Algumas pessoas têm questionado ou demonstrado
curiosidade sobre as diferenças existentes entre a Bíblia e outros livros que
também são considerados sagrados por diversos povos. Primeiramente, independentemente
de nós cristãos acreditarmos ou não na inspiração de outras obras, é muito
importante que sejamos respeitosos quanto ao valor e importância que possuem
para seus seguidores. Em suma, embora a Escritura, para os cristãos, possua um valor
especial, a fé cristã nos ensina que devemos demonstrar pleno respeito aos
demais livros religiosos. Portanto, este artigo não tem por objetivo desmerecer
um em detrimento de outro, mas mostrar algumas das razões que justificam a
inspiração da Bíblia para os que professam especificamente a fé cristã.
1- QUANTIDADE
DE PROFETAS E SUA UNIDADE
A Bíblia (do grego βιβλία, plural de βιβλίον, transliteração bíblion, “rolo” ou “livro”,
diminutivo de byblos, “papiro
egípcio”, provavelmente do nome da cidade de onde esse material era exportado
para a Grécia, Biblos, atual Jbeil, no Líbano)[1] foi escrita
por dezenas de profetas (total de 40) que, além de terem vivido em épocas e
culturas diferentes, na grande maioria nunca se viram e não se conheceram.
Apesar dos obstáculos culturais, advindos de lugares, cidades ou províncias
distantes e diferentes, é impressionante perceber a unidade existente entre
eles e os valores, crenças e princípios apresentados e confirmados sem nenhuma
contrariedade que traga implicação moral ou doutrinária.[2] Esse aspecto
é imprescindível para a confiabilidade da Bíblia como livro verdadeiramente
sobrenatural. Esses fatos tornam a Bíblia mais significativa do ponto de vista
divino e reforçam sua autoridade celestial.
2- TEMPO
DE SURGIMENTO
A Bíblia – especificamente o Pentateuco e os demais
livros que compõem o Antigo Testamento – foi escrita inicialmente por volta do
14º século a.C. Foram cerca de 1.400 anos para ser escrito pelos profetas
maiores e menores até completá-los no que chamamos hoje, por analogia, de
Antigo Testamento. Portanto, a mensagem de Deus, segundo a crença cristã, já
estava sendo apresentada por esses homens e mulheres ao longo de 1.400 anos até
a vinda dos novos escritos que foram intitulados, por analogia, de Novo
Testamento.[3] Na verdade,
o Novo Testamento não trouxe nenhuma nova luz, acréscimo ou alteração da
revelação. Todas as cartas e os livros escritos pelos apóstolos ou discípulos
tiveram por objetivo esclarecer, sublinhar, enaltecer e reforçar a autoridade
dos livros do Antigo Testamento, em especial trazer luz sobre a promessa da
vinda do Messias.[4] Este
Messias, Jesus, apresentado pelos profetas antigos, agora recebe o foco total e
absoluto dos profetas do Novo Testamento. Portanto, o Antigo e o Novo
Testamentos se complementam e se ajustam como um perfeito quebra-cabeça, e os
autores do Novo Testamento validam de maneira direta e absoluta a inspiração do
Antigo Testamento.[5]
3- A
COERÊNCIA PROFÉTICA E CIENTÍFICA
A Bíblia, além de possuir uma impressionante coerência de
pensamentos entre seus escritores, passa no crivo da ciência,[6] da história,
da arqueologia[7] e da
filosofia contemporânea.[8] Seu código
ético moral, suas descrições geográficas e históricas, suas inferentes
declarações que coadunam com as descobertas científicas são suficientes para
impressionar qualquer ateu, agnóstico ou inimigo desse livro. Ao longo de
séculos e milênios, foram muitos os que se levantaram com a tentativa de
desacreditar a originalidade revelacional da Bíblia. Muitas foram as
tentativas, mas sem sucesso. A existência de vários impérios, desacreditados
por muito tempo pelos historiadores, como, por exemplo, a Babilônia, a
existência do rei Davi, do rei Ezequias,[9] a história
do dilúvio,[10] a ideia da
Terra esférica, sustentada pelo nada,[11] as projeções
proféticas descritas especialmente nos livros de Daniel e Apocalipse, são
algumas das evidências da confiabilidade bíblica que mais comovem, convencem e
duelam com a inteligência do mais cético.[12]
4- A
BÍBLIA DIAOLOGA COM A GERAÇÃO ATUAL
Outro fato que nos ajuda a perceber a inspiração
sobrenatural da Bíblia é que, embora ela seja um livro muito antigo, seus
valores interagem ou dialogam perfeitamente com as gerações posteriores.
Segundo Dockery, “é um livro arraigado nas culturas, nas línguas e nas
tradições da Antiguidade”, e, “mesmo assim, é também um livro poderoso para
tocar a vida dos leitores de hoje”.[13] Seus
princípios, valores e resoluções alcançam a geração atual como se ela tivesse
sido escrita exatamente para este tempo. Suas promessas, em especial o poder
transformador de vidas, também contribuem para reforçar sua veracidade. É
inevitável ser tocado ou abalado pelas suas mensagens. Muitos testemunhos
verbais e relatos escritos têm demonstrado que, independentemente da cultura e
das crenças, o contato com a Bíblia pode fornecer uma nova interpretação da
vida, impulsionando mudanças de comportamentos, ideologias e até de crenças.
São muitos os leitores que, embora de religiões diferentes, adotaram a religião
cristã após interação com esse Livro. Sem dúvida, a Bíblia está longe de ser um
mero conjunto de livros comum como qualquer outro. Suas páginas fornecem os
mais bem preservados valores, especialmente amor, misericórdia e perdão. Vidas,
famílias e comunidades inteiras podem ser renovadas com um simples contato
sincero com as verdades bíblicas que conduzirão o leitor ao seu único e
autêntico autor: Deus.
Gilberto
Theiss – Graduado e Mestrando em Teologia, Pós-Graduado em Filosofia e Ciência
da Religião, e Pós-Graduando em História e Antropologia.
Referências
[1] UNGER, Merrill Frederick. Manual
Bíblia Unger, p.10
[2]
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI, p. 5
[3]
PFANDL, Gerhard. Interpretando as Escrituras, p. 26.
[4]
CARSON, D.A. Comentário Bíblico Vida Nova, p. 16.
[5]
________. Comentário Bíblico Vida Nova, p. 72, 73.
[6]
Ver: Vieira, Ruy Carlos de Camargo. A semana da Criação: Examinando o relato
bíblico de um ponto de vista moderno. Sociedade Criacionista Brasileira.
[7]
Ver: PRICE, Randall. Arqueologia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2011; e UNGER,
Merril F. Arqueologia do Velho Testamento. São Paulo: 2004.
[8]
Ver: CRAIG, William lane. Apologética Contemporânea. São Paulo: Vida Nova.
2012; e RASI, Humberto M.; VYHMEISTER, Nancy J. A lógica da fé. Tatuí: 2014.
[9]
SILVA, Rodrigo P. Fragmentos da história: Novas descobertas da arqueologia
confirmam o texto sagrado. Revista Adventista. Tatuí, nº 1321, p. 12-16. Maio
de 2017.
[10]
Ver: Folha Criacionista. Temática sobre o dilúvio. A arca de Noé. Ano 9, nº 23,
2º semestre de 1980.
[11]
VIEIRA, Ruy Carlos de Camargo. Tempo astronômico, histórico e profético, p. 14,
15
[12]
Ver: VIEIRA, Ruy Carlos de Camargo. Sinais: Prenúncios do advento do Messias à
luz da ciência moderna. Sociedade Criacionista Brasileira. Brasília, 2015.
[13]
DOCKERY, David, S. Manual Bíblico Vida Nova, p. 24.