Textos que se complementam |
A divindade de Jesus é uma das colunas da teologia cristã. Essa doutrina axiomática é o alicerce, a base, o eixo que sustenta e solidifica toda a estrutura do que chamamos de cristianismo. Isso justifica sua importância e relevância para a teologia atual. Considerando que no Céu, antes da criação da Terra, houve um tremendo impasse, desenvolvido por Lúcifer contra Cristo, era de se esperar que esse impasse também se desenvolvesse aqui na Terra. Embora haja grupos distintos investindo contra a essência da pessoa de Jesus – Sua divindade –, notoriamente, com facilidade, podemos encontrar inúmeras evidências na Bíblia que confirmam Sua potestade plena. Não se trata de um ou outro texto bíblico. São vários, e devem ser analisados em seu conjunto. (Antes de ler o que segue, seria bom você ler também este texto: “Afinal, quem é Jesus Cristo?”)
Neste pequeno artigo, gostaria de apresentar, dentre muitas, uma única e pequena demonstração do que é possível, com um pouco mais de atenção e exame, encontrar na Escritura Sagrada. Um texto bíblico, por mais simples que pareça, junto com outros textos, pode revelar significativamente mais do que imaginamos. Por exemplo, no tocante ao assunto da divindade de Jesus, Eclesiastes 12:7 não nos parece dizer muita coisa. Mas apenas parece. O verso, muito utilizado para retratar a natureza humana mortal, aparentemente nada diz a respeito de Jesus e de Sua essência. Bom, mas e se nós harmonizarmos Eclesiastes 12:7 com algum outro texto da Bíblia capaz de ampliar nossa percepção do tema aqui sugerido? E se pudéssemos dar zoom no verso com o objetivo de detectar uma mensagem que está ali, mas não podemos ver com uma leitura superficial? E se fosse possível “decodificar” o texto e descobrir nele revelações propositalmente elaboradas? Seguindo de perto o conselho de Isaías 28:10, é exatamente isso o que faremos.
Eclesiastes 12:7 afirma: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus [Elohim], que o deu.” A pergunta que precisa ser feita é: Quem é esse Deus (Elohim) que recebe de volta o espírito (sopro de vida)? Os especialistas em língua hebraica hão de concordar que o Deus descrito em Eclesiastes 12:7 – Elohim – deve ser uma referência clara ao verdadeiro e único Deus. É dessa forma que é descrito pelo reconhecido e conceituado Dicionário Internacional de Teologia do AT, e também por Tryggve Mettinger, em seu livro O Significado e a Mensagem dos Nomes de Deus na Bíblia.
O nome Elohim (Deus), utilizado em Eclesiastes 12:7, aparece pela primeira vez na obra da criação (Gn 1:1), atribuindo-se a Ele a formação e o estabelecimento da Terra (Is 37:16; 45:18; Jn 1:9).
Aparece também como expressão da Sua soberania, sendo o “Senhor de toda a Terra” (Is 54:5), “Deus dos montes” (1Rs 20:28), “Deus de toda carne” (Jr 32:27), “Senhor de todos os reinos” (Is 37:16), “Yahweh Deus dos céus” (Ne 2:4, 20), “Deus nos céus” (Gn 24:7; 2Cr 36:23), “O Senhor Deus dos céus e Deus da Terra” (2 Cr 20:6), Deus dos deuses e Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível (Gn 24:3; Dt 3:39; Js 2:11), “Deus que julga” (Sl 50:6, 75:7, 8; 58:12, 12), “Deus da justiça” (Is 30:18), e, finalmente, “Deus da eternidade” (Is 40:28). Neste último, Elohim é identificado como YHWH. Para uma testemunha de Jeová, essa definição claramente O indica como sendo o Deus soberano e verdadeiro, mais conhecido como Jeová.
Há muitas outras passagens bíblicas que reforçam esse pensamento. O Deus de Eclesiastes 12:7, que recebe o espírito de volta, é, na mais pura essência, o Pai, o Todo Poderoso ou Jeová. Esse fato é incontestável até para uma testemunha de Jeová.
Bom, mas o que Eclesiastes 12:7 tem a ver com a divindade de Jesus? Que ligação textual é possível fazer com esse verso de maneira que seja possível advogar a divindade de Cristo? É agora que começa a nossa surpreendente “aventura”, pois esse verso, mais do que imaginamos, tem muito a nos dizer sobre a Deidade de Jesus Cristo.
Encerrando de vez este longo “mistério”, observe atentamente o que nos foi revelado em Atos 7:59: “E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.” Quando a vida humana chega ao fim, quem, em Eclesiastes 12:7, recebe de volta o espírito (sopro de vida)? Agora, em conexão com Eclesiastes, quem, em Atos 7:59, receberia de volta o espírito (sopro de vida presente em Estevão)?
Surpreendentemente, depois de uma pequena e resumida maratona de expressões e textos bíblicos, agora, de maneira clara e definida, podemos reconhecer satisfatoriamente que Jesus é essencialmente o Deus de Eclesiastes 12:7 e, consequentemente, de toda a Bíblia.
Ao juntar as peças desse quebra-cabeça, podemos ter uma compreensão mais clara e profunda de quem realmente foi Jesus “antes, hoje e eternamente” (Hb 13:8). Ele é Deus na mais pura essência. Ele é Jeová no mais infinito e imensurável sentido, assim como o Pai e o Espírito Santo também são.
Como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Elohim (palavra que, inclusive, é plural no hebraico), naturalmente que, quando Jesus morreu na cruz, Ele encomendou ao Pai Seu fôlego de vida (cf. Mateus 27:50).
Como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Elohim (palavra que, inclusive, é plural no hebraico), naturalmente que, quando Jesus morreu na cruz, Ele encomendou ao Pai Seu fôlego de vida (cf. Mateus 27:50).
Mas o assombro não para por aí. A surpresa continua. Para o nosso espanto, observe o que afirma a Bíblia Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová: “Então o pó volta à terra, de onde veio, e o espírito volta ao verdadeiro Deus, que o deu.” Portanto, segundo a própria Tradução do Novo Mundo, com base em Eclesiastes 12:7 e Atos 7:59, quem é o verdadeiro Deus?
(Gilberto Theiss é graduado em Teologia, com especialização em Filosofia e Ciência da Religião. Atualmente atua como pastor no Estado do Ceará e mantém o blogwww.feoufideismo.com)
via (Criacionismo)
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Pesquisa adicional:
HERRIS L. R. et tal. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Vida Nova, 1998.
Dicionário Hebraico do Antigo Testamento de James Strong. Bíblia de Estudos Palavras Chaves Hebraico e Grego. CPAD, 2011.
METTING, Tryggve N. D. O Significado e a Mensagem dos Nomes de Deus na Bíblia. Academia Cristã, 2008.
SCHÜLER, A. Dicionário Enciclopédico de Teologia. Ulbra/Concórdia, 2002.
Tradução do Novo Mundo das Escrituras, 1987, 1983, 1986. Watchtower Bible Tract Society of Pennsylvania (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados). New World Translation of the Holy Scriptures Portuguese (Brazilian Edition), 1992. Edição brasileira.
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