Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 05 – 4º Trimestre 2011 (22 a 29 de outubro)


Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 05 – 4º Trimestre 2011 (22 a 29 de outubro)

Comentário: Gilberto G. Theiss

SÁBADO, 22 DE OUTUBRO
    Fé e Antigo Testamento
(Gl 3:13)

            Facilmente nos prendemos em coisas que, por algum motivo são muito valiosas. Apegamo-nos a casas, carros, pedras preciosas ou até mesmo em posições e títulos acadêmicos. Quanto maior o valor com mais força nos agarramos a eles. Sob o mesmo ponto de vista, poderíamos dizer que Deus também se apega a algo que possui um valor extraordinário. No entanto, Ele não se apega a coisas como, rotineiramente nós fazemos. Deus se prendeu a algo de extremo valor ao ponto de não soltar mesmo em face da morte – este algo somos nós, seres humanos caídos.
            O amor de Deus pela humanidade será matéria nas escolas do Céu, e o conhecimento absorvido nesta matéria não terá fim. Este amor inigualável é um assombro mesmo para os anjos que estão a Sua volta. Os seres do universo contemplam com espanto e admiração a dimensão e amplitude do profundo amor do onipotente. Quão bom seria se fosse possível contemplar com mais clareza este nobre princípio que faz parte da essência da divindade. Talvez teríamos mais seriedade ao tratar das coisas espirituais. Talvez seríamos mais consagrados e desesperados em alcançar o Céu. Talvez teríamos mais coragem, fé e ousadia em pregar o evangelho e ofertar os recursos financeiros para o mesmo. Um dia, ao chegar no Céu, quando percebermos o quanto o sacrifício de Jesus realmente foi extraordinário, talvez tenhamos profundo lamento por não termos sido mais altruísta e menos egoísta em ofertar nossa vida e nossos recursos...

Leitura Adicional

            “Assim o Apóstolo Paulo descreve sua maneira de trabalhar. Não se aproximava dos judeus de forma a despertar preconceito. Não queria correr o risco de torna-los seus inimigos, dizendo-lhes logo no primeiro esforço que eles deveriam crer em Jesus de Nazaré, mas se demorava nas promessas das Escrituras  do Antigo Testamento, que testemunhava de Cristo, de Sua missão e de Sua obra. Assim, levava-os passo a passo, mostrando-lhe à lei cerimonial, mostrando que foi Cristo quem instituiu todo o sistema sacrificial. Depois de se demorar sobre essas coisas, tornando-se evidente que ele mesmo tinha uma clara compreensão, levava-os até o primeiro advento de Cristo e provava que, em Jesus crucificado, todas as especificações das profecias se haviam cumprido. Essa era a sabedoria que Paulo exercia.
            Ele se aproximava dos gentios não exaltando a lei, em um primeiro momento, mas exaltando Cristo e, depois, mostrando os obrigatórios reclamos da lei. Mostrava-lhes claramente como a luz da cruz do calvário dava importância e glória a todo o sistema judaico. Mesmo assim, embora haja mudado seu modo de trabalhar e, sempre adequando a mensagem às circunstâncias em que estava colocado, depois de paciente trabalho, tivesse alcançado grande sucesso, muitos não eram convencidos. Alguns não serão convencidos por nenhuma apresentação da verdade. O obreiro de Deus deve, no entanto, estudar cuidadosamente o melhor método, a fim de não criar preconceito nem despertar em seus ouvintes” (Review and Herald, 25 de novembro de 1890).

DOMINGO, 23 DE OUTUBRO
Os insensatos gálatas
(Gl 3:1-5)

            A praga da heresia havia se estendido nas igrejas da Galácia. Como nos dias de hoje, estas heresias são difundidas no meio da igreja através dos próprios membros. A  heresia é uma espécie de verdade doente que sempre encontra os seus simpatizantes, especialmente os que andam, por algum motivo, amargurados com a obra ou com o ministério. Há heresia para todos os gostos e elas são capazes de trazer grande contenda e divisões. Aliás, a única coisa que a heresia trás é exatamente a dissensão, e mais nada. Como Paulo em Gálatas, precisamos estar atentos a toda e qualquer aparente verdade, pois, mesmo sendo mentira, lembremo-nos que ela definitivamente funciona. Independente do engano propagado, é capaz de arrastar multidões de pessoas. As igrejas da Galácia estão sofrendo com estes judaizantes que ensinavam justificação pelas obras e obediência à algumas leis cerimoniais. Este tipo de mensagem estava trazendo grandes males a ponto de Paulo agir com extrema dureza contra os que insistiam com tais ideias.
            Se Paulo não enfrentasse o problema  o que teria sido destas igrejas? Em nossos dias, como Paulo, precisamos estar atentos, e encarar os problemas e heresias que batem a nossas portas com conhecimento, coragem, ousadia e com seriedade. Não podemos e não devemos ignorar, pois, lembremo-nos mais uma vez, a mentira, mesmo sendo mentira, ela funciona.
Infelizmente, os cristãos de hoje, não demonstram estar tão interessados em estudar a Bíblia. As pessoas se contentam com aqueles estudos bíblicos que receberam para se batizarem, e depois acabam se acomodando às novelas, filmes e gibis da vida. É nesta circunstância que a heresia se torna interessante, agradável e aparente verdade. Na realidade, a mentira possui essas virtudes na mente de muitas pessoas por elas não terem conhecimento suficiente para discernir – isto se torna fatal. Há  sempre mentira misturada com verdade, pois esta foi a tática infalível de Satanás no Céu e têm sido sua estratégia para o nosso século. A mentira é como uma trepadeira, que precisa da verdade para se apoiar. Por este motivo faz-se necessário ser intenso estudioso das verdades para não sermos abalados pelas pseudo-doutrinas ensinadas por aqueles que se renderam ao erro, ao fanatismo e ódio ao ministério.

Leitura Adicional

            “Enquanto permanecia em Corinto, Paulo teve motivos para sérias apreensões com respeito a algumas das igrejas já estabelecidas. Através da influência de falsos ensinadores que se tinham levantado entre os crentes em Jerusalém, a divisão, heresia e sensualismo estavam rapidamente ganhando terreno entre os crentes na Galácia. Esses falsos ensinadores estavam misturando tradições judaicas com as verdades do evangelho. Desconsiderando a decisão do concílio geral de Jerusalém, impuseram aos crentes gentios a observância da lei cerimonial.
A situação era crítica. Os males que haviam sido introduzidos ameaçavam destruir rapidamente as igrejas da Galácia.
Paulo tinha o coração cortado e sua alma estava contristada por essa franca apostasia da parte daqueles a quem ensinara fielmente os princípios do evangelho. Imediatamente ele escreveu aos enganados crentes, expondo as falsas teorias que tinham aceitado, e com grande severidade repreendia a todos os que se estavam apartando da fé. Após saudar os gálatas com as palavras "graça e paz da parte de Deus Pai e da de nosso Senhor Jesus Cristo", dirige-lhes estas palavras de penetrante reprovação:
"Maravilho-me de que tão depressa passásseis dAquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do Céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema." Gál. 1:3, 6-8. Os ensinos de Paulo estavam em harmonia com as Escrituras, e o Espírito Santo tinha dado testemunho de seu trabalho; por isso ele advertia a seus irmãos a não atentarem para coisa alguma que contradissesse as verdades que lhes havia ensinado.
O apóstolo aconselha os crentes gálatas a considerarem cuidadosamente sua primeira experiência na vida cristã. "Ó insensatos gálatas!" exclama, "quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado? Só quisera saber isto de vós: Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito e que obra maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?" Gál. 3:1-5.
Assim Paulo colocava os crentes da Galácia perante o tribunal de sua própria consciência, e procurava detê-los em seu caminho. Confiando no poder de Deus para salvar, e recusando-se a reconhecer as doutrinas dos ensinadores apóstatas, o apóstolo buscava levar os conversos a ver que haviam sido grosseiramente enganados, mas que pelo retorno a sua primeira fé no evangelho eles podiam ainda anular os propósitos de Satanás. Ele tomou posição firmemente ao lado da verdade e da justiça; e sua suprema fé e confiança na mensagem que apresentara, ajudou a muitos cuja fé havia fracassado, a retornarem à obediência ao Salvador.

 SEGUNDA, 24 DE OUTUBRO
Fundamentado nas Escrituras
 (Gl 3:6-8; Rm 1:2; 4:3; 9:17)

            Paulo faz menção, em romanos, da citação de Moisés inserida em Gênesis 15:6 referente à promessa do filho (v. 15). Esta mesma abordagem é citada em Romanos 3:22 e em Gálatas 3:6. “Abraão creu em Deus, e isto foi-lhe imputado para justiça”. Segundo alguns comentaristas, tanto aqui quanto em Romanos 3:4-11, 22-24, o texto grego usa um verbo que, em contabilidade, significa creditar ou lançar na conta. A narrativa extraída do Antigo Testamento, segundo Paulo, não é estranha do ponto de vista teológico do Apóstolo. Ele, ao dar esclarecimento da redenção unicamente pela graça mediante a fé, se reportava ao pentateuco como base substancial. Para Paulo, não existia outro evangelho a não ser aquele que eles já possuíam em mãos – o Antigo Testamento. Sobre esta perspectiva, ao fazer menção do “evangelho” que é o “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16), era uma referência cristalina do verdadeiro fundamento da salvação contida nos escritos antigos. A conclusão não pode ser diferente pelo fato de o Novo Testamento ainda não ter vindo à existência. Isto indica que, mesmo no pentateuco e nos profetas, a salvação sempre foi pela graça mediante a fé. O problema nunca esteve com a Escritura, mas com os que a interpretavam equivocadamente atribuindo à lei créditos salvíficos. Este jamais foi o propósito da lei e muito menos do legislador. O sacrifício diário implantado por Deus no AT, por quase quatro mil anos, era uma clara evidência deste princípio de salvação fora das obras. No entanto, assim como no passado, em nossos dias, corremos o mesmo risco, de interpretar equivocadamente o plano da redenção creditando nela nossas obras e obediência. Nunca a salvação foi pela lei e nunca será. A obediência à lei é uma fortíssima demonstração de submissão e amor de nossa parte para com Deus, mas ela não pode servir de passaporte para o Céu. O passaporte é a cruz com o sangue derramado por nós.

Leitura Adicional

            “O espírito de escravidão é gerado pela tentativa de viver de acordo com a religião legalista, pelo esforço de cumprir as exigências da lei mediante as próprias forças. Não há esperança para nós, a não ser sob a aliança abraãmica, que é a aliança da graça pela fé em Cristo Jesus. O evangelho pregado a Abraão, pelo quel ele teve esperança, foi o mesmo evangelho pregado a nós hoje, pelo qual temos esperança. Abraão olhou a Jesus, que também é o autor e consumador de nossa fé” (The Youth’s instructor, 22 de setembro de 1892).
           
            “Paulo podia ser tão zeloso quanto os mais zelosos na fidelidade à lei de Deus, e mostrar que estava perfeitamente familiarizado com as Escrituras do AT. Ele poderia se demorar sobre os tipos e sombras, que representavam Cristo; podia exaltar Cristo e dizer tudo sobre Cristo e Sua obra especial em favor da humanidade, e que campo havia para explorar! Ele podia lançar a mais preciosa luz sobre as profecias, que eles não haviam visto e, ainda assim, não ofendê-los. Dessa forma, foram bem lançadas as bases para que, quando chegasse o momento em que sua mente estivesse abrandada, ele pudesse dizer, na linguagem de João: Eis aqui Jesus Cristo, que Se fez carne e habitou entre nós, o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo.
            Para os gentios, ele pregava Cristo como sua única esperança de salvação, mas, a princípio, não tinha nada a dizer sobre a lei. Depois que os corações estivessem aquecidos com a apresentação de Cristo como dom de Deus ao mundo, e o que estava envolvido na obra do Redentor no custoso sacrifício para manifestar o amor de Deus pelo homem, mostrava, na simplicidade mais eloquente, aquele amor por toda humanidade, judeus e gentios, para que fossem salvos, entregando-Lhe o coração. Assim, quando, eles se davam ao Senhor, enternecidos e subjugados, ele lhes apresentava a lei de Deus com prova de sua obediência. Era assim que ele adaptava seus métodos de trabalhos para levar as pessoas a Cristo. Se Paulo tivesse agido de forma inesperada e sem habilidade no manejo da palavra, ele não teria alcançado nem os judeus nem os gentios.
            Ele levava os gentios a compreender as estupendas verdades do amor de Deus, que não poupou Seu próprio filho, mas O entregou por todos nós; Como não nos dará com Ele graciosamente todas as coisas? A pergunta foi feita porque esse imenso sacrifício foi necessário, e então, ele voltou aos tipos, e ao longo das Escrituras do AT, revelando Cristo na lei, e eles foram convertidos a Cristo e a Lei” (Special Testimonies for Ministers and Workers, Série A, No. 6, p. 54-55).


TERÇA, 25 DE OUTUBRO
Considerado justo
(Gl 3:6; Gn 15:6; Rm 4:3-6, 8-11, 22-24)

            Como considerar alguém justo quando o próprio Espírito Santo nos orienta em sua revelação que “não há homem justo sobre a terra”? (Ec 7:20). Se você crê plenamente nas Escrituras como um todo não poderá ignorar tal revelação. Salomão, em sua incrível sabedoria e experiência não atribui, neste caso em específico, a virtude de justo à seres humanos. O mesmo texto ainda afirma que “não há quem não peque”, e comparado a 1º João 1:8-10, “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos estamos enganando”, estas palavras são contundente em apresentar nossa real condição e responderia a afirmação de Salomão. Ellen White também afirma que, “a alegação de estarem sem pecado é em si mesma evidencia que aquele que a alimenta longe está de ser santo. É porque não tem nenhuma concepção verdadeira da infinita pureza e santidade de Deus, ou do que devem ser os que se hão de harmonizar com Seu caráter; é porque não aprendeu o verdadeiro conceito da pureza e perfeição supremas de Jesus, bem como da malignidade e horror do pecado, que o homem pode considerar-se santo. Quanto maior a distância entre ele e Cristo, e quanto mais impróprias forem suas concepções do caráter e requisitos divinos, tanto mais justo parecerá a seus próprios olhos” (O Grande Conflito, p. 473).
É importante lembrar que, estas declarações não devem ser utilizadas para estabelecer uma apologia a favor do pecado, pois não há apoio para tal em toda a Bíblia, mas, para nos alertar que, por mais perfeitos que sejamos e por mais obedientes e exemplares que formos ainda seremos imperfeitos e devedores diante da justiça divina. A sujeira do pecado nos encardiu a natureza a tal ponto, que, mesmo com a vida limpa, suas manchas ainda permanecem. Por este motivo, Paulo inseriu no discurso a experiência de Abraão e o motivo que o levou a ser considerado justo. Não foi pelas obras que o patriarca recebeu o título de justo, mas pela fé unicamente. Deus nos considera, em Cristo, justo ou justificado. Ele credita na conta de nossa vida os méritos da justiça de Jesus. Alguns possuem dificuldades sérias para aceitar este fato, mas se assim não fosse, todos nós estaríamos completamente perdidos, pois nossa dívida diante de nossa condição é impagável sob a perspectiva humana. Ellen White afirma que, “A lei requer justiça – vida justa, caráter perfeito; e isso não tem o homem para dar. Não pode satisfazer as reivindicações da santa lei divina. Mas Cristo, vindo à terra como homem, viveu vida santa, e desenvolveu caráter perfeito. Estes oferece Ele como dom gratuito a todos quantos o queiram receber. Sua vida substitui a dos homens. Assim obtêm remissão de pecados passados, mediante a paciência de Deus. Mais que isso, Cristo lhes comunica os atributos divinos. Forma o caráter humano segunda a semelhança do caráter de Deus, uma esplêndida estrutura de força e beleza espirituais. Assim, a própria justiça da lei se cumpre no crente em Cristo. Deus pode ser “justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 762).
            Sobra-nos então as declarações de Tiago 2:21-24, que parecem contrariar o pensamento de Paulo, de Salomão e de Ellen White. Até Lutero teve dificuldades com as declarações de Tiago e, por algum tempo, imaginou que não fosse um livro inspirado ou considerado como evangelho, por aparentemente creditar justiça pelas obras da lei. No entanto, precisamos entender que, não há contradição em ambas as declarações, pois Paulo está falando sobre salvação, e Tiago sobre obediência. Paulo está combatendo o legalismo e Tiago o liberalismo. Paulo está falando sobre justificação diante de Deus, e Tiago sobre justificação diante dos homens. Paulo está mostrando que para Deus, nossa justificação depende da fé, e Tiago o testemunho diante dos homens exige cumprimento dos deveres cristãos. Paulo usa Abraão para mostrar que, perante Deus, somos justificados somente pela fé. Tiago usa Abraão para mostrar que somos justificados diante dos homens. Como poderíamos evidenciar que nossa fé é genuína quando não obedecemos a Deus? Era a nota tônica de Tiago. Portanto, as duas declarações se harmonizam perfeitamente. Embora sejamos considerados justos unicamente pela fé, a obediência deve ser um fruto de sermos considerados justos. Isto não significa que a obediência deva ser anulada, aliás, os que interpretam desta maneira, estão seguindo suas próprias inclinações e não um “assim diz o Senhor”. Embora não sejamos salvos pelas obras, sem elas jamais ultrapassaremos os portais do Céu, por serem uma evidência que não fomos justificados, já que elas são o fruto, resultado e consequência.

Leitura Adicional

            “"E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus." Tia. 2:23. E Paulo diz: "Os que são da fé são filhos de Abraão". Gálatas 3:7. Mas a fé de Abraão foi manifesta pelas suas obras. "O nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada." Tia. 2:21 e 22. Há muitos que não podem compreender a relação da fé com as obras. Dizem eles: "Crê apenas em Cristo, e estás salvo. Nada tens que ver com a guarda da lei." Mas a fé genuína se manifestará pela obediência. Disse Cristo aos judeus incrédulos: "Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão." João 8:39. E, com relação ao pai dos fiéis, declara o Senhor: "Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis". Gên. 26:5. Diz o apóstolo Tiago: "A fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma." Tia. 2:17. E João, que tão amplamente se ocupa com o amor, diz-nos: "Este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos." I João 5:3.” (Patriarcas e Profetas, p. 153, 154).

            “Muitos estão a perder o caminho certo, por pensarem que têm de alçar-se ao Céu; que têm de fazer algo para merecer o favor de Deus. Procuram tornar-se melhores por seus próprios esforços, desajudados. Isso jamais conseguirão realizar. Cristo abriu caminho morrendo como nosso sacrifício, vivendo como nosso exemplo, tornando-Se nosso grande Sumo Sacerdote. Diz Ele: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida." João 14:6. Se por qualquer esforço nosso pudéssemos subir um único degrau na escada, as palavras de Cristo não seriam verdadeiras. Mas quando aceitamos a Cristo, as boas obras aparecerão como frutífera prova de que nos achamos no caminho da vida, que Cristo é nosso caminho, e que estamos palmilhando a vereda certa, que conduz ao Céu.” (Review and Herald, 4 de Novembro de 1890).

            “Há necessidade não só de fé, mas também de confiança em Deus. Esta é a verdadeira fé de Abraão, uma fé que produziu frutos. "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça." Tia. 2:23. Quando Deus mandou que ele oferecesse seu filho em sacrifício, era a mesma voz que falara ordenando que ele deixasse seu país e fosse para uma terra que Deus lhe mostraria. Abraão foi tão verdadeiramente salvo pela fé em Cristo como o pecador é salvo pela fé em Cristo hoje em dia.
A fé que justifica sempre produz primeiro verdadeiro arrependimento, e então boas obras, as quais constituem o fruto dessa fé. Não há fé para a salvação que não produza bom fruto. Deus deu Cristo ao nosso mundo para que Se tornasse o substituto do pecador. No momento em que é exercida verdadeira fé nos méritos do custoso sacrifício expiatório, reivindicando a Cristo como Salvador pessoal, nesse próprio momento o pecador é justificado diante de Deus, porque está perdoado.” (Mensagens Escolhidas, v.3, p. 195).
                       
QUARTA, 26 DE OUTUBRO
O evangelho no Antigo Testamento
(Gn 12:1-3; Lv 17:11; Sl 32:1-5; 2Sm 12:1-13; Zc 3:1-4)

            Por alguns anos me defrontei com pastores evangélicos que insistiam com a ideia fixa que a salvação no Antigo Testamento havia sido pela guarda da lei e que Deus foi obrigado a realizar um novo concerto baseado na fé eliminando radicalmente a lei na cruz. Isto está muito distante de ser verdade e revela uma única coisa – carência de conhecimento bíblico como um todo. Jesus mesmo enunciou que para encontrarmos a “vida eterna” deveríamos examinar as escrituras (Jo 5:39). No entanto, é importante entender que Jesus estava se referindo ao Antigo Testamento, pois, o Novo ainda não existia. Paulo, inúmeras vezes se reportou ao Antigo Testamento para referir-se à salvação pela fé, especialmente quando fez uso das experiências de Abraão dizendo que fora “justificado pela fé” e não por obras (Rm 4:3-6, 8-11, 22-24). Em Gálatas, ele retoma o assunto teológico da salvação e novamente faz a afirmação que “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gl 3:6). A própria natureza da aliança que fizera com Abraão evidencia claramente que fora feita pela fé somente e não na base da troca – por obras humanas (Gn 12:1-3). Neste concerto feito por Deus à Abraão percebemos que somente Jeová fez promessas, foram quatro no total, e Abraão respondeu realizando sacrifícios de animais. Este sacrifícios representaram em todo o Antigo Testamento remissão unicamente pela fé, pois o sangue aspergido apontava para o sangue que seria derramada mais tarde na cruz do calvário. Moisés também ensinou este evangelho salvífico para o povo de Israel lhes dizendo que “é o sangue que faz expiação” (Lv 17:11), e não a lei. Salmo 32:2 diz que “Bem aventura é o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade”. Neste verso é o Senhor quem não atribui o pecado e não o homem. Em Zacarias 3 apresenta Josué recebendo do Senhor uma veste de fino traje, representando claramente as veste da justiça de Cristo. Enfim, a salvação sempre foi pela graça. Nunca existiu dois evangelhos, esta ideia não é conivente com a verdade expressa em toda a Bíblia. A salvação sempre foi mediante um único evangelho (Gl 1:7).

Leitura Adicional

            “Este mesmo concerto foi renovado a Abraão, na promessa: "Em tua semente serão benditas todas as nações da Terra." Gên. 22:18. Esta promessa apontava para Cristo. Assim Abraão a compreendeu (Gál. 3:8 e 16), e confiou em Cristo para o perdão dos pecados. Foi esta fé que lhe foi atribuída como justiça. O concerto com Abraão mantinha também a autoridade da lei de Deus. O Senhor apareceu a Abraão e disse: "Eu sou o Deus todo-poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito." Gên. 17:1. O testemunho de Deus concernente a Seu fiel servo foi: "Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis." Gên. 26:5. E o Senhor lhe declarou: "Estabelecerei o Meu concerto entre Mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus, e à tua semente depois de ti." Gên. 17:7.
Se bem que este concerto houvesse sido feito com Adão e renovado a Abraão, não poderia ser ratificado antes da morte de Cristo. Existira pela promessa de Deus desde que se fez a primeira indicação de redenção; fora aceito pela fé; contudo, ao ser ratificado por Cristo, é chamado um novo concerto. A lei de Deus foi a base deste concerto, que era simplesmente uma disposição destinada a levar os homens de novo à harmonia com a vontade divina, colocando-os onde poderiam obedecer à lei de Deus.
Outro pacto, chamado nas Escrituras o "velho" concerto, foi formado entre Deus e Israel no Sinai, e foi então ratificado pelo sangue de um sacrifício. O concerto abraâmico foi ratificado pelo sangue de Cristo, e é chamado o "segundo", ou o "novo" concerto, porque o sangue pelo qual foi selado foi vertido depois do sangue do primeiro concerto. Que o novo concerto era válido nos dias de Abraão, evidencia-se do fato de que foi então confirmado tanto pela promessa como pelo juramento de Deus, "duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta". Heb. 6:18.” (Patriarcas e Profetas, p. 370, 371).
           
QUINTA E SEXTA, 27 e 28  DE OUTUBRO
Resgatados da maldição
(Gn 3:9-14)

            Em algum país, especialmente nos Estados Unidos, muitos criminosos, devido algum tipo de crime hediondo, em seus julgamentos recebe a sentença de prisão perpetua. Estes presos condenados a morrerem encarcerados vivem desolados apenas esperando a morte dentro do presídio. Mesmo que se tornem bons homens, mesmo que se arrependam de seus atos, mesmo que passem a ter um comportamento exemplar e se tornem amigos dos responsáveis pelo presídio, ainda assim, terão que cumprir a pena perpétua. As mudanças nos hábitos, o cumprimento das regras outrora transgredidas e o arrependimento não são capazes de exonera-los da pena – terão que cumprir ao pé da letra a sentença. Da mesma forma, a sentença que todos nós recebemos como consequência da transgressão é impagável. Por mais que tenhamos um comportamento exemplar, uma vida correta e justa, por mais que estejamos arrependidos, ainda sim deveríamos cumprir a pena da morte eterna. Por este motivo é que o plano da redenção fora estabelecido. Deus sabia que a única consequência certa que recairia sobre a raça humana era a morte eterna. No entanto, existia uma forma da pena ser paga de maneira que todos nós pudéssemos estar livres da condenação. Um sangue inocente e completamente imaculado poderia substituir-nos na horrenda morte eterna. A maldição da lei, ou seja, a morte eterna deveria se cumprir em nós. Por isto, Jesus, o filho de Deus, se ofereceu a morrer em nosso lugar para ser condenado por tal pena. Assim se cumpriria o propósito de Deus em fazer sua misericórdia se abraçar à justiça da lei. Deus faria justiça e ao mesmo tempo teria liberdade para perdoar. O perdão seria concedido sem anular a justiça da lei. Deus mesmo se encarnaria para nos dar espiritualidade. Ele se machucaria para sarar as nossas feridas. Ele pisaria no pó da Terra para nos garantir o solo da eternidade. Ele se faria pecado por nós para que a lei pudesse ser satisfeita. A justiça e a misericórdia se abraçariam na cruz tornando possível a exoneração de nossa condenação. Em Cristo, definitivamente todos nós teríamos a chance de não ir de encontro à morte eterna. Como os criminosos sentenciados a ficarem presos perpetuamente, por mais que sejamos cumpridores da lei e fiéis a todos os preceitos da vida, sem Cristo estaríamos completamente perdidos. Nada poderia anular a sentença da morte na prisão do pecado. Para sempre estaríamos perdidos. Isto é o que significa ser salvo pela fé somente. A lei é importante e a obediência a ela também, no entanto, não será por nossa boa conduta e obediência que todos nós herdaremos o que não nos é merecido. Somente por intermédio de Jesus. Lembre-se disto quando chegar ao Céu e não se esqueça de lançar sua coroa aos pés Dele, pois é graça a Ele que você estará lá definitivamente. Deus seja louvado.

Leitura Adicional

            “Para satisfazer os reclamos da lei, nossa fé tem de apoderar-se da justiça de Cristo, aceitando-a como nossa justiça. Mediante a união com Cristo, mediante a aceitação de Sua justiça pela fé, podemos ser habilitados para fazer as obras de Deus e ser cooperadores de Cristo. Se estais dispostos a flutuar ao sabor da corrente do mal, e não cooperardes com os seres celestes em restringir a transgressão em vossa família, e na igreja, a fim de que seja introduzida a justiça eterna, não tendes fé. A fé opera por amor e purifica a alma. Pela fé o Espírito Santo opera no coração para ali criar a santidade; isto, porém, não pode ser feito a menos que o agente humano coopere com Cristo. Só podemos ser habilitados para o Céu mediante a operação do Espírito Santo no coração; pois temos de ter a justiça de Cristo como credenciais nossas, se quisermos ter acesso ao Pai. Para que tenhamos a justiça de Cristo, precisamos diariamente ser transformados pela influência do Espírito, a fim de sermos participantes da natureza divina. É obra do Espírito Santo enobrecer os gostos, santificar o coração, enobrecer o homem todo.” (Mensagens Escolhidas, v.1, p. 374).

            “Deus condena justamente todos os que não fazem de Cristo seu Salvador pessoal, mas Ele perdoa a todo que vem a Ele em fé, e lhe permite realizar as obras de Deus e, pela fé, se um com Cristo.” (Review and Herald, 1 de novembro de 1892).

           
Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como constam no livro “Nisto Cremos” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: gilbertotheiss@yahoo.com.br