Comentário da lição 3 – Um Deus santo e justo (Joel)


Comentário da lição 3 – Um Deus santo e justo (Joel)

SÁBADO – INTRODUÇÃO (Jl 2:11)

“o Senhor levanta a voz diante do Seu exército; porque muitíssimo grande é o Seu arraial; porque é poderoso quem executa as Suas ordens, sim, grande é o dia do Senhor e mui terrível! Quem o poderá suportar?” (Jl 2:11).

A forte declaração de Joel parece um tanto intransigente para alguns, mas, expressa uma das características do caráter divino, de repúdio ao pecado e de justiça ao povo santo de Deus. Nas lições anteriores, quando observamos a experiência de Oséias, de viver pacientemente com uma mulher adúltera, não significa que Deus manterá um laço matrimonial com adúlteros espirituais por toda a vida. Isto apenas ilustra a maneira tão misericordiosa em que Deus lida com todos nós, e, mesmo errando e se afastando de Deus, Ele continua de braços abertos para reatar novamente o casamento conosco. No entanto, esta demonstração de misericórdia é fato enquanto somos vivos, pois, em vida podemos nos arrepender e nos converter de nossos maus caminhos. Após a morte, nossa chance de graça é fechada e nosso destino eterno decidido. Na declaração de Joel 2:11 vemos uma clara advertência de que, todos, independente de quem seja, um dia terá que enfrentar o juízo divino. Por este motivo a revelação declara que “necessitam-se agora homens de compreensão clara. Deus está apelando para os que desejam deixar-se guiar pelo Espírito santo a um trabalho de completa reforma. Vejo uma crise diante de nós e o Senhor roga aos Seus obreiro que se ponham a postos. Cada cristão deve agora colocar-se numa posição de consagração a Deus, mais sincera e profunda do que nos anos passados.” (Testemunhos para Ministros, p. 514, 515).

DOMINGO – DESASTRE NACIONAL (Jl 1:1-12)

Para Israel, assim como para qualquer outra nação daquele tempo, a semeadura e colheita eram os principais recursos de manutenção e vida. O desastre nacional anunciado pelo profeta era uma clara demonstração do desastre que caíra sobre Israel. Existe muita discussão se o livro de Joel fora escrito antes do exílio ou depois do exílio, mas, independente de ter sido escrito antes ou depois o que sabemos com certeza é que Deus desejava restaurar Israel de sua apostasia. Os gafanhotos ali mencionados e o simbolismo da leoa expresso no verso 6 pode indicar a destruição causada pelos Babilônicos quando invadiram Judá e a promessa de Deus de restauração física e espiritual (2:20, 23, 25-27, 32), para todo o povo caso se arrependessem e se convertessem de seus pecados. A advertência do passado possui um forte apelo para o Israel espiritual do futuro, pois, um exílio espiritual está sendo arquitetado pelo anjo caído com o objetivo de aprisionar para sempre na perdição o Judá espiritual de nosso tempo. Devemos estar apercebidos e encorajados para que o reavivamento e reforma seja uma realidade em nossa vida. O povo de Judá, assim como Israel foram advertidos muitas vezes, mas, poucos atenderam ao urgente apelo. Em nossos dias, ao invés de se alistarem no exército do Senhor, são muitos os que estão se alistando ao egito espiritual (mundo) acreditando profundamente estarem fazendo bom uso de suas escolhas. Como no passado, todos que não atenderem aos apelos do Espírito de Deus se iludindo com suas próprias convicções dos fatos serão entregues ao exílio que Satanás está preparando para o mundo.

SEGUNDA – TOQUE A TROMBETA (Joel 1:13-20)

Diante da extrema urgência dos acontecimentos narrados, Joel não deixa de focar o tema principal do anúncio divino, os castigos presentes como prelúdio do momento em que Deus fará justiça a todos os povos. Mas, o dia não será apenas de julgamento e tristeza, mas, também de graça e de redenção, porque “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. (2:32). A todos que aceitarem este apelo, de arrependimento e conversão, são-lhes anunciadas as maravilhas do Senhor. Joel apresentou mensagens duras de repreensão, mas, no âmago de suas palavras estavam a bondade e misericórdia de Deus por Seu povo. Um dia nacional de oração e jejum foi proclamado para que houvesse profundo e sério exame de vida, com o objetivo de renunciar os pecados e caírem aos pés de Jeová. A destruição de Judá era certa, mas, mais certo ainda era o perdão e a compaixão de Deus. Da mesma maneira como no passado, Deus, teimosamente tem feito tudo o que é possível para alcançar o coração dos homens e mulheres de nosso século, inclusive dos que dizem pertencer a Cristo, mas, vivem uma vida espiritual dupla. Nossos dias são muito solenes e, como no passado, devemos nos esforçar para fazer um profundo exame de nossas vidas levando em conta a necessidade de abandonar os pecados acariciados e, de uma vez por todas, fazer valer a nossa fé. Perder o céu por causa de nossas indecisões é pior que cometer suicídio. Está na hora de acordarmos de nossa hibernação espiritual e entrar nesta guerra pra ser vencedores no sangue do cordeiro.

TERÇA – O DOM DO ESPÍRITO DE DEUS – (Joel 2:28, 29; Atos 2:1-21)

Como já analisado, o juízo de Deus é promulgado e a proteção divina deixara de ser a guia do povo por causa de suas transgressões. Mas, depois da advertência Deus faz promessa de restauração física e espiritual. Se o povo se convertesse de seus maus caminhos, Deus faria uma restauração física (2:20), e também espiritual (2:23). No entanto, parece que os apelos de Deus não foram aceitos e praticados, pois, a promessa da renovação espiritual, provisão especial do poder do Espírito Santo descrito no simbolismo da chuva temporã, não se cumpriram nos tempos da promessa, mas, somente cerca de quatro séculos mais tarde com o Israel primitivo (Atos 2:5, 14, 22). A segunda parte da promessa, da chuva serôdia, uma provisão mais ofensiva e poderosa da renovação espiritual e potencialização dos dons espirituais, ainda está por se cumprir no Israel espiritual do final dos tempos. No entanto, a promessa da chuva serôdia segue as mesmas condições impostas ao Israel do passado. Ellen White declara que “a promessa do Espírito Santo para cumprimento da missão é repetida a toda pessoa que se converte à verdade”, e ainda afirma que “aqueles que não são diariamente convertidos para uso do Mestre, desonram sua profissão de fé. Desonram o Espírito Santo, que é designado para ajudar o povo de Deus na grande tarefa de advertir as pessoas das quais deve dar conta.” (Review and Herald 22 de março de 1898). Também foi enfática ao descrever que foi-lhe “mostrado que, se o povo de Deus não fizer esforços, de sua parte, mas esperar apenas que sobre eles venha o refrigério, para deles remover os defeitos e corrigir os erros; se nisso confiarem para serem purificados da imundícia da carne e do espírito, e preparados para tomar parte no alto clamor do terceiro anjo, serão achados em falta.” (Testemunhos Seletos,  vol. 3 p.214). No entanto, ao contemplar o futuro, pode descrever com grande alegria, os resultados da operação da chuva serôdia sobre o Israel espiritual, “Ouvi os que estavam revestidos da armadura falar sobre a verdade com grande poder. Isto produzia efeito. ... Perguntei o que havia operado esta grande mudança. Um anjo respondeu: "Foi a chuva serôdia, o refrigério pela presença do Senhor, o alto clamor do terceiro anjo." (Primeiros Escritos, p. 271).

QUARTA – PROCLAMANDO O NOME DE DEUS (Joel 2:31, 32)

Impressionante e poderosa declaração do profeta, pois, independente das forças que o mal possa ter, a vitória final será de todos os que depositarem fidelidade e confiança no Onipotente. A profecia declara que, “no monte Sião, e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o Senhor prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”. Esta gloriosa declaração desnuda o futuro de todos os que manterem suas vidas aos pés da cruz do calvário. Somente estes tomarão posse desta promessa. Invocar o nome do Senhor não significa apenas fazer um pronunciamento de boca, pois, a proclamação está além das palavras evocando a vida como um todo. Jesus, quando falou a respeito do fim, destacou que o evangelho seria pregado a todos os povos em testemunho (Mt 24:14). O testemunho é essencial e reivindica o poder do evangelho verdadeiro que é capaz de regenerar o ser humano em todas as suas esferas. A realidade é que o poder de Deus nos resgata da maldição do pecado e nos liberta da escravidão das paixões humanas. Desta maneira, sendo um mensageiro da verdade, através de uma vida renovada, nossas palavras carregarão as marcas de uma experiência real e verdadeira com o evangelho libertador. Assim, as pessoas aprenderão e ouvirão com mais confiança e deleite, pois, perceberão que o evangelho apresentado verdadeiramente funciona para os que creem e se entregam. Embora não possamos ser perfeitos nesta esfera, a graça de Cristo tem o poder de nos tornar melhores do que temos sido.

QUINTA E SEXTA – REFÚGIO EM TEMPOS DE PROVAS (Joel 3).

Uma grande reforma está por acontecer entre o povo do Senhor. Deus está, gradativamente, preparando um povo para enfrentar os grandes desafios finais da história. O Espírito de Deus tem feito uma obra de reconstrução do caráter humano ensinando-nos a amar as coisas que Deus ama e a odiar as coisas que Deus odeia. Ao mesmo tempo, Satanás está preparando o mundo para uma última grande batalha. Como nos tempos antigos, na torre de babel, as nações estão se unindo para combater os mandamentos de Deus. No entanto, embora uma batalha como nunca visto esteja sendo arquitetada, Deus promete conceder o dom para demonstrar verdadeiro heroísmo e ao mesmo tempo escudar Seu povo de qualquer perigo. Grandes cenas de provas nos aguardam, mas, também, grandes cenas de proteção e cuidado da parte de Deus nos aguardam. Duas forças se movem por todos os lados, uma contra o povo de Deus, e outra, a favor. O importante é que, as forças que se movem a favor do povo de Deus são infinitamente superiores, e, por esta grande e magnífica razão, não precisamos temer quanto ao nosso futuro e destino. Tudo o que precisamos fazer hoje é, cultivar fé em Deus e nos preparar para sermos fiéis, mesmo que seja com demonstração de entrega da própria vida. Não precisamos temer aqueles que podem matar o corpo, mas, somente Àquele que pode fazer perecer tanto o corpo quanto a vida em si para sempre.

Gilberto G. Theiss é formado em teologia pelo Seminário Adventista do IAENE, coordena o centro de capacitação teológica Alto Clamor, e atualmente exerce a função de pastor distrital na cidade de Itapajé-Ce


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REFERÊNCIAS

BRUCE, F. F. (Org.) Comentário bíblico nvi. São Paulo: Vida, 2008.

CARSON, D.A. (Et al.) Comentário bíblico vida nova. São Paulo: Vida Nova, 2009.

NICHOL, Francis D. (Ed.). Comentario biblico adventista del septimo dia.

WHITE, Ellen Gould. Profetas e reis.  3. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1996.

________. Testemunhos para ministros e obreiros evangelicos. 4. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010.

________. Testemunhos seletos: conselhos para a igreja, selecionados de "Testimonies for the church". 6. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

________. Primeiros escritos. 10. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2011.