Inscrições ajudam no estudo da Bíblia |
Mesmo quem não tem religião conhece a influência gritante que a Bíblia exerce na sociedade ocidental há pelo menos três mil anos. Agora, uma pesquisa publicada no periódicoPNAS promete mudar o que sabíamos sobre o texto sagrado do Cristianismo. Um time de pesquisadores, formado por matemáticos e arqueólogos, está usando inteligência artificial para criar uma estimativa de quantas pessoas poderiam ler e escrever durante certos períodos da Antiguidade. Conduzido pela matemática Shira Faigenbaum-Golovin, da Universidade de Tel Aviv, o grupo desenvolveu novas técnicas de processamento de imagens e reconhecimento de caligrafia. A tecnologia foi utilizada para investigar 16 inscrições que foram encontradas em um forte em Arad, próximo ao Mar Morto.
Datadas de 600 antes de Cristo, as inscrições detalham alguns comandos militares comuns e pedidos de suprimentos. Foram escritos em um tipo de cerâmica chamada ostraca durante o período do Primeiro Templo, 24 anos antes que o Reino de Jerusalém fosse conquistado pelo reinado babilônico. Até aí, tudo bem: a maioria dos pesquisadores concorda que os textos mais antigos são dessa época, representando que uma pequena elite estaria lendo e escrevendo nesse período. Mas será mesmo?
Para tirar a dúvida, os pesquisadores recuperaram as inscrições usando os processadores de imagem e, então, utilizando a ferramenta de reconhecimento de caligrafia para determinar quantas pessoas realmente escreveram na cerâmica. Segundo o Gizmodo, “a análise revela pelo menos 16 autores diferentes na ostraca. Ao examinar o conteúdo do texto, os pesquisadores identificaram todas as posições militares de comando”. Arie Shaus, uma das matemáticas da pesquisa, explica: “Até os comandantes de nível mais baixo podiam se comunicar por meio da escrita. Foi bastante surpreendente.”
Logo, se até os militares de patente mais baixa conseguiam ler e escrever por volta dos anos 600 a.C., é possível entender que a “proliferação da literatura” já havia ocorrido muito antes, e que isso traz implicações para quando os primeiros livros da Bíblia foram escritos. Já que os escritos mais antigos representavam as ideologias políticas e teológicas dos autores, pondera Israel Finkelstein, “faz sentido pensar que pelo menos os literatos poderiam lê-los. Se um grande número de pessoas pudesse ler o texto, seria mais fácil distribuir essas ideias para a população”.
Isso pode empurrar a origem dos primeiros textos bíblicos pelo menos duzentos anos para o passado. Mas para chegar mais perto de respostas mais concretas, os pesquisadores estão trabalhando no desenvolvimento de mais ferramentas que possam esmiuçar o quanto puderem de textos antigos. Com sorte (e mais evidências), talvez seja possível descobrir realmente quando os textos foram originados. Resta esperar para ver.
(Galileu)
Nota Cracionismo: Podem ainda não ser as cronologias mais precisas, mas já servem para silenciar alguns críticos defensores da ideia de que a Bíblia teria sido resultado de uma composição bem mais recente do que se crê. Ela é, sim, um documento histórico bastante antigo, o que chama ainda mais atenção para suas profecias detalhadas e precisamente cumpridas, embora tenham sido escritas séculos e até milênios antes de seu cumprimento. [MB]
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