Comentário da Lição: Liberdade em Cristo

(Gl 5:13) – A geração atual está manchada com o senso comum de liberdade irrestrita baseada no sentimentalismo e na extrapolação da insensatez. O leão que ruge dentro de cada indivíduo e os desejos ali resididos são libertados da escravidão moral sob a roupagem de uma suposta verdadeira liberdade. Liberdade esta que, na verdade, traz desgraça e ruina ao final da jornada. A liberdade em Cristo representa liberdade da escravidão do pecado e da morte. Em nenhum momento Jesus nos concedeu, pelo seu sacrifício, liberdade para extrapolação imoral, desobediência e libertinagem.
Infelizmente, este paradigma de libertinagem, criado a partir dos anos 60, com o grito de guerra pelo desejo e emancipação do que diz respeito a sexo, drogas e rock in roll tem feito de nossa geração escrava de suas próprias paixões e fascínios. Isto tem trazido implicações para o mundo convencional e para o mundo religioso. Parte da teologia evangélica tem recebido uma herança deste paradigma, substanciando na teologia, desvalores de uma cultura que está em constante declínio. A ideia de vida cristã, sem restrições, tem sido o fundamento de muitas das igrejas evangélicas atuais sob a falsa roupagem de liberdade em Cristo. Um tipo de liberdade que, na verdade, não liberta, apenas acomoda as pessoas em suas loucuras. O pior, tudo em nome de Cristo. A compreensão adequada é que “toda alma que recusa entregar-se a Deus, acha-se sob o domínio de outro poder. Não pertence a si mesma. Pode falar de liberdade, mas está na mais vil servidão. Não lhe é permitido ver a beleza da verdade, pois sua mente se encontra sob o poder de Satanás. Enquanto se lisonjeia de seguir os ditames de seu próprio discernimento, obedece à vontade do príncipe das trevas. Cristo veio quebrar as algemas da escravidão do pecado para a alma. "Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." "A lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus" nos liberta "da lei do pecado e da morte." Rom. 8:2. Não há constrangimento na obra da redenção. Não se exerce nenhuma força externa. Sob a influência do Espírito de Deus, o homem é deixado livre para escolher a quem há de servir. Na mudança que se opera quando a alma se entrega a Cristo, há o mais alto senso de liberdade. A expulsão do pecado é ato da própria alma. Na verdade, não possuímos capacidade para livrar-nos do poder de Satanás; mas quando desejamos ser libertos do pecado e, em nossa grande necessidade, clamamos por um poder fora de nós e a nós superior, as faculdades da alma são revestidas da divina energia do Espírito Santo, e obedecem aos ditames da vontade no cumprir o querer de Deus.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 466).

Cristo nos libertou

(Gl 5:1-4; 2:16 e 3:13) - Nos tempos antigos, um escravo podia comprar sua própria liberdade ao oferecer uma soma razoável de dinheiro. Outros tipos de escravos podiam comprar sua liberdade vencendo alguns tipos de batalhas nas arenas e outros podiam ser ter a sua liberdade comprada por alguém. Esta última é a que se enquadra a liberdade concedida pelo preço pago por Cristo. Os gálatas estavam, segundo Paulo, prestes a perderem a liberdade que haviam adquirido em Cristo. Não foi o ser humano quem comprou sua liberdade, pois isto seria salvação pelas obras. Também não foi conquistada por lutas como no caso dos gladiadores. Nossa liberdade foi resultado do preço pago por um mediador – Jesus Cristo. Nossa dívida não podia ser paga por homens comuns e nem mesmo por magníficos anjos. A dívida que nos tornava escravos era impagável. Estávamos condenados eternamente à escravidão do pecado e da morte. Entretanto, Deus, em Sua compaixão e eterno amor, se fez oferta e derramou o único dinheiro, que neste contexto, possuía valor – Seu sangue. Ouro e prata não podem derramar sangue, homens e animais podem, mas o sangue destes não possuía o valor exigido pela justiça divina, pois era necessário sangue de alguém inocente e imaculado. A dívida requeria o sangue puro, coisa que neste mundo não existia. Deus se humanou e se permitiu crucificar para oferecer à justiça, seu próprio sangue puro em troca do nosso. Nossa dívida agora não é com o pecado e a morte, mas com o eterno redentor. Éramos escravos da morte, mas, em Cristo, nos tornamos livres para a eternidade. Éramos escravos da pobreza, mas, em Cristo, receberemos a herança eterna. Éramos escravos das paixões da carne, mas, em Cristo, recebemos virtude e nobreza espiritual. Isto é que é liberdade...
                                   
A natureza da liberdade cristã

(Rm 6:14; 18:1; Gl 4:3, 8; 5:1; Hb 2:14-15) - Liberdade Cristã é mais do que mera liberdade. Pergunte a um homem que fora escravo das drogas antes de conhecer a Deus. Pergunte a uma mulher que fora prostituta antes de Conhecer Jesus. Pergunte aos tantos homens e mulheres que tiveram uma experiência dolorosa e marcante com o pecado o que significa para elas ser libertas em Cristo. Quem nunca teve uma experiência dolorosa, triste e traumática com o pecado dificilmente entenderá profundamente o que significa a liberdade na esfera da vida cristã. Esta liberdade não consiste em libertinagem. Alguns, mesmo dentre os cristãos, ensinam que a lei de Deus foi mudada ou abolida porque ela nos era contrária. Foi extinta porque nos escravizava. Uma pergunta: Jesus Cristo veio à Terra para batalhar contra o pecado ou contra a Sua lei? Se o pecado é a transgressão da lei (1 Jo 3:4), isto significa que Satanás foi o primeiro a transgredir a lei de Deus lá no Céu. Foi ele quem levou Adão e Eva a transgredir a lei no Éden e é ele o autor da desobediência e da teologia neoliberal de nosso tempo que faz com que o mundo, mesmo cristão, se volte contra a lei de Deus ao invés de se voltar contra o pecado. Ele não deseja que sejamos libertos de nossos pecados nos fazendo conformar com nossas fraquezas e debilidades.  Assim, seremos sempre seus escravos.
           
As perigosas consequências do legalismo

(Gl 5:2-12) – Alguns veem os legalistas com bons olhos porque não são coniventes com o liberalismo. Outros veem os liberais com bons olhos porque não apreciam a insensibilidade dos legalistas. Na verdade, tanto os liberais quanto os legalistas trazem sérios problemas à igreja. Além de estabelecer um regime ditatorial e opressor, semelhante aos fariseus, os legalistas sufocam a igreja com uma realidade de perfeição real apenas no imaginário. Quanto aos liberais, eles adulteram os princípios cristãos enfraquecendo valores e o próprio papel transformador do Espírito Santo. Todos os dois modos de pensar são destrutivos e causam muitos desgastes à comunidade de crentes. Não é fácil termos a calibragem adequada para o assunto da justificação. Na verdade, por causa da natureza ruim que temos, somos sempre tendenciosos a ser liberais ou legalistas. Mas como nos aproximar do que realmente nos ensinado na Escritura sobre a verdade que envolve justificação e santificação? O princípio é este: Justificação produz santificação, mas santificação não produz justificação. Qualquer crença, por mínima que seja, que venha legitimar alguma obra humana como princípio justificador diante de Deus deve ser rejeitada. Porém qualquer crença, por mínima que seja, que venha legitimar ou advogar uma causa a favor do pecado voluntário, também deve ser rejeitada.

Liberdade, não libertinagem

(Gl 5:13) - Desde os anos 60 o mundo passou por grandes mudanças. Conhecimento científico e o avanço da tecnologia são alguns dos exemplos. Mas, nem tudo o que ocorreu neste mundo nos últimos anos pode ser considerado como avanços. A moralidade e a intelectualidade parecem ser algumas das mudanças que não foram boas. A busca sem fronteiras pelo prazer inconsequente e o abandono da fé tornaram homens e mulheres, jovens e crianças tão irracionais quanto algumas espécies de animais. Escravos da carnalidade, da estupidez e da insanidade é o resultado de uma vida se valores ou respeito para consigo mesmos. Muitas pessoas estão tão corrompidas que quase fica difícil diferenciar alguns comportamentos humanos de comportamentos de animais selvagens. A depravação sexual, violência, brutalidade e a frieza da mórbida intelectualidade tem amadurecido o mundo com mais rapidez para a destruição iminente. Este paradigma de bestialidade tem sido tão significativo e forte na sociedade que diversas igrejas evangélicas foram fundadas sob este alicerce – da liberdade irrestrita. Homossexualismo, incesto, poligamia, adultério, pornografia e pedofilia são algumas das aberrações encaradas como normais. O pior, a moda agora é justificar o pecado em nome de Deus. Se a igreja do passado perseguia e matava em nome de Deus, em pleno século XXI fazem das normas mais vis e baixas um estilo de vida caracterizado como suposta vida cristã. A mesma suposta graça que queimava hereges nas fogueiras da inquisição no passado é a mesma suposta graça de hoje que concede hoje licença para viver da maneira mais ímpia e profana possível. Recentemente, dei estudos bíblicos para algumas pessoas membros de igrejas evangélicas. O que me intrigou é que, nas igrejas evangélicas destas pessoas não era pecado ver pornografia e ter uma vida sexual ativa fora do casamento. Observe, se as igrejas evangélicas de hoje estão nesta situação, imagine o que será daqui mais algum tempo! Satanás conseguiu com hesito criar antipatia contra aquilo que é a única forma de entendermos o que é pecado – a lei de Deus (I Jo 3:4). Ela é tratada com desdém, e lançada no lixo como se fosse uma maldição. O resultado não é outro, senão, miséria, libertinagem e escravidão às paixões da carne e do pecado. Lembre-se que Deus deseja conceder-nos liberdade do pecado e não liberdade no pecado.

Cumprindo a lei

(Gl 5:13-15; 5:3; Rm 10:5; Gl 3:10,12; 5:3; Rm 8:4; Gl 5:14) - Não há absolutamente nada de errado com a lei. O problema está nos homens que a interpretam equivocadamente. Paulo não tinha em sua teologia nenhum problema com a Lei. Ele mesmo era cumpridor desta (Rm 7:22), e ensinou que o amor leva ao cumprimenta da lei (Rm 13:10). Foi enfático em afirmar que a lei é “santa, justa e boa” (Rm 7:12). Portanto, mesmo para Paulo, não havia nada de estranho na lei de Deus. Como já estudado exaustivamente em toda a lição, sua preocupação era o legalismo desenfreado que permeou a vida de alguns membros da Galácia. Fazer da lei uma escada para a salvação era no mais pleno sentido da palavra a mais pura heresia. O apóstolo combateu arduamente este pensamento, pois traria grande prejuízo à salvação dos indivíduos. A lei não pode salvar  e isto era importante que soubessem. Para ficar mais claro, Paulo enfrentou o legalismo e não a lei. Ele enfrentou a ideia de salvação pelas obras e não a obediência. O cumprimento da lei como fruto da justificação faz parte do contexto da vida cristã e é o que Deus deseja de Seu povo. Somo salvos do pecado e não no pecado. Nossa vida deve ser permeada do poder da graça que é suficiente para salvar e também para nos conduzir a cumprir os deveres da vida cristã (Santificação, p. 81, 87).

"Tomai sobre vós o Meu jugo", diz Jesus. O jugo é um instrumento de serviço. O gado é posto ao jugo para trabalhar, e o jugo é essencial ao seu trabalho eficiente. Por essa ilustração, Cristo nos ensina que somos chamados ao serviço enquanto a vida durar. Temos de tomar sobre nós o Seu jugo, a fim de sermos coobreiros Seus. O jugo que liga ao serviço, é a lei de Deus. A grande lei de amor revelada no Éden, proclamada no Sinai, e, no novo concerto, escrita no coração, é o que liga o obreiro humano à vontade de Deus. Se fôssemos entregues a nossas próprias inclinações, para ir justo aonde nos levasse nossa vontade, iríamos cair nas fileiras de Satanás, e tornar-nos possuidores de seus atributos. Portanto, Deus nos restringe à Sua vontade, que é elevada, nobre e enobrecedora. Deseja que empreendamos paciente e sabiamente os deveres do serviço. Esse jugo do serviço, levou-o o próprio Cristo na humanidade. Disse Ele: "Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração." Sal. 40:8. "Eu desci do Céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou." João 6:38. Amor para com Deus, zelo pela Sua glória, e amor pela humanidade caída trouxeram Jesus à Terra para sofrer e morrer. Foi esse o poder que Lhe regeu a vida. Esse é o princípio que nos manda adotar. (O Desejado de Todas as Nações, p. 330, 331).

            “Longe de fazer exigências arbitrárias, a lei de Deus é dada ao homem como um amparo e proteção. Quem quer que aceite seus princípios achar-se-á preservado do mal. A fidelidade para com Deus compreende a fidelidade para com o homem. Assim a lei resguarda os direitos, a individualidade, de cada ser humano. Ela restringe da opressão os que estão em posição superior, e da desobediência os que se acham em posição subordinada. Garante o bem-estar do homem, tanto neste mundo como no vindouro. Ao que obedece é o penhor da vida eterna; pois exprime os princípios que permanecem para sempre. Cristo veio para demonstrar o valor dos princípios divinos, revelando o seu poder na regeneração da humanidade. Veio para ensinar como estes princípios devem ser desenvolvidos e aplicados.” (Educação, p. 76, 77).
            
Gilberto Theiss - Graduado em Teologia, Mestrando em Interpretação Bíblica, Pós-Graduado em Filosofia, Ciências da Religião e Pós-Graduando em História e Antropologia. Atualmente é pastor no Estado do Ceará.