O papa e os fundamentalistas

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O papa Francisco afirmou que a “Europa precisa de líderes” para continuar a defender o lema “nunca mais a guerra” dos fundadores da União Europeia, em entrevista publicada no semanário católico belga Tertio. “Esse ‘nunca mais a guerra’ penso que é algo que a Europa disse sinceramente. [Robert] Schumann, [Alcide] De Gasperi, [Konrad] Adenauer [fundadores da UE] disseram-no sinceramente. Mas depois... Hoje em dia, faltam líderes. A Europa precisa de líderes, líderes que avancem”, afirmou, de acordo com a transcrição literal da entrevista divulgada hoje pelo Vaticano. Francisco garantiu que “esse ‘nunca mais a guerra’ não foi levado a sério”. “Depois da Segunda Guerra Mundial, temos esta terceira que vivemos agora aos bocados. Estamos em guerra. O mundo está fazendo a terceira guerra mundial: Ucrânia, Oriente Médio, África, Iémen...” O papa denunciou que, enquanto se grita contra a guerra, os mesmos países fabricam armas que vendem aos mesmos beligerantes.
“Há uma teoria económica que nunca procurei confirmar, mas que li em vários livros: na história da humanidade, quando um Estado percebia que os seus balanços não avançavam, fazia uma guerra e equilibrava as contas. Ou seja, é uma das formas mais fáceis de enriquecer. Claro que o preço é muito elevado: sangue”, sublinhou.

Francisco retomou nessa entrevista o tema da guerra pela fé e reiterou que “nenhuma religião pode fomentar a guerra”, mas as “deformações religiosas” podem. “Por exemplo, todas as religiões têm grupos fundamentalistas. Todas. Nós também. E destroem com seu fundamentalismo. [...] Sempre há um grupinho”, acrescentou.

O papa defendeu também a “saudável laicidade do Estado”, ao afirmar que, “em geral, o Estado laico é bom. É melhor que um Estado confessional porque os Estados confessionais terminam mal”.

Sobre os meios de comunicação social, o papa advertiu como “podem ser tentados pela calúnia, especialmente na esfera da política; e podem ser usados como difamação”. “Uma coisa que pode ser muito prejudicial nos meios de comunicação é a desinformação. Quer dizer, perante qualquer situação, dizer uma parte da verdade e não a outra”, afirmou. Jorge Bergoglio pediu aos meios de comunicação que não procurem “sempre comunicar o escândalo, as coisas feias, apesar de serem verdade”.