A
partir da análise de fósseis de animais e plantas, pesquisadores têm encontrado
evidências que se harmonizam com a Bíblia. Há décadas, o avanço dos
instrumentos de análise e datação tem colaborado para que pesquisadores
compreendam detalhes sobre a própria história da Terra. E parte desse conteúdo
é encontrados em fósseis, que preservam informações e ajudam a ampliar o
entendimento sobre as formas de vida que habitaram o planeta nos últimos
milênios. Uma das áreas que tem contribuído com respostas sobre o tema é a
paleontologia, que analisa animais e plantas preservados nas rochas.
Além
disso, ela tem ajudado a confirmar questões defendidas pelo criacionismo, como
explica o paleontólogo espanhol Raúl Esperante, que há 18 anos integra a equipe
do Instituto
de Pesquisa de Geociência (GRI) e é um dos professores de
paleontologia para os cursos de mestrado e doutorado na Universidade
de Loma Linda, nos Estados Unidos. Atualmente, ele se dedica ao
estudo de baleias fósseis, pegadas de dinossauros e restos fósseis de raízes de
plantas.
O que exatamente é a Paleontologia?
É o
estudo dos fósseis, os quais são evidência da vida no passado que ficou registrada
nas rochas. É uma ciência fascinante porque tentamos decifrar coisas do
passado. O trabalho dos paleontólogos é parecido ao dos detetives. O que
encontramos é o corpo morto de um animal ou planta, mas fossilizado e
conservado na rocha. Então fazemos as seguintes perguntas: O que é? Por que
morreu? Quando morreu e foi soterrado pelo sedimento? Em que período do passado
isso ocorreu? Quanto tempo faz?
O que é o Instituto de Pesquisa de Geociência? Que
tipos de profissionais atuam nele e que trabalho desenvolvem?
O
Instituto de Pesquisa de Geociência (Geoscience Research Institute
– GRI) é uma instituição da Igreja Adventista que realiza pesquisas nas
ciências da Terra e na Biologia. O interesse principal é o estudo da origem da
Terra e da vida e o que ocorreu no passado na crosta terrestre. Os
pesquisadores são geólogos, paleontólogos e biólogos. Eles têm várias linhas de
pesquisa que incluem o estudo dos fósseis, a formação de camadas de sedimentos,
os processos de formação das rochas de origem magmática, a distribuição da vida
no mundo moderno, etc. Todos eles são professores ativos na Universidade de
Loma Linda, onde ministram diversas aulas de pós-graduação.
A comunidade científica, em geral, interpreta os
estudos da Paleontologia sob uma pressuposição evolucionista, não é mesmo? O
que o senhor pensa a esse respeito e sobre como o GRI dialoga, se é que o faz,
com a comunidade científica tendo o seu pressuposto criacionista?
Por si
mesmos, os fósseis não indicam evolução. Eles são um registro da vida do
passado; a evolução é uma interpretação desse registro, mas há outras
interpretações que também são válidas. Há muitos aspectos da interpretação
evolucionista que não se encaixam na evidência paleontológica como, por
exemplo, a ausência de fósseis com características intermediárias entre os
grandes grupos de organismos ou entre os grupos menores. O aparecimento brusco
no registro dos diversos grupos de animais e plantas é um traço que contradiz o
principal postulado evolucionista: que a vida na Terra surgiu e evoluiu de
forma gradual.
Nós
dialogamos com a comunidade científica por meio de nossas pesquisas
científicas, pela participação em congressos científicos, pela visita
profissional a museus e pelo diálogo com especialistas nas mesmas áreas de
estudo. Essas atividades, especialmente as pesquisas científicas, nos têm
aberto possibilidades de diálogo e de colaboração com cientistas que não
compartilham de nossa cosmovisão das origens, mas que, sim, têm interesse pelo
conhecimento.
Qual é a contribuição da Paleontologia para a
compreensão do criacionismo? Cite algumas descobertas nessa área que mais
chamam a atenção quando associadas ao criacionismo.
As
ciências da Paleontologia, Geologia e Biologia, entre outras, estão mostrando
que uma perspectiva bíblica da natureza e origem da vida tem sólido fundamento
científico. As descobertas recentes de matéria orgânica e de tecidos celulares
em fósseis de supostamente milhões de anos questiona a alta antiguidade das
rochas e dos fósseis e apoia a ideia de que os fósseis têm uma origem muito
mais recente.
Os
fósseis do Cambriano Inferior, que registram a aparição abrupta nas rochas de
uma grande parte da diversidade animal na Terra, não se encaixam no modelo
evolucionista de aparição gradual das diversas formas de vida; porém, se
encaixa bem com o que pode ter sido o soterramento abrupto da diversidade
biológica do fundo marinho durante o começo do Dilúvio. Esses são dois exemplos
de como a Paleontologia apoia uma visão bíblica dos fósseis.
Como paleontólogo, o que mais o fascina nessa área?
Isso é
difícil de responder. Sempre fico fascinado quando vejo um fóssil. Visitei
cerca de 60 museus de história natural em vários continentes e alguns deles
várias vezes, e sigo fascinado pelos fósseis que vejo ali. Quando vou a campo,
tenho fascínio por encontrar fósseis. Na Europa, muitos edifícios e ruas foram
construídos com rochas com fósseis (embora as pessoas não saibam) e fico
fascinado por vê-los.
Você me
verá lá fotografando os fósseis de uma fachada; ajoelhado em uma rua ou
catedral fotografando ou usando uma lupa para ver os detalhes microscópicos dos
fósseis. Recentemente, comprei uma vasilha feita de rocha calcária natural
cheia de fósseis. O que mais me fascina é trabalhar no deserto ou campo onde
posso escavar ou pesquisar os fósseis. Quando estivermos no Céu, Jesus e eu
iremos acampar e escavar fósseis e eu lhe pedirei que não me explique tudo, mas
que me deixe ir descobrindo com sua ajuda, enquanto escavamos.
O tema dos dinossauros é amplo e curioso para uma
única pergunta. Mas se você encontrasse uma criança em um museu, fascinada ao
contemplar o esqueleto de um dinossauro, o que lhe diria?
Isso me
acontece às vezes, em minhas visitas aos museus. E não apenas crianças.
Chegamos a um ponto de fascínio pelos dinossauros que, quando digo às pessoas
que sou paleontólogo, elas me dizem: “Ah, você estuda os dinossauros”. Há uma
enorme diversidade de fósseis que não são de dinossauros. Eu, por exemplo,
estudo baleias fósseis e outros fósseis. Também, certamente, estudo pegadas de
dinossauros. Temos que ensinar às crianças e aos adultos para que saibam que há
muitos fósseis que são igualmente fascinantes, embora não apareçam nos filmes
de Hollywood.
Você
certamente considera importante o investimento da Igreja Adventista nos estudos
em geociência. Por que isso deve continuar?
Absolutamente!
Isso tem sido expressivo em algumas das universidades adventistas, como por
exemplo na América do Norte, Peru, Argentina, Bolívia e México, onde foi
investido dinheiro, tempo e pessoal nos estudos dos fósseis e de sua relevância
às origens. Nesse sentido, dois recentes avanços significativos são a abertura
de um museu de paleontologia na Southwestern Adventist University, no
Texas, com um amplo mostruário de fósseis de dinossauros, extraídos de suas
pesquisas em Wyoming, e o Centro para el Estudio de la
Naturaleza – Cooksonia, na Universidade Adventista da Bolívia,
onde há um local de exposições de fósseis e onde são realizadas pesquisas
científicas. Estamos animados e assessorando outras instituições para
desenvolverem linhas de pesquisa semelhantes.
Qual sua indicação de materiais para aqueles que têm
interesse em conhecer o trabalho do GRI?
A
principal indicação está na página do GRI na internet (www.grisda.org).
Ali é possível encontrar material para leitura, vídeos, etc., os quais podem
ser úteis, especialmente, para estudantes ou professores.