Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 02 – 4º Trimestre
2011 (1 a 8 de outubro)
Comentário: Gilberto G. Theiss
SÁBADO, 01 DE OUTUBRO
A autoridade de Paulo e o evangelho
(Gl 1:10)
A
igreja primitiva crescia imensuravelmente naquele tempo. Tanto judeus quanto
gentios somavam e aumentavam as fileiras da igreja cristã. No entanto, junto a
este crescimento, uma crise começara a se estabelecer no meio deles e na
teologia cristã quanto à natureza da salvação e união dos gentios à igreja.
Muitos dentre os judeus conversos insistiam na ideia de que os gentios
precisavam cumprir alguns ritos antes de serem aceitos à fé cristã. Uma defesa
muito bem armada foi montada para defender a tradição judaica e Paulo enfrentou
de frente esta problemática. De certa forma, o apóstolo foi perseguido, mesmo
pelos próprios cristãos judaicos, que viam nele um inimigo à tradição e a tudo
que Moisés havia lhes concedido. Uma reverência sem precedente ainda permanecia
no coração deles quanto a todo sistema antigo. De fato, tal reverência não era
exclusiva aos novos conversos judaizantes, mas, até mesmo dentre alguns
discípulos. Pedro é um exemplo, pois em alguns casos passou por grande
dificuldade quanto a negar ou ainda manter alguns ritos ou até mesmo em
continuar a considerar alguns povos como imundos (At 10; 15). A crise se alojou
no meio cristão e uma explanação mais clara a respeito do evangelho era
crucial. Por este motivo é que Paulo escreve a carta aos Gálatas dando detalhes
a respeito do papel da lei e da fé na vida dos que são salvos em Cristo. Esta
carta foi útil para aquele tempo e também nós em pleno século XXI.
DOMINGO, 02 DE OUTUBRO
Paulo, o escritor de cartas
(2 Pe 3:15, 16)
Paulo
demonstrou ser um escritor prolifero e bem afinado as regras de seu tempo para
a escrita. Suas cartas eram muito bem escritas, estruturadas e elaboradas.
Embora fosse, em alguns casos, difícil de serem entendidas, apresentavam uma
estética literária capaz de não deixar dúvidas quanto ao enredo teológico
proposto pelo autor. Na verdade, a dificuldade maior se prende ao conteúdo
abordado. Os temas em conflito não eram, para aquele tempo, tão fáceis como se
imagina. A luz do evangelho que trazia o cumprimento dos ritos em Cristo não
eram fáceis de serem compreendidos pelos judeus daquela época. Satanás dificultou o entendimento através de
distorções teológicas e proféticas, e por este motivo, muitos não conseguiram
ver luz nas mensagens de Jesus e dos discípulos.
As
cartas de Paulo, assim como a carta aos Gálatas, foram escritas para suprirem
uma demanda de dúvidas que pairavam nebulosamente na mente de muitos cristãos.
Interessante notar que, assim como hoje, parece que os cristãos daquele tempo
necessitavam do apoio de pessoas que conheciam um pouco mais das escrituras. No
entanto, por conta desta deficiência, muitos cristãos se apostataram da fé se
tornando inimigos do cristianismo. Parece que a história não mudou em algumas
coisas, pois, em nossos dias muitos cristãos se estacionam no conhecimento e
esperam que outros estudem por eles para resolver seus grandes dilemas e
dúvidas. Quando tais dúvidas não se resolvem, escolhem sair da igreja e muitas
das vezes até se tornam inimigos da mesma. As cartas de Paulo foram escritas
para nosso crescimento e amadurecimento em alguns temas importantes para a
conduta cristã e salvação pela fé. A carência de uma compreensão mais real dessas
cartas poderão nos levar a uma compreensão equivocada tanto para a libertinagem
cristã quanto para o legalismo farisaico. Esta advertência é tão séria para nós
hoje quanto para o tempo em que foram escritas.
SEGUNDA, 03 DE OUTUBRO
O chamado
de Paulo
(Gl 1:1,2; Ef 1:1; Fp 1:1,2; Ts 1:1)
Para
nós, não há dúvidas de que Paulo tenha sido chamado por Deus para desempenhar
um ministério a favor da verdade. No entanto, para os legalistas daquele tempo,
as mensagens de Paulo pareciam destoar das mensagens bíblicas que conheciam a
respeito da salvação. Infelizmente, o apego distorcido à lei de Deus, fez com
que acreditassem na salvação também pelas obras. É importante entender que zelo
e legalismo são duas situações muito diferentes. Zelo todos nós devemos ter e a
Bíblia nos ensina que devemos ter zelo para com as verdades que aprendemos.
Mas, o legalismo foi e é um problema sério na religião cristã. É uma falsa
ideia de santificação e de salvação. De forma simples e clara, ser legalista
não é guardar a lei, mas fazer dela um meio de salvação. Se a lei pudesse
exercer o papel salvífico, com certeza a cruz do calvário poderia ser
descartável. No seu tempo, Paulo enfrentou um grupo de pessoas assim, que fazia
as obras exercerem um papel que não lhe pertencia.
Por
este motivo, Paulo inicia a carta inibindo qualquer dúvida quanto ao seu
chamado. Por não concordarem com a mensagem do apóstolo, parecia que havia
pessoas tentando minimizar o valor ou o nível do seu chamado. Em nossos dias,
algo semelhante pode acontecer, pois, muitos, ao ensinarem verdades que entram
em desacordo com seus gostos e achismos, preferem acreditar que o mensageiro
foi enviado por qualquer ser - menos Deus. Jeremias foi ignorado pelo povo,
Moisés foi desacreditado algumas vezes e o próprio Jesus foi crucificado por
pregar mensagens um tanto que estranhas. Qualquer um de nós hoje, se pregarmos,
por exemplo, mensagens que leve o povo a um reavivamento e reforma na vida
cristã, sofreremos perseguições. O evangelho parece atrair sobre alguns o amor
e sobre outros o ódio... Uma polaridade interessante e muito intrigante.
TERÇA, 04 DE OUTUBRO
O evangelho de Paulo
(Gl 1:3-5; Ef 1:2; Fp
1:2; Cl 1:2)
Qual
é o evangelho? Não há outro evangelho em toda a Escritura em que importa que
sejamos salvos. O evangelho é o próprio Cristo morto e ressuscitado que
concedeu o pode de Deus para a salvação de todo aquele que Nele crê (Rm
1:16,17).
Às
vezes fico muito perturbado ao pensar que ainda hoje existem pessoas que
insistem nesta ideia de salvação pelas obras. Isto é muito semelhante a alguém
que recebe um presente de outra pessoa, mas, por incrível que pareça, somente
aceita o presente caso possa pagar por ele. Infelizmente está cheio de pessoas
em nossos dias que às vezes se sentem tão puras que chegam ao ponto de
acreditar que sua pureza pode se igualar as exigências da justiça divina.
Parece que algumas delas não querem aceitar a salvação pela graça, ficam
incômodas e somente ficariam satisfeitas e felizes se Deus aceitasse algum
pagamento como retribuição. Lembrem-se que, salvação fora de Cristo jamais será
salvação. A lei foi estabelecida apenas para mostrar nossa condição diante do
Céu e deixar claro que precisamos de algo que está além de nós – a cruz do
calvário.
Lembre-se
que, a lei poderá justificar-nos diante dos homens, mas jamais poderá
justificar-nos diante de Deus. Não foi esta a finalidade da lei, portanto,
deixemos a lei exercer o seu papel correto em todo o plano estabelecido por
Deus. Paulo enfrentou teimosos em seu tempo com esta ideia fixa, e em nossos
dias enfrentamos problemas semelhantes, inclusive voltados ao perfeccionismo.
QUARTA, 05 DE OUTUBRO
Nenhum outro evangelho
(Gl 1:6; Rm
1:8; I Co 1:4; Fp 1:3; I Ts 1:2)
A maneira como Paulo lida com seus
opositores neste contexto pode não ser apropriado para todos os tempos. No
entanto, quando há teimosia desses indivíduos e consequentemente divisão da
igreja, essas pessoas precisam ser encaradas com mais firmeza. Em nossos dias
há pessoas que não mais acreditam que a igreja seja ainda a verdadeira igreja.
No entanto, ao invés de se retirarem ficam em nosso meio tentando persuadir
outros a chegarem a mesma conclusão. Essas pessoas são instrumentos cegos do
diabo e não conseguem perceber tal fato. Pessoas assim, que agem como
sanguessugas, devem ser enfrentadas com coragem, ousadia e muita firmeza. No
tempo de Paulo havia pessoas que criavam problemas de natureza teológica na
mente das pessoas, e o apóstolo precisou ser mais contundente devido a
gravidade da situação. Interessante notar que, Satanás não usa apenas falsos
líderes, mas, também falsos irmãos que costumeiramente agem como boas pessoas.
Não
há dois evangelhos para a salvação de todo homem, somente pela fé em Cristo é
que a redenção pode ser uma realidade. As obras têm o seu lugar, a perfeição
cristã também possui o seu papel, mas a salvação pela fé é única e suficiente e
ponto final. Claro que, para os opositores, a fé não era suficiente, uma
dosagem de obras possuía algum mérito nessa jogada.
QUINTA E SEXTA, 06 e 07 DE OUTUBRO
A origem do evangelho de Paulo
(Gl 1:6-9; 11-24)
Qual
era a origem do evangelho de Paulo? Se você estivesse vivendo naquele tempo,
como encararia o evangelho ensinado por ele? Hoje não temos dúvidas quanto ao
evangelho ensinado por estas cartas, mas e se não conhecêssemos as narrativas
do encontro de Paulo com Cristo e o seu chamado? Como encararíamos suas cartas,
conselhos e experiências? É possível que, muitos de nós, assim como alguns
judaizantes daquela época, encararíamos este mensageiro como que um tanto
estranho.
A
origem do evangelho de Paulo não é duvidosa e suas cartas são claras em
apresentar a nós a certeza da redenção em Cristo. Nada é tão importante em suas
palavras quanto esta sublime verdade. Todos nós somos afetados e impressionados
pela verdade presente descrita em Apocalipse 14:6 do evangelho eterno que deve
ser transmitido a todos os povos. O evangelho eterno não é apenas o evangelho
completo, mas essencialmente o único evangelho capaz de carimbar nosso
passaporte para a eternidade. O sangue de Cristo derramado a nosso favor é a
verdade mais sublime e ímpar para a redenção humana. As obras, ou melhor
dizendo, a obediência, não salva, mas, evidencia às demais pessoas que nossa fé
é verdadeira. Falar da graça é um tanto perigoso, assim como falar da lei.
Corremos o risco de exaltar uma em detrimento da outra. No entanto, se sabermos
defender a graça e a lei em seus respectivos lugares, jamais erraremos quanto a
este assunto..... jamais....
Gilberto G. Theiss, nascido no estado do
Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê
integralmente nas 28 doutrinas Adventista como constam no livro “Nisto Cremos”
lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja
Adventista do Sétimo dia da cidade Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja
Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser
coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo
site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista
Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é
inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus
superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem
falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina
bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: gilbertotheiss@yahoo.com.br