No final de
2015, a Casa Publicadora Brasileira-CPB, editora da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, lançou no Brasil a Bíblia com notas de comentários Andrews. A parceria entre
a CPB e a Sociedade Bíblica do Brasil-SBB, pela qualidade do material, extraiu
elogios inclusive do secretário editorial da SBB, Paulo Teixeira. Não há
dúvidas de que se trata de uma grande conquista para os milhares de estudantes
e leitores da Bíblia, especialmente adventistas. Conversando com muitos adventistas
sobre a Bíblia com comentários Andrews, pude observar a tremenda alegria e
satisfação dos que já fizeram uma análise de sua qualidade e conteúdo. O
deleite e o contentamento estão estampados nos rostos dos que já tiveram acesso
ao material. Todavia, quando me programava para também adquirir, recebi algumas
mensagens de pastores e amigos leitores do blog me perguntando sobre uma
indagação irônica de alguém que demonstrou não ter apreciado a publicação. A
pequena nota que viralizou pelo facebook questionava três pontos: o editor
escolhido, Dr. Dybdahl, a ausência de clareza sobre o papado e a nota
explicativa sobre a expressão de Apocalipse 13:3 “ferida de morte”. Como eu
ainda não possuo a Bíblia Andrews, um pastor amigo me enviou várias notas da
Bíblia, especialmente as que foram questionadas. Fazendo análise das notas em
paralelo com as críticas publicadas na internet, consegui fazer algumas
pequenas análises da questão.
1º - O editor
escolhido, Dr. Dybdahl, não atuou isoladamente no projeto. Houve também a
participação de vários teólogos de renome e credibilidade. O Dr. Jon Paulien,
uma das maiores autoridades em Apocalipse da atualidade, e o grande evangelista
pastor Mark Finley, outro que está além das queixas, foram alguns dos renomados
convidados para avaliar o projeto. No Brasil, dentre outros, o Dr. Vanderlei Dorneles
esteve à frente do projeto para a língua portuguesa, o que reforça ainda mais a
credibilidade do material. Portanto, acredito que a Bíblia Andrews, sem nenhuma
dúvida, é uma das Bíblias de estudo mais confiáveis atualmente. Portanto, A CRÍTICA
NÃO PROCEDE.
2º - Outra
crítica é sobre a ocultação do papado nas notas. O espaço para comentários em
notas de rodapé é muito reduzido, impedindo substancialmente um comentário mais
extenso e preciso. Portanto, não é de se esperar em nenhuma Bíblia de estudos
um comentário amplo e exaustivo. Mesmo a nota sendo curta, o que é comum em
Bíblias com comentários, não concordo com a crítica apresentada, pois logo no
comentário do capítulo 13:1-7, descrevendo o poder perseguidor da idade média,
claramente fez-se alusão ao golpe sofrido pelo papado como sendo o cumprimento
desta profecia. Se observarmos atentamente nos comentários seguintes, veremos na
descrição do capítulo 13:11 a identificação da besta da terra com os Estados
Unidos e, nas descrições posteriores, a besta do mar (papado) recebendo novamente
a mesma autoridade que possuía no passado concedida pela besta da terra (EUA). Este
fato indica claramente que não houve ocultação ou proteção ao papado como insinuada
na crítica espalhada na internet. Cada comentário, como referência dos versos,
precisa ser pontual com o verso específico e, como o espaço para comentários é
limitado, torna-se necessário que não se permita notas explicativas repetitivas.
O Esclarecimento do verso 3 não precisa ser repetido em outras notas. Portanto,
A CRÍTICA NOVAMENTE NÃO PROCEDE.
3º - A terceira
e última CRÍTICA refere-se ao comentário do capítulo 13:3 do livro de
Apocalipse, que faz paralelo entre a expressão “golpeada de morte” e a “cruz”. Como já esclareci acima, os espaços para comentários
são reduzidos e, por este motivo, o que resta para os editores, são apenas links
[ex.: ver verso 8; ou (v.8)] ou notas rápidas baseadas, às vezes, em apenas
algumas poucas palavras. Foi o caso do comentário do verso 3. Os editores
inseriram a nota rápida “alusão à Cruz”, e logo em seguida o link para o verso
8 como referência auxiliar, ou seja, para qualquer bom estudioso, isto indica
que o verso 8 é um complemento para a nota “alusão à Cruz”. Isto indica que os
autores pretendiam evidenciar que, assim como haveria uma contrafação da
trindade representada pelo “dragão, a besta (do mar) e o falso profeta (besta
da terra)”, muito bem delineado nas notas anteriores da Bíblia Andrews, o mesmo
paralelo vemos na morte e ascensão da besta. A expressão ferida de morte faz
alusão “à cruz” por causa da morte e ressurreição de Jesus. Ranko Stefanovic,
outra autoridade em Apocalipse, concorda com a ideia ao afirmar que a mesma
palavra no grego é utilizada para fazer referência ao Cordeiro. (ver Revelation
of Jesus Christian, p. 411). A ferida de morte não é a cruz, mas faz alusão à
cruz pela semelhança do ocorrido. Todos adventistas que estudam profecias sabem
lucidamente que a ferida de morte é uma referência direta ao papa Pio VI. Nossa
teologia apocalíptica tradicionalmente ensina que a expressão "golpeada de
morte" refere-se ao fim do poder papal perseguidor em 1798. Observe: "esta predição foi
dramaticamente cumprida, em 1798, quando Berthier, à frente do exército
francês, entrou em Roma, declarou o fim do domínio político do papado e levou o
papa para a França como prisioneiro, onde logo morreu." (ver comentário de
Ellen White sobre Daniel 7:25; GC, P. 439; e Comentário Bíblico Adventista, V.
7, p. 904 e 905. Portanto, mais uma vez, A CRÍTICA NÃO PROCEDE.
Conclusão:
Ética e prudência são palavras chaves para que nossa credibilidade pessoal não
seja jogada no lixo. Creio que o que cai por terra nesta circunstância não é a
equipe editorial e nem a própria Bíblia Andrews, mas o articulista que fez as
tais críticas. Creio que o queixante poderia primeiro apresentar suas dúvidas
aos responsáveis pelo projeto para depois tirar as devidas conclusões. Se ele houvesse
optado por este caminho ético, com certeza chegaria a conclusões bem diferentes
das atuais. Por fim, como assíduo estudante de teologia e profecias há vinte
anos, recomendo perfeitamente a Bíblia Andrews com suas notas de comentários, especialmente do
livro de Apocalipse. Pelo pouco que pude observar, percebi claramente que se
trata de uma ótima ferramenta para os que apreciam compreender melhor os
principais pontos das Escrituras.
Obs.: Não achei
necessário citar o nome do autor da crítica. Meu parecer não é contra a pessoa
em si, mas as observações feitas por ela.
Gilberto G.
Theiss – Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Filosofia, pastor e escritor por
paixão.