Vivemos o tempo final da
história do mundo, quando a inspiração previu o advento dos enganos mais bem
elaborados. Não se trata apenas de escolher entre o que é claramente correto ou
o escandalosamente malévolo. Satanás agiria para nos entreter, viciar e desequilibrar:
“‘Tenham cuidado, para que os seus corações não fiquem carregados de
libertinagem, bebedeira e ansiedades da vida, e aquele dia venha sobre vocês
inesperadamente.” (Lc 21:34). E ele o faria por meio do transtorno do cotidiano.
Uma das coisas mais certas
sobre a realidade distorcida pelo pecado é a transitoriedade. O pecado se
interpõe no próprio curso da vida, interrompendo-a com a chegada da morte. Mas
não só isso. Ao transmutar os preceitos divinos, os quais geram estabilidade, o
mal trouxe a constante mudança, a passagem das épocas como conhecemos. Tais
mudanças ao longo da história são marcadas por guerras, catástrofes,
perseguições e revoluções tecnológicas.
É difícil imaginar como
seria o mundo criado por Deus sem ter como parâmetro o mundo como o conhecemos,
o qual é manchado pelo pecado. Certamente, o tempo é um elemento criado por
Deus. Não é admissível uma realidade dicotômica, como os gregos faziam, ao
imaginar a ausência de tempo como ideal de perfeição. Mesmo na Terra restaurada
teremos a passagem dos dias e a contagem das semanas (Is 66:23). Por outro
lado, é possível inferir que o plano divino implicava em progresso,
crescimento, aperfeiçoamento:
Enquanto permanecessem
fiéis à lei divina, sua capacidade para saber, vivenciar e amar, cresceria
continuamente. Estariam constantemente a adquirir novos tesouros de saber, a
descobrir novas fontes de felicidade, e a obter concepções cada vez mais claras
do incomensurável, infalível amor de Deus. (EGW, PP, 23).
O texto sugere que, sem a presença
do pecado, haveria um fluxo contínuo de desenvolvimento dentro das mesmas bases
– obediência à lei divina. Com o pecado, temos degradação, ruptura, mudanças e
violência. Logo, é de se esperar que a instabilidade seria a marca do mundo.
A instabilidade se
instaurou no cotidiano e logo passou a ser o novo cotidiano. O mundo
interconectado aceita a instabilidade, faz dela seu capital mais valioso. Se há
mudança, há movimento. Ainda que movimento desordenado. Real e virtual se
confundindo, se mesclando. O que os analistas sugerem ser um novo período
humano tem de ser visto em sua devida perspectiva profética.
O caos das nações – caos
de informações, insegurança política (crises migratórias, terrorismo, guerras
em potencial) e a perda das bases éticas (com a rejeição do modelo bíblico de
pensar) – é o aprontar das últimas cenas. Já estamos próximos dos eventos
descritos na profecia.
Mais do que nunca, o
conselho de Jesus é valioso: “‘Tenham cuidado, para que os seus corações não
fiquem carregados de libertinagem, bebedeira e ansiedades da vida, e aquele dia
venha sobre vocês inesperadamente.” (Lc 21:34). Justamente aqui temos de ficar
atentos. Há distrações por toda parte. O entretenimento chega a nós a cada
momento, via Whats’app, redes sociais, serviços de streams. Em meio à
instabilidade, somos convidados pela tecnologia a desconsiderar a vigilância e
dar maior valor à diversão. Somos convidados à grande festaonline, à orgia
digital, ao amar o lúdico, o prosaico, o fútil. Assim, quando chegarem as
provas, estaremos desapercebidos e sonolentos. Conectados com esse século,
estamos nos desconectando com as advertências que nos preparariam para o futuro.
Obviamente, o problema
maior não está com a internet, mas com a forma como a usamos, o tempo que
dedicamos a ela e ao tipo de participação que temos com as coisas que ela
oferece. Quer online ou na vida off-line, somos desafiados a
compartilhar a certeza de que Jesus voltará. Isso implica em uma vida sóbria,
cautelosa, sábia, regrada e piedosa. Implica em comunhão autêntica com
o “Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes.” (Tg 1:17). Por
meio de nossa esperança nEle, podemos nos conectar ao governo de Deus, algo que
será plenamente cumprido para aqueles que vencerem no grande conflito, especialmente
em sua crise final (Ap 3:21).
Deus nos dê o entendimento
correto acerca do tempo presente, uma sólida apreciação por aquilo que Ele
realizou nos tempos passados e uma viva esperança para aguardar o tempo que Ele
trará!