Relativismo e os princípios |
Vivemos na era do
intelectualismo dos prazeres e do anti-intelectualismo da razão. A arte do
pensar foi substituída pelo entretenimento. A sensualidade tem se tornado (se
já não se tornou), o motor de todas as escolhas. A escola somente é desejável
porque lá tem garotos e garotas sensuais e dispostas ao sexo; os centros
universitários se tornaram em pré encontros de diversão sexual; as bibliotecas
estão se transformando em pontos estratégicos para namoricos secretos, já que
muitos pais, com seus pensamentos retrógrados ainda reprimem a liberdade plena
de suas filhas adolescentes.
A mídia abandonou a ética e o
respeito televisivo, e, hoje, enaltece e populariza o fútil, o externamente
agradável e ridiculariza o sensato, o bom caráter e o bom senso. Sem nenhuma
censura, explora, incentiva e massifica a libertinagem sexual sem limites, a
violência e o misticismo. Resultados?
Todos, desde um simples remorso, traumas e crises psicológicas até a gravidez
indesejada, aborto, uso de drogas, atos inconsequentes, criminalidades, e, por
fim, o suicídio. Por fazer menção ao suicídio, segundo David Wells, nos últimos 10 anos, o suicídio entre jovens
aumentou "terrificantemente" 200%, se tornando hoje, em escala
ascendente, na terceira maior causa de mortes entre eles.
Isto não indica que algo
estranho esteja ocorrendo desde a entrada da era pós-moderna? Será que, com
tantos números assustadores, o mundo não esteja sendo preparado para entrada de
uma nova cosmovisão? Enquanto este novo conceito de vida não chega, seguimos
desfrutando da cultura dos desculturados; da cultura do anti-intelectualismo;
da cultura do que não é cultura; da
cultura do imediato; e por fim, da cultura dos atos inconsequentes. Como bem
ilustrou Jean-Noel Robert, que a cultura se tornou um dos meios de acesso aos
prazeres (Os prazeres de Roma, p. 203). Estamos passando pelo relativismo
cultural para entrar na era do irracionalismo cultural, ou as duas coisas ao
mesmo tempo.
A pergunta ainda permanece: O que é cultura? Ou pelo menos o que
era... Sob o âmbito espiritual, vale lembrar que, no céu, é exatamente isto
que foi disseminado por Lúcifer levando-o a rebelião contra Deus. A ideia de
viver livre das leis divinas (relativismo), a princípio parecia filosoficamente
e politicamente correta e interessante, mas, os resultados foram desastrosos.
Esta mesma filosofia é ensinada em nossos dias, ou seja, suas estratégias não
mudaram. Bom, mas o que isto tem a ver com as mudança de paradigmas religiosos?
A resposta é tudo, pois, nossos princípios, embora fruto de uma cosmovisão
judaica-cristã, também é influenciada pelo paradigma atual. A pressão dos
costumes e a da suposta cultura de nosso tempo tem diluído a importância, valor
e substância dos princípios que sustentam, ou deveriam sustentar o alicerce do
"Assim diz o Senhor".
O existencialismo dando um braço ao secularismo
e o outro ao relativismo tem transformado o cristianismo a imagem do próprio
homem, seus desejos, entretenimentos e ambições. Embora o adventismo esteja
alguns passos atrás das grandes mudanças no meio evangélico, é inevitável
perceber que temos avançado, mesmo que
lentamente, para a mesma direção. O que era repudiado por muitos adventistas na
geração anterior, no meio evangélico e no mundo, hoje, é contemplado e defendido
com apreço. Música mundanas com letras religiosas, entretenimentos a custa de princípios, shows e costumes mundanos como parte da experiência cristã são alguns dos itens deste banquete. No entanto, para aqueles que
estudam as profecias, não podem ser surpreendidos, pois, mornidão, sacudidura e
mundanismo são as principais características que pintam o quadro profético da
igreja "verdadeira" em pleno tempo do fim. Portanto, se Deus ainda não sacudiu a sua igreja, pode significar que coisas piores ainda virão.
Perceba as mudanças, defender valores e princípios
em nossos dias é, infelizmente, invalidar o amor e a satisfação das pessoas. Aliás, o lema dos
cristãos de nosso tempo é "examinai o coração", pois, "examinar
as escrituras" é teologia ultrapassada. Sob a roupagem do amor e da
felicidade, infelizmente, se pratica as piores insanidades e se invalida os
pequenos ou grandes princípios claramente escritos. Mas, lamento em decepcionar os
relativistas e existencialistas, mas, O AMOR NÃO INVALIDA A VERDADE e quem
determina o equilíbrio é Deus em Sua palavra. "Está Escrito", e
"sim sim, não não", é a nota tônica do equilíbrio cristão verdadeiro.
Portanto, se seguir este princípio em nossos dias já é considerado fanatismo ou radicalismo, então aguarde, porque coisas piores ainda virão e, ainda, serão defendidas como equilíbrio
teológico por aqueles que buscam mais a satisfação do que a consagração.
Gilberto Theiss - Bacharel em Teologia e Especialização em Filosofia