Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 03


Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 03 – 3º Trimestre 2012
(14 a 21 de julho)

Comentário: Gilberto G. Theiss[1]

SÁBADO, 14 DE JUNHO
Tessalônica nos dias de Paulo

            “Embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas” (1 Co 9:19).

Pensamento Chave: Toda oportunidade, por mínima que seja, se torna numa potencialidade para a pregação do evangelho quando a aproveitamos ao máximo.


            Nesta semana, faremos uma viagem histórica sobre o contexto em que se encontrava Paulo na cidade de Tessalônica. Observando melhor os acontecimentos culturais, políticos e sociais daquela época, nos ajudará entender melhor o significado das mensagens de Deus àquele povo.  Desta forma, poderemos ser mais pontuais em nossa compreensão dos fatos e da maneira como devemos encarar a igreja e sociedade nos tempos de hoje, além de absorver experiências e ensinos  que muito nos auxiliarão na propagação do evangelho. Tendo como base, a comunicação por parte de quem ouve, compreenderemos melhor o público e a maneira como a mensagem chegaria até eles. Também será mais fácil entender o que Paulo, de maneira incisiva, combatia naquelas cidades. A lição desta semana prepara-nos a ter uma visão mais ampla do que estudaremos nas duas cartas escritas por Paulo aos Tessalonicenses. Esta viagem histórica fará uma grande diferença na vida dos que, como este discípulo, desejam aprender como alcançar pessoas de diferentes pensamentos, culturas e religiões.

DOMINGO, 15 de JULHO
Os romanos chegam a Tessalônica
(Jo 11:48-50)

            Em Tessalônica, devido ao domínio romano, as mudanças econômicas por conta das guerras e das mudanças de governo, sua impotência econômica devido os governantes defenderem os interesses de Roma em detrimento da cidade de Tessalônica, e a exploração colonial através da exagerada exportação de impostos aos romanos, fazia da cidade um lugar muito difícil para viver especialmente para os pobres e as classes trabalhadoras. Embora a situação desta cidade ainda seja um pouco melhor que outras, as tensões e ansiedades por mudanças eram evidentes. No entanto, o desejo de paz, para com os romanos, era algo cotejado pelos judeus que ali viviam. Jesus apareceu neste tipo de cenário em Jerusalém e em outros locais dominados por Roma em um contexto em que os judeus ansiavam por um Messias que fosse capaz de libertá-los das garras da escravidão romana. Seus anseios se tornaram frustrados pelo fato de Jesus não propor este tipo de libertação. Parece que seus maiores desejos não era a libertação do poder do pecado, mas de questões políticas. Como visto, as questões políticas em Tessalônica devido ao escrupuloso domínio romano, a pregação do evangelho encontrou sérias barreiras nesta e em outras cidades. Em nossos dias, há lugares que vivem numa opressão semelhante. As circunstâncias extremamente negativas impõem determinados obstáculos à igreja e à pregação do evangelho. Certa feita, um obreiro esteve em uma residência apresentando as boas novas para uma família muito carente, e derepente, a chefe da casa lhe disse que poderia até aceitar a mensagem, mas, em que isto mudaria o fato de eles estarem passando fome? Há lugares pelo mundo onde a opressão e guerra civil são realidades que dificultam a compreensão e aceitação do evangelho. Países onde todos os dias há mortes por bombas e tiros constantes inserem grandes dificuldades psicológicas na mente das pessoas. Por conta destas agravantes situações, suas únicas preocupações, ou, a única coisa que conseguem pensar e refletir, é o presente e o material, e mais nada. Devemos, diante destas circunstâncias, com sabedoria, aprender apresentar o evangelho neste contexto. Talvez um dos meios eficazes seja ajudar as pessoas conhecerem que, todos estes sofrimentos, guerras e fomes já haviam sido previstos por Jesus. Apresentar de maneira inteligente as profecias na palavra de Deus pode ajudar os infortunados a entenderem que, se as profecias estão se cumprindo, suas promessas de restauração também devem se cumprir perfeitamente para os que creem a aceitam a Cristo.
           
SEGUNDA, 16 DE JULHO
Uma resposta pagã a Roma
 (1 Jo 2:15-17; Ec 2:1-11)

             O culto de Cabirus, um homem que supostamente havia lutado pelos direitos dos pobres e classes trabalhadoras, que havia sido assassinado e enterrado como um rei, trazia grande esperança e alívio espiritual ao povo de Tessalônica. No entanto, quando o culto ao imperador foi instituído ao povo, na época de Augusto, uma contrafação romana foi erigida para sustentar a ideia de que o imperador era uma espécie de encarnação de Cabirus. Este sofisma foi utilizado para expandir o domínio e controle dos povos que ali residiam. Ao perceberem que o imperador lhes trazia mais opressão, entenderam que a religião onde encontravam alívio e esperança nada podia fazer por eles. Um vazio espiritual era a única e derradeira realidade para as classes marginalizadas de Tessalônica. Neste ínterim, Jesus podia ser apresentado como única e verdadeira realidade para a esperança de uma vida melhor. Os bens materiais e segurança política não poderiam ser jamais conquistados aqui na Terra. Jesus oferecia exatamente àquilo que era contrário aos desejos humanos – um reino justo somente em sua vinda gloriosa. Os prazeres transitórios e as satisfações desta terra não podem trazer segurança, paz e felicidades verdadeiras. Somente Jesus pode ser a segurança vindoura para todos os grandes anseios humanos. Em nossos dias são muitos os prazeres e promessas terrenas que tentam ocupar o lugar de Cristo em nossas vidas. Há inúmeros exemplos de pessoas que aproveitaram ao máximo o pecado e o luxo da vida e ao final perceberam o enorme vazio e decepção deixados por estas aparentes satisfações que os perseguiram até a morte. As promessas de Deus são significativas, gloriosas e verdadeiramente repletas de significados. Aqueles que desfrutam da presença de Deus e de sua guia, vivem nesta esperança com a certeza de seu cumprimento quando Jesus retornar em glória nas nuvens do céu com o seu exército de anjos magníficos.

TERÇA, 17 DE JULHO
O evangelho como ponto de contato
(1 Ts 4:11, 12; 5:14; 2Ts 3:6,7,11; 1Co 9:19-27)

            Interessante notar que, quando Paulo apresentou o evangelho de Jesus aos de Tesselônica, os pagãos demonstraram maior necessidade de aprender sobre Cristo do que os judeus locais. As classes marginalizadas demonstraram maior interesse e estavam aptos a ouvir as mensagens de Paulo. É importante destacar que, a estratégia do discípulo também foi fundamental para a apresentação das verdades. O apóstolo, com sabedoria, adaptou o evangelho às grandes necessidades daquela comunidade. No entanto, a adaptação feita não feriu os valores da mensagem de Deus, pois, em essência, Paulo apenas fez uso das principais promessas bíblicas que se casavam com os anseios e sofrimentos do povo. A mensagem que eles ouviram de Paulo se encaixava perfeitamente com suas lutas e necessidades pessoais. Esta lição é crucial aprendermos, pois, a mensagem do evangelho é completa e alcança-nos em todos os pormenores de nossas vidas. Claro que, não houve adaptação às coisas mundanas para facilitar a propagação do evangelho. Não devemos rebaixar as normas da mensagem para alcançar as pessoas, mas, elevar as pessoas até as normas da mensagem. Por outro lado, devemos deixar de lado os exageros cometidos em nome da incontaminação do evangelho, para nos aproximar mais dos que estão perdidos, com uma mensagem mais relevante. O que pretendo dizer é que, existem exageros de ambos os lados. A mensagem bíblica, por essência, já é relevante. O grande problema é que, muitas das vezes alguns a torna, ou liberal, ou exageradamente radical. É necessário ter a guia do Espírito Santo para sermos flexíveis e ao mesmo tempo firmes. No entanto, apresentar a mensagem de maneira contextualizada, não significa mundanizá-la. Contextualizar sim, mundanizar jamais.

QUARTA, 18 DE JULHO
Paulo, o “pregador de rua”
(At 17:17; 19:9,10)

            Nos tempos de Paulo era comum o discurso em lugares públicos onde havia muita movimentação de pessoas. Os discursos variavam entre assuntos filosóficos a questões religiosas. Embora as mensagens de Paulo, em alguns lugares, não fossem muito bem recebidas, ele explorava a oportunidade de apresentar a mensagem pura do evangelho às pessoas que estavam presentes nestes estabelecimentos. Na verdade, a exemplo deste grande homem, todos nós deveríamos fazer não menos do que isto. Cada oportunidade deveria ser aproveitada ao máximo por todos nós em fazer com que as sementes do evangelho sejam plantadas nos corações humanos. Sejam em lugares públicos, em folhetos, jornais, panfletos, cartazes, rádio, tv, internet, enfim, cada oportunidade onde as pessoas geralmente devotam sua atenção deve ser um potencial para a compreensão das mensagens solenes para o nosso tempo. Em nossos dias há muitos lugares que podem, talvez, serem tão públicos quanto os lugares onde Paulo passou. Twitter, facebook, blogs, sites, também são avenidas repletas de pessoas procurando algo importante para passar os olhos. Os laços de amizade com os vizinhos, com o bairro onde moramos, tudo o que estiver ao nosso alcance deve ser, de forma inteligente, aproveitado ao máximo. O que Paulo fazia é exatamente o que poucos tem feito em nossos dias. Na era presente, há muitas formas de se pregar o evangelho. Isto indica que, de fato e verdade, não pode haver desculpas para não sermos úteis. Hoje temos muito mais ferramentas e condições de propagar o evangelho do que nos tempos de Paulo. Todos nós podemos fazer mais e não menos para que o mundo seja advertido.

QUINTA E SEXTA 19 e 20 DE JULHO
Igrejas nos lares
(Rm 16:5; 1Co 16:19; Cl 4:15; Fm 1,2)

            Muitas das residências daquele tempo abrigaram por muito tempo várias famílias cristãs que, de alguma forma, tornavam suas casas uma igreja. Diferente do centro comercial de hoje, muitas destas famílias moravam exatamente nos mesmos lugares onde possuíam seus trabalhos comerciais. O contato constante entre comerciantes e clientes proporcionava uma relação mais próxima propiciando a propagação do evangelho entre eles. O que é mais importante nestas experiências é que, muitas igrejas funcionavam nas próprias casas dos cristãos. Ali eles se juntavam para estudar e louvar a Deus. Priscila, Áquila, Ninfa e Filemom exemplificam a lição e ajudam expandir a ideia da importância destes pontos de pregação. Hoje entendemos que, além de fortalecer a fé dos irmãos, os pequenos grupos podem exercer esta potencialidade da pregação através dos encontros semanais de estudo e oração, atraindo a atenção dos que residem ao seu redor. Outro fato importante que é bom ser aplicado ao mesmo contexto é o culto que deve ser realizado por cada família em seus lares. Embora o culto da igreja seja importante e necessário, nenhum culto jamais substituirá o culto do lar. É neste culto que a família aprende a ser unida em Cristo, que os filhos se desenvolvem espiritualmente e que as bênçãos de Deus nos acompanham diariamente. Sem este culto, a possibilidade de fracasso espiritual de toda a família, especialmente dos filhos, se torna muito grande. A pregação do evangelho deve ser algo constante que alcance as pessoas de fora e também os de dentro de nossa própria casa. Outro fato considerável é que, nossas casas devem se transformar em um centro de pregação. As pessoas que residem próximo de nós precisam entender que, nosso teto é uma espécie de refúgio espiritual, um lugar onde elas podem ter um encontro verdadeiro com Deus e com Sua palavra.



[1] Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como constam no livro “Nisto Cremos” e “tratado teológico adventista” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico e colportor efetivo por um ano na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia e cursou extensão em arqueologia do oriente próximo pela UEPB. Gilberto G. Theiss é autor de vários livros e artigos e é inteiramente submisso e fiel tanto à mensagem bíblico-adventista quanto à seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. No entanto Gilberto Theiss faz questão de ressaltar que, toda esta biografia acima é destituída de valor, e que o único currículo valioso que possui é o de Deus, sua família, irmãos e amigos fazerem parte de sua vida. O resto tem o seu devido lugar, porém fora e bem distante do pódio. Contato: gilbertotheiss@yahoo.com.br