Assim como Lutero, Deus levantou Saulo no seio da própria igreja ou debaixo do nariz de Satanás. Um dos homens mais temidos daquele tempo se tornara agora um dos homens mais influentes a favor do evangelho. A caminho de Damasco Saulo imaginara o quanto seria útil para a fé judaica desarraigando qualquer semente a favor do cristianismo. No entanto, o que não sabia ele é que neste caminho passaria pela maior surpresa de sua vida. A conversão de Saulo não foi surpresa apenas para os cristãos daquele tempo, mas, foi uma enorme surpresa até mesmo para os judeus, fariseus e principalmente para o próprio Paulo. No tempo em que foi entregue à cegueira, ele pode contemplar o passado e se aperceber das loucuras que fizera a favor de uma religião que havia abandonado a Deus e a verdade. Mesmo cerca de 3 anos depois da conversão de Saulo, ainda havia entre muitos cristãos um receio temeroso quanto a confiar em suas palavras. Isto indica claramente não a falta de capacidade dos cristãos em crer no poder regenerador do Espírito Santo, mas, o nível de crueldade em que Saulo estivera envolvido anos antes na perseguição aos cristãos.
            Interessante imaginar que, mesmo nos dias atuais, é possível que os mais cruéis inimigos da verdade se tornem os maiores defensores dela. Às vezes parece difícil acreditar nesta possibilidade, mas, o mesmo calor utilizado para defender a mentira poderá se tornar no mesmo calor para defender a verdade. Nossa função é apenas ensinar com amor e paciência, o resto, o Espírito Santo se encarregará de fazer como fez com Paulo.
           
QUARTA, 28 DE SETEMBRO
O evangelho vai aos gentios
(At 11:19-21, 26; Dn 2; At 11:20-26)

            A perseguição se tornara uma forte marca da intolerância em Jerusalém e posteriormente em toda Roma. Os cristãos não viviam em paz e eram confrontados constantemente pelo medo e insegurança. Jerusalém, a cidade mais religiosa do mundo havia se tornado em um dos lugares mais sombrios para os seguidores de Cristo. Por este e por outros motivos, muitos cristãos, devido a intensa opressão e perseguição, se retiraram da cidade e muitos se deslocaram para Antioquia. Cidade cosmopolita, ou seja, de diferentes culturas e nacionalidades, se tornou naquele tempo um refúgio e ao mesmo tempo uma base estratégica para pregação do evangelho pelo mundo. Cidade grande e uma das mais importantes daquele tempo talvez tenha sido preparada por Deus para abrigar seus filhos amantes da verdade.
            Com o deslocamento de muitos cristãos de Jerusalém, muitos gentios se tornaram privilegiados, pois, com mais facilidade o evangelho pode alcança-los. Talvez, se a perseguição em Jerusalém não tivesse banido os cristãos de lá, a pregação aos gentios teria sido mais lenta ou não os teria alcançado. Deus possui seus meios para levar Sua palavra aos mais necessitados e com certeza esta alternativa aparentemente negativa se tornou uma poderosa ferramenta nas mãos de Deus. Desta forma o evangelho se espalhou mais rápido alcançando também os gentios. Possivelmente, no futuro, algo semelhante venha acontecer para que o evangelho se espalhe com mais rapidez. Com certeza, o momento em que a verdade será mais semeada nos corações dos que ainda não ouviram, será de fato nos momentos de mais dor e sofrimento devido a perseguição. Na Babilônia o evangelho alcançou o reino através do testemunho de fé e coragem de três jovens em momento de perseguição. Nos tempos da igreja primitiva, o mesmo pode ser visto. Através da perseguição aos cristãos é que o evangelho ganhou maior força alcançando com mais rapidez tanto judeus quanto gentios. Em nosso tempo não será diferente. O evangelho eterno, a verdade presente somente alcançará o mundo todo com poder quando as chamas da perseguição se acenderem novamente contra a verdade e os súditos de Deus.
                       
QUINTA E SEXTA, 29 e 30  DE SETEMBRO
Conflitos dentro da igreja
(At 15:1-5)

            A igreja crescia imensuravelmente e tanto judeus quanto gentios iam acrescentando as fileiras dos novos conversos à igreja. Os judeus cristãos se gabavam por possuírem as credenciais que fundamentavam o cristianismo e os gentios sofriam com as discriminações por não terem praticado os ritos do cerimonialismo judaico. Infelizmente este foi o ponto da controvérsia entre ambos. A discussão a este respeito foi tão acirrada que dividiu por um tempo até mesmo os próprios discípulos.
            Os judeus eram tão enraizados nas leis e no cerimonialismo que, ao mesmo tempo em que eram pendentes ao legalismo, também não conseguiam deixar de lado os velhos costumes baseados em rituais cerimoniais. Embora em Jesus tudo houvesse se cumprido, exigiam que os gentios praticassem tais ritos antes de se tornarem cristãos. Para eles soava como se fosse injusto os judeus terem por tanto século praticado tais exigências, e agora, os gentios, povos que consideravam imundo, poderem fazer parte da mesma fé sem nenhuma exigência ritualística.
            A lição aqui para nós é simples e muito séria. Em nossos dias não fazemos apologia aos rituais antigos como obrigatórios aos novos conversos, mas, às vezes, exigimos que os novos conversos sejam tão perfeitos quanto nós. Na verdade em alguns casos muitas comissões de igrejas nem aprovam alguns batismos por acharem que os candidatos não estão preparados. A exigência de conversão do batizante parece ser maior do que a própria experiência de conversão da maioria dos membros da comissão. É claro que as pessoas devem ser muito bem preparadas, mas isto não significa que devam ser perfeitas para serem aceitas.
            Outra lição importante tem haver com o legalismo que pode ser ainda notado em nosso meio. É crucial entender que legalismo não é guardar os mandamentos, a obediências à vontade de Deus é fundamental na vida cristã. Legalismo é fazer da lei o meio em que devemos ser salvos. Muitos judeus daquele tempo ainda não haviam entendido que a lei, embora importante, não podia remediar nossa condição diante de Deus. Somente pelos méritos de Cristo por sua graça perdoadora é que somos capazes de sermos aceitos pelo Céu. Quanto tempo mais levaremos para entender este importante princípio? Este foi um dos motivos do porque que Cristo ainda não retornou. Se a mensagem da justificação pela fé tivesse sido compreendida em sua verdadeira luz nos tempos de Ellen White e Tiago White, pouco tempo depois de 1888, segundo a revelação, Jesus já teria retornado. Lembre-se que, assim como o liberalismo, o legalismo também dificulta a ação da graça e do Espírito Santo em nossas vidas.
                                   
Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como constam no livro “Nisto Cremos” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: gilbertotheiss@yahoo.com.br