Amo o meu esposo, mas me sinto melhor ao lado de uma outra pessoa. O que faço?

Isso pode ocorrer por 4 motivos principais:

1º - Tudo o que é novidade “parece” ser mais atrativo. Eu disse “parece”. O tempo em que vivemos, com mudanças muito rápidas impulsionadas pelo mercado de consumo e inovações constantes, às vezes nos compele a desejar trocar muito rapidamente de roupas, sapatos, carros, eletrônicos etc. Esse senso de novidade, às vezes, influencia outras áreas da vida como a moral. Um exemplo clássico é a moda de troca rápida - do “ficar”, com relacionamentos fragmentados, descomprometidos de curta duração. Essa moda é trágica, pois educa as pessoas a se acostumarem com beijos, cheiros, abraços, experiências sexuais diferentes a todo o momento. Depois, no casamento, beijando sempre a mesma pessoa, sentindo sempre o mesmo cheiro, o mesmo abraço e com experiências sexuais únicas e exclusivas, podem se tornar terrivelmente enfadonhas com o tempo. Mesmo que não se tornem enfadonhas, a pessoa pode se tornar refém de uma propensão desenvolvida – do desejo e tentação por tudo que aparenta ser novidade e diferente. 

2º- Isso também pode ocorrer porque você convive pouco com aquela pessoa que não é o seu cônjuge e, consequentemente, vê apenas o lado agradável dela. É o que chamamos de “a grama do vizinho parece estar mais verde”. Portanto, neste caso, os percalços e dificuldades de um relacionamento de longa duração não são sentidos em uma convivência rápida com outros. Por isso a suposta e falsa sensação de prazer em estar na companhia de outra pessoa. Todavia, se destruir o seu casamento por causa de sensações assim, precisará fazer isso muitas vezes, pois o convívio diário, comprometido, constante e íntimo, inevitavelmente revelará dificuldades semelhantes ou piores. É por esse motivo que muitas pessoas, com o tempo, se arrependem tentando recuperar o que haviam perdido, porém, na maioria das vezes, sem nenhum sucesso. Agora, o que sobra é o matagal que parecia ser uma grama verde ou seja, a devastadora solidão por falta de alguém que, por causa da cegueira, a sua importância, valor e virtudes não eram vistas. É aqui que surge a frase “eu era feliz e não sabia.” Cuidado com o coração, pois segundo a revelação, ele é “enganoso” mais que todas as coisas (Jr 17:9).

3º- Isso também ocorre por causa das diferenças que se ocultam na fase da mera aproximação ou conquista temporária. É por esse motivo que a melhor fase do casamento, muitas vezes, ocorre no período da conquista e do namoro. Mas, com o tempo, com o relacionamento mais duradouro e próximo, essas diferenças se revelarão gerando os desafios. Ou seja, não importa com quem você se case, cedo ou tarde, as coisas que lhe incomodavam no casamento presente, lhe incomodarão em qualquer outro relacionamento e casamento futuros. Basta conviver muito tempo para perceber. Então, não vale a pena acabar com o seu casamento por causa de um suposto encanto externo que dura tão pouco. O canto da sereia, segundo a mitologia, é o canto que enfeitiça prazerosamente, até o momento da desgraça. Eu sei que sereia é apenas um conto mitológico, mas a ruína em que você está prestes a abraçar é bem real. Ao longo dos anos, como pastor, já vi muita gente profundamente arrependida e depressiva por ter cedido a encantos falsos que só eram verdadeiros na ilusão da carência do momento, seja ele sexual ou emocional.

4º- Solução: O casamento não é ruim por causa dos desafios que surgem. Na verdade, o casamento constrói  uma das melhores oportunidades de crescimento pessoal. Ao meu ver, Deus elaborou a melhor escola capaz de preparar uma pessoa para a vida e para o Céu. Por quê? Porque é no casamento duradouro que descobrimos o quanto somos orgulhosos, egoístas, imaturos, indiferentes, tolos, duros de coração etc. Ou seja, convívio duradouro, próximo e íntimo traz à tona as diferenças, que em outro tempo eram ocultas, aliciando os conflitos e dificuldades. Isso pode ocorrer em questões que envolvem o temperamento, aptidão sexual, comportamento, ideias, gostos e culturas. Esses problemas que podem surgir com o tempo, ao invés de gerar desistência, arrependimento por ter se casado, insatisfação, na verdade precisam gerar em nós o desejo de aperfeiçoamento e maturidade morais e espirituais. A hostilidade e a dificuldade de um relacionamento, quando surgem, me compelirá a uma reação. A maneira como eu reajo diante dessas dificuldades tem muito mais a dizer sobre mim do que sobre a outra pessoa. É aí que está a arte da relação. Olhando por este ângulo, o casamento pode ser um facilitador para nos fazer descobrir o que em nós precisa ser trabalhado e regenerado. Em suma, se amor, misericórdia, compaixão, altruísmo e perdão forem lapidados, farão você olhar para o seu cônjuge com muito mais apreço e interesse, consequentemente farão você rejeitar qualquer investida externa. Por fim, é necessário ter muita paciência e perseverança para, com o tempo, descobrir a beleza de um casamento que força a mudança mais em mim do que na outra pessoa, pois, com o tempo, você poderá fazer a trágica descoberta que, na verdade, o problema era mais com você do que com o outro.

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Att: Gilberto Theiss