Uma revolução humanizada
está em curso, atingindo nossos hábitos mais comuns, hábitos intimamente
relacionados com nossa vida
Cartões de crédito, robôs,
satélites, GPS, computador pessoal, telefone celular, caixa eletrônico,
smartphones. Apesar do fascínio que tudo isso exerce sobre a humanidade, os
frutos da revolução tecnológica que teve seu início em 1940 no pós-guerra e
explodiu em meados da década de 1970 não são capazes de satisfazer nossas reais
necessidades. Estamos descobrindo que a tecnologia não pode tudo e que é melhor
comer uma banana do que engolir pílulas de concentrados. É melhor desconectar
do que viver uma estressada rotina hiperconectada.
Barreiras, inclusive de
nosso senso comum deseducado estão, uma a uma, sucumbindo diante da convincente
realidade de que não adianta viver muito se não se experimenta uma qualidade de
vida positiva. O natural e o essencial começam a ocupar um lugar importante em
nossa existência, mais do que o dinheiro e seu poder de consumo.
Tem muita gente preocupada
em dormir mais e comer alimentos sem substâncias químicas. Tem muita gente
andando, correndo e exercitando-se nas cidades do Brasil e do mundo inteiro. Isso
é o que se pode ver. Raymond Kurzweil, o homem que foi chamado de “Thomas Edson
dos dias atuais”, inventor do sintetizador eletrônico e do escaner, é
vegetariano e para não perder a forma física ele combina tênis com terno e
gravata nos ambientes mais sofisticados.
O perfil do homem de
valor, aquele sempre muito ocupado, morrendo de tanto trabalhar está sendo
desconstruído por estudos acreditados pelas melhores universidades do mundo,
mostrando que a maneira mais eficiente de trabalhar é gastar menos tempo
trabalhando. E que o tempo livre deve ser desejado e aproveitado para usufruir
alegria, felicidade e paz de alma ao lado das pessoas que nos amam e as quais
amamos.
Isso pode ser percebido em
empresas como a Google, onde os trabalhadores podem fazer uma “renovação
estratégica”, parando durante a jornada de trabalho para cochilar nos famosos
casulos para sonecas, os nap
pods, semelhantes aos que existem no aeroporto de Abu Dahbi,
capital dos Emirados Árabes Unidos. A ideia atual não é aumentar o expediente
de trabalho para atender às novas demandas, mas aumentar a energia física e
espiritual das pessoas, pois ela sim é renovável.
Arianna Huffington é
criadora do maior êxito do jornalismo online dos Estados Unidos, o Huffington
Post. A jornalista greco-americana lançou recentemente o livro Thrive: The Third Metric to
Redefining Success and Creating a Life of Well-Being, Wisdom, and Wonder.
A tradução livre desse enorme título é: “Prospere: a terceira medida para
redefinir sucesso e criar uma vida de bem-estar, sabedoria e encantamento”.
Para Arianna, a terceira medida, a da felicidade, se sustenta em quatro
pilares: bem-estar, sabedoria, encantamento e benemerência. E ela avisa: se
prepare para a mudança que está chegando, porque não é sustentável manter a
antiga noção de sucesso reduzida a poder e dinheiro.
São Francisco, Califórnia,
conhecida como o paraíso dos vegetarianos, foi invadida pela alimentação
orgânica. Na cidade, assim como no Reino Unido, proliferam aos milhares, os
restaurantes que servem comida saudável. A Whole Foods Market é uma rede de
supermercados que tem mais de 300 lojas espalhadas nos Estados Unidos, Canadá e
Reino Unido. John Mackei, um dos fundadores da rede pretende mudar a maneira
com que seus compatriotas e outros habitantes do mundo consomem comida,
destruindo hábitos alimentares que podem estimular doenças mortais como
diabetes, câncer e doenças do coração. Ele só vende comida orgânica e natural
de alta qualidade, sem aditivos químicos.
O planeta, todos nós
sabemos, está muito doente, mas o lema de John Mackei e seus sócios é comida
saudável, pessoas saudáveis, planeta saudável. Ele é um visionário. Somos
testemunhas de uma revolução de hábitos que está impactando o consumo, as
grandes marcas e grandes empresas no mundo todo. Está mais fácil, e é mais
aceitável hoje, do que nunca antes, alterar os hábitos mais comuns da vida e
sermos, mesmo assim, pessoas normais e mais felizes.
Francisco Lemos é Jornalista (Vida e saúde)