VITÓRIA SOBRE O PECADO
“O pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14 NVI).
Certa vez, alguém, talvez bem intencionado, disse não ser necessário seguir leis, regulamentos ou obedecer normas bíblicas já que a graça superabundou a vida dos crentes.
Mesmo em nossos dias, é muito comum observar pessoas pretendendo viver sobre os favores de Deus sem ter que se submeter as orientações bíblicas. Dizer que ama a cristo e que vive por ele é uma coisa, mas viver essencialmente para Ele é outra coisa muito diferente.
Há homens que professam o nome de Cristo mesmo vivendo com duas mulheres. Há pessoas que continuam nas drogas mesmo afirmando que Cristo vive nele. Há pessoas que continuam cometendo injustiças sociais mesmo freqüentando igrejas. Um dia um senhor falou para mim com muito entusiasmo do que Cristo fez na vida dele. Deu um belo testemunho do que o poder de Deus é capaz de fazer na vida dos que se entregam a ele. Este senhor era membro batizado a muitos anos. O interessante é que depois de uma hora falando de sua vida com Deus, após ter ido embora, num passeio que fiz aquela noite, derepente, o vi em um bar com bebida alcoólica e com uma mulher que não era a sua esposa.
Existem dois extremos que precisamos evitar, o perfeccionismo e o liberalismo. Pretender ser absolutamente perfeito no contexto em que vivemos, ao ponto de chegar numa esfera que não seria necessário acrescer mais nada na vida, isto não passa de teologia distorcida. Por outro lado, crer que por sermos salvos pela graça, se torna dispensável os compromissos de fidelidade a Deus e de abandono do pecado, esta pode ser tão pior quanto.
Na verdade, a santificação ou vitória sobre o pecado são alcançados não por mérito humano. Toda e qualquer vitória, abandono do pecado e subjugação do próprio eu e das paixões da vida, só podem ser vencidos pelo poder de Deus mediante a fé.
Nas semanas anteriores aprendemos o verdadeiro e sublime significado da salvação pela graça mediante a fé. Nesta semana aprenderemos que a graça não nos isenta das responsabilidades da busca pela transformação do caráter pela fé.
DOMINGO, 08 DE AGOSTO
GRAÇA ABUNDANTE
(Rm 6:1-11)
Primeiramente, é necessário termos profunda convicção do poder da graça como suficiente para anular qualquer pecado, seja grande ou pequeno. Não existe pecado terrível que não seja capaz de ser vencido pela graça de Cristo. Isto é extremamente significativo uma vez que o poder do pecado é suficientemente implacável na destruição da vida levando as pessoas à morte eterna.
A graça é muito mais poderosa do que o pecado, e é exatamente isto que torna mais significativo o poder do amor de Deus. Assim, podemos chegar a conclusão que a graça realmente é capaz de nos garantir a salvação nos méritos de Jesus e ainda é capaz de nos libertar do poder do pecado. Ellen White foi enfática ao afirmar que a graça nos conduz a cumprir os deveres da vida cristã (Santificação, p.87 e 81), apresentando e confirmando o papel completo da graça sobre o homem.
Ao longo de minha vida nesta igreja, já vi pessoas sendo libertadas da escravidão do álcool, das drogas, da promiscuidade, e de muitos outros infortúnios da vida. Por esta razão é que não tenho dúvida, o poder de Deus pode fazer qualquer coisa na vida daqueles que pela graça passam a pertencer a Cristo Jesus. Paulo jamais defendeu o perfeccionismo e muito menos o liberalismo. A graça de Cristo jamais nos isenta da responsabilidade de nos afastar do pecado. Não somos salvos da lama para continuar vivendo na lama. Não tem sentido Cristo pagar um preço incalculável para nos garantir a salvação e libertação das algemas do pecado para permitir que continuemos vivendo sobre o domínio do pecado.
Mas o papel de cura, regeneração e restauração é o mínimo que a graça de Cristo pode fazer na vida dos que se entregam a Ele, pois para mim, o papel mais sublime que Deus através de Cristo pode fazer é a conversão humana. Isto sim é muito difícil de ser feito, pois depende de nossa aceitação. Este é o maior milagre que Jesus pode realizar na vida de uma pessoa além da libertação do pecado.
SEGUNDA, 09 DE AGOSTO
O PECADO PERSONIFICADO
“Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres em relação à justiça” (Rm 6:20).
O pecado deseja ser o chofer do carro de nossa vida, o comandante com o leme do barco da vida em mãos ou o piloto de avião da vida sobre o seu controle. Ellen White escreveu de forma contundente que devemos e podemos ter o controle da situação em nossas mãos, e isto ela chama de “submissão da vontade a Deus” (Caminho a Cristo, p. 47). Podemos, através da vontade depositada nas mãos de Deus e da escolha dominar nossos pensamentos, desejos e inclinações. Enquanto permanecermos nesta terra de pecado, jamais deixaremos de ser pecadores e inclinados para as paixões pecaminosas, mas mesmo em situações probantes, pelo poder de Deus, podemos escolher não pecar. Podemos escolher não trair a esposa ou o esposo.
Podemos escolher não colocar o copo de bebida ou comida inconveniente na boca. Podemos escolher não colocar o cigarro na boca. Podemos escolher não se deitar com uma mulher ou homem que ainda não são legalmente nosso esposo ou esposa. Podemos escolher não falar mal de alguém. Podemos escolher não roubar, fraudar ou injustiçar alguém. Enfim, a vontade pode ser subjugada e enfraquecida se tivermos grandes ideais espirituais e permitirmos que Cristo viva e reine em nós. Isto não é perfeccionismo, isto chamamos de entrega e submissão a Deus mediante a ação do Espírito Santo. Martinho Lutero, pai da justificação pela fé, certa feita deu uma declaração interessante sobre o abandono do pecado, afirmou ele que o pecado é como uma barba que precisa constantemente de ser cortada. Poderemos ser assaltados continuamente pelas tentações, mas podemos escolher não ceder. Caso aconteça de haver alguma queda, não fiquemos desesperados, pois João ainda nos dá esperança de vitória (2 João 2:1), é claro que não podemos usar este texto como cabide para ficar pendurando nossos pecados. De qualquer forma, Deus conhece os corações e sabe distinguir muito bem nossas mais profundas intenções.
TERÇA, 10 DE AGOSTO
DEBAIXO DA LEI?
“O pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14 NVI).
Não tem sentido dizer que a lei foi abolida quando o pecado ainda existe, pois, segundo as escrituras, é a lei que mostra e define o que é pecado (I Jo 3:4).
O texto de romanos 6:14 não afirma em momento algum que a lei fora extinta por causa da graça, pelo contrário, confirma mais ainda a permanência da lei, pois a lei realmente somente terá domínio sobre as pessoas enquanto ela permanecer te acusando por alguma transgressão cometida. Olhando por outro ângulo, quando somos obedientes a Deus guardando os Seus mandamentos, seria como se estivéssemos por cima da lei pisando-as, assim, o pecado não terá mais vitalidade sobre nós, mas quando somos desobedientes a Deus infringindo Seus mandamentos, neste caso agora, é a lei que está encima de nós pisando-nos, significando inclusive que o pecado reina em nossa vida.
Esta é a analogia de Paulo, afirmando que, uma vida de obediência redunda em graça, por graça e pela graça, enquanto que uma vida de desobediência redunda em desgraça, escravidão e domínio do pecado sobre nós.
Resumindo, o pecado somente terá domínio sobre nós quando formos transgressores e se vivermos constantemente na prática do pecado consciente, significando que a graça não obteve espaço para atuar em nossa vida. Inclusive, poderíamos citar a expressão de Paulo, de forma contrária contraria que o “pecado os dominará, porque não estais debaixo da graça, mas debaixo da lei”.
QUARTA, 11 DE AGOSTO
DOIS SENHORES EM GUERRA
“Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” (Rm 6:16).
Existem dois senhores que reinam na vida das pessoas, Cristo através da obediência e Satanás através da desobediência. Aqueles que vivem pela fé, transformados pela graça de Cristo, vivem naturalmente sobre o manto da obediência. No entanto, aqueles que vivem na incredulidade pela desgraça de Satanás, vivem naturalmente sobre o manto da desobediência a Deus.
Inclusive, este é um campo que precisamos tomar muito cuidado, pois super enfatizar a lei em detrimento da graça, poderá nos levar ao perfeccionismo ou ao legalismo, enquanto que super enfatizar a graça em detrimento da lei, poderá nos levar ao liberalismo. Na teologia de Paulo, ele combate acirradamente essas duas pragas. É necessário sempre manter o devido equilíbrio e o lugar das duas coisas na vida do cristão. A graça é única e suficiente para nos justificar, mas jamais seremos justificados por Cristo gratuitamente enquanto servirmos deliberadamente ao outro senhor, o pecado.
Sempre seremos pecadores e devedores diante de Deus, mas mesmo sendo pecadores, como afirma o autor da lição, pela fé, é possível deixar ou abandonar o pecado moral consciente, pela fé é possível deixar de viver com duas mulheres para viver com apenas a verdadeira esposa. Pela fé é possível deixar o cigarro, a bebida, as drogas. Pela fé é possível abandonar a promiscuidade, a violência, a indolência. Pela fé é possível vencer o habito de falar mal dos outros. Pela fé é possível amar as pessoas. Pela fé é possível abandonar alimentos e bebidas que destroem o corpo e a vida. Pela fé é possível ser fiel aos amigos, filhos e esposa. Como ainda escreveu Paulo “Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues;” (Rm 6:14), em outras palavras, no passado vós fostes desobedientes, mas agora, pela fé são obedientes de coração servindo a Deus seguindo Suas doutrinas.
QUINTA E SEXTA, 12 E 13 DE AGOSTO
FRUTO PARA A SANTIFICAÇÃO
“Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniqüidade para iniqüidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para santificação. Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres em relação à justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas é a morte. Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6:19-23).
O Apóstolo Paulo reconhecia que a carne definitivamente é fraca, por esta razão é que ele apresenta a necessidade de sermos feitos servos de Deus. Sobre a proteção de Deus e da presença constante do Espírito Santo seremos amadurecidos, fortalecidos e revestidos de vigor espiritual suficientes para que nossa vida seja conduzida de forma que no final das contas sejamos vitoriosos pela fé nos méritos de Jesus.
Como visto nos versos acima, a realidade é, quando estamos totalmente em Cristo passamos a ser libertados do pecado produzindo frutos para a santificação. Esta promessa não vem de nós, vem de Deus, pois Deus mesmo, além de nos garantir a justificação por intermédio de Cristo, também promete a vitória contra o pecado moral na vida. É claro que neste ínterim, Deus jamais fará por nós o que nós não queremos que seja feito. Se por ventura eu ainda quiser permanecer no adultério, é óbvio que o poder e a graça de Cristo jamais serão abundantes em minha vida. Eu preciso fazer a minha parte, e a parte humana é o desejo de ser livre, entrega plena e subjugação do próprio eu. Estas renúncias todos nós precisaremos fazer todos os dias da vida até por fim forem erradicadas de nós as propensões da natureza humana, fato que se dará somente no dia da glorificação.
Enquanto este grande sonho não acontece, devemos lutar continuamente, e pela fé abandonar os pecados morais da vida. Embora existam no meio cristão, idéias perfeccionistas, temos que entender bem, que, vencer o pecado, seja pequeno ou grande, jamais foi perfeccionismo. É necessário tomarmos muito cuidado para não desmerecer as pessoas sinceras por sua fidelidade a Deus chamando-as de perfeccionistas, pois, obedecer a Deus naquilo em que Ele nos pede, jamais poderá ser considerado como exageros. Perfeccionismo, legalismo e liberalismo precisam ser evitados e combatidos, mas primeiro precisamos conhecer bem as pessoa e suas idéias para termos certeza que não estaremos fazendo mal juízo delas, pois se assim fizermos, pagaremos muito caro diante de Deus, principalmente se nós as perdermos por atos imprudentes de nossa parte.
Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paranrá, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como consta no livro “Nisto Cremos” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade de Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: altoclamor@altoclamor.com
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