COMENTÁRIO DA
LIÇÃO 11 – VISÕES DE ESPERANÇA (Zacarias)
SÁBADO
–
INTRODUÇÃO (Zacarias 3:10)
“Naquele dia,
diz o Senhor dos Exércitos, cada um de vós convidará ao seu próximo para
debaixo da vide e para debaixo da figueira” (Zacarias 3:10).
Em
538 a.C. o rei Ciro havia conquistado o grande império da Babilônia e, por seu
decreto, possibilitou que os exilados retornassem para seu país de origem.
Nesta lista estava incluso Judá. Além do mais, os judeus tiveram a permissão
para reconstruir o templo e sob a liderança de Zorobabel, retornaram felizes.
Devido a forte oposição dos povos vizinhos, eles tiveram dificuldades para
terminar a reconstrução do templo. Além de Ageu, Deus levanta também Zacarias
para incentivar o povo a terminar o que havia sido começado. Em todas as
palavras do profeta, percebemos que sua ênfase se centraliza na esperança e no
poder de Jeová. Embora o castigo e maldição tenham punido com severidade o
povo, Deus, mais uma vez, estava disposto a andar mais uma milha em favor dos
sinceros e arrependidos. O reino eterno de Deus estava próximo, esta era a nota
tônica da mensagem do profeta, mas, o seu maior apelo era para que o povo
vivesse este reino agora e não depois. A mensagem de Zacarias aplica-se
perfeitamente aos cristãos de nosso tempo, pois, embora ainda estejamos
sofrendo as consequências de quase seis mil anos de pecado nesta terra, não
podemos nos esquecer de duas verdades importantes: 1º O Reino eterno de Deus
está próximo; 2º Precisamos viver este reino eterno agora, claro, se desejamos
estar preparado para ele.
DOMINGO – PALAVRAS DE
VIDA (Zacarias 1)
Importante
lembrar que a maldição que consumiu Israel ao norte e quase devastou Judá ao
sul não teve Deus como culpado. Foi a perversidade do povo que atraiu sobre
eles a desgraça e juízo. Os judeus que viveram no período do profeta Zacarias
eram descendentes destes homens e mulheres maus e indiferentes. Na verdade, se
eles houvessem se convertido de seus maus caminhos, Deus poderia ter mudando o
rumo de suas histórias. Esta foi a mensagem dos profetas anteriores a Zacarias.
Mas, infelizmente, as advertências não foram atendidas e por este motivo Deus
não poderia fazer outra coisa senão permitir que as nações inimigas lhes
subjugasse. A mensagem de Deus agora é de conforto e restauração. O Deus
Onipotente clama para que o povo se volte a Ele em relacionamento e comunhão.
As riquezas do reino eterno lhes são ofertadas caso haja aceitação, renúncia do
próprio eu e amor para com o Criador. Observe que, esta mensagem tem tudo haver
com a igreja de nosso século. Deus não exige menos do Seu povo de hoje do que
do passado. Relacionamento, comunhão e missão são, no mais profundo sentido, a
nota tônica da mensagem de nossos dias. Como experimentaremos as Palavras de
Vida se continuarmos a recusá-las? É por este motivo que as mensagens de
Zacarias também foram conservadas a nós, pois, sua validade extrapola o tempo
alcançando os cristãos de nossa geração.
SEGUNDA
– O
SENHOR VEM (Zacarias 2)
Os
versos 1 a 5 de Zacarias capítulo 2 descrevem a terceira visão do profeta. A
reconstrução dos muros de Jerusalém nos tempos de Neemias representou o
cumprimento da promessa do livramento de Deus. No entanto, a visão do profeta
amplia o horizonte profético mostrando, com a habitação dos diversos povos, que
os muros se estenderão além, alcançando outras nações. A cidade de espalhou
para além dos seus muros, e, através do Cordeiro de Deus, mediante a promessa
feita a Abraão, todas as nações seriam abençoadas. Como bem expressou o próprio
Jesus, “quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (João 12:32). A libertação do povo e restauração da cidade
foi e é a promessa de Deus a todos os que se achegarem perante Ele com
arrependimento e conversão. Embora tenha sido uma realidade literal no passado,
as promessas de Deus são amplas e seu pano de fundo nos remete à promessa final
de restauração e salvação do exílio deste mundo mediante a segunda vinda de
Cristo. Da mesma forma em que todas as narrativas, promessas e profecias se
ligam a Cristo, sombra das coisas que estão por vir, também, da mesma maneira,
as mesmas, nos ligam diretamente ao seu retorno em glória e remissão final. A
Nova Jerusalém, restaurada, está sendo preparada para todos que serviram e
amaram o verdadeiro e original Criador. A visão de Zacarias é ampla e liga seu
tempo ao nosso, passado ao presente, com o foco no futuro triunfante da segunda
vinda de Jesus.
TERÇA – PRONTIDÃO DIVINA PARA PERDOAR – (Zacarias 3).
O capítulo 3, que estende a quarta
visão de Zacarias, coloca o foco em Josué, o sumo sacerdote. Ele deveria,
segundo sua função, apresentar-se diante de Deus somente com as vestimentas
especificas (Êxodo 28). Elas simbolizavam a pureza de Cristo. Esta vestimenta
era necessária para se apresentar diante de Deus. Portanto, quando, no relato,
é afirmado que ele se inseriu na presença do Senhor com roupas sujas,
simbolizando nossos trapos de imundície, o acusador, prontamente se colocou à
dianteira para acusá-lo. Embora pareça estranho, neste instante, o Senhor foi
contundente ao dizer “o Senhor te repreenda” (2). As acusações de Satanás não
são aceitas por Deus, e Josué recebe atenção do Onipotente sendo vestido com as
vestes e turbantes (mitra) necessários para estar em Sua presença. Embora não
esteja claro se ele estava vestindo anteriormente um turbante, a raiz utilizada
tsanip/mitsnepeth é a mesma da descrição
de Êxodo 28. O que mais importa em toda a narrativa é que o sacerdote não podia
defender a si e ao povo das acusações do adversário. O conflito saiu do andar
de baixo (terra) alcançando o andar de cima (céu). Neste conflito espiritual,
Deus se apresentou do lado do Sumo sacerdote por causa de sua profunda sinceridade.
O Senhor o revestiu com sua justiça, porque, embora pecador, Josué era uma
representação clara de todos os que se voltam para Deus com ânsia por perdão e
misericórdia. Josué, por sua abnegada sinceridade pode estar na presença de Deus,
e, de igual forma, todo e qualquer ser humano que se achegar arrependido e contrito
diante do Criador, não será rejeitado. A condição não é uma vida de perfeição
absoluta, mas, arrependimento e coração quebrantado. É a perfeição de Cristo e
Sua justiça, que torna possível este poderoso encontro entre a criatura e seu
Deus. Sem a graça de Cristo, as acusações de Satanás são aceitas e levadas a
cabo, mas, sob o manto do sangue de Jesus, todos podem ser aceitos na presença
do Deus da glória (Ver DTN, p. 762). Isto não significa uma vida de atos
inconsequentes, pois, a mesma graça que nos justifica diante de Deus, unicamente
pelos méritos de Cristo, é também a mesma graça que nos habilita, pela
renovação diária, a cumprir os deveres da vida cristã (ver Santificação,
capítulo: 10, O caráter Cristão).
QUARTA – NÃO PELA FORÇA HUMANA (Zacarias 4)
Que
visão extraordinária a descrita neste capítulo, pois, remonta o suficiente
poder de Deus para qualquer propósito. A quinta visão do profeta apresenta a
iniciativa de Jeová na reconstrução do templo e também em sua finalização. As
duas oliveiras representam os dois ungidos, o Sacerdote e o governador da
época. Josué e Zorobabel. Embora estes sejam instrumentos nas mãos de Deus para
alcançar a reconstrução do templo, o Senhor deixa claro que a construção será
finalizada por Sua intervenção, não será por força e nem por poder, mas, pelo
Seu Espírito (6, 7). É uma promessa vívida de que Zorobabel, mesmo sob forte
oposição, seria capaz de terminar a reconstrução. Estas palavras de
encorajamento deveriam revestir a todos de coragem e fé. No entanto, a lição
mais extraordinária a ser absorvida neste contexto é que, os resultados de toda
obra realizada deve pertencer ao Espírito de Deus. É comum em nossos dias haver
tantos e tantos projetos e estratégias que não dão certo, e, por não serem bem
sucedidos, imagina-se que a falha tenha sido no projeto em si. Muitos, talvez
até bem intencionados, às vezes depositam muita confiança em estratégias que
nos comprometem com alguns costumes do mundo, quando, na verdade, deveria haver
mais confiança no que Deus pode fazer. Algumas vezes os métodos recebem mais
confiança e destaque que a ação do Espirito Santo.
Ellen White foi enfática ao afirmar que “Se nos humilhássemos perante Deus e fôssemos
bondosos e corteses, compassivos e piedosos, haveria uma centena de conversões
à verdade onde agora há apenas uma” (Testemonies, v.9, p. 189). Este conselho é
mais considerável do que tentar transformar nossa mensagem relevante e
secularizada, seja na música, no estilo de vida ou na conduta cristã.
QUINTA
E SEXTA – ALÉM DO
JEJUM (Zacarias 7 e 8)
Estes
capítulos iniciam uma nova seção do livro do profeta. A mensagem reforça o que
tem sido já propagado anteriormente que, a punição foi uma realidade da própria
rebeldia e transgressão do povo. Por conta disso, Deus não pode manter Seu
escudo protetor sobre eles e sobre o templo. O povo jejuou em ocasiões específicas devido a maldição que
lhes assaltava. Mas, agora, o povo, com uma delegação vinda de Betel, manda
perguntar aos sacerdotes se deveriam manter o jejum do quinto mês. No entanto,
o profeta os desafia a ir além do jejum, levando-os a questionar os motivos
para tal, e relembra a desobediência do passado que trouxe como consequência o
exílio. O verdadeiro jejum tem como propósito a submissão e humilhação do
espírito perante Deus. Morte do próprio eu e despojo do orgulho e soberba devem
ser as bases do verdadeiro jejum. Se não houver arrependimento e conversão de
que valerá manter o corpo desprovido de alimento? O povo de Deus no passado,
muitas das vezes valorizava mais o material do que o espiritual. As pedras da
lei eram tão valorizadas quanto o espírito dela. A arca da aliança era tão
sagrada quanto o seu significado. Da mesma maneira, o jejum em si, como ato
material, era tão apreciado como se fosse uma moeda de troca. Enfim, o que
existia dentro da alma e que mostra de fato quem são as pessoas e o que elas
precisam se tornar pelo poder de Deus, era tremendamente ignorado. Em nossos
dias, não estamos imunes a tal situação. Esquecer ou ignorar o que realmente
está dentro da alma para se apegar a situações externas é muito comum hoje
quanto foi no passado. As vezes as pessoas confundem santidade com vegetarianismo,
jejum, cartaz pregado na porta com a descrição da lei de Deus, vestimenta, cabelos
cumpridos, etc. Na verdade, a santidade começa de dentro para fora, e se não
começar por um coração transformado em amor, bondade, misericórdia e compaixão,
nada mais que possa existir externamente terá valor.
Gilberto Theiss é pastor, escritor e teólogo
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