Recentemente, o Barna Group,
organização americana especializada em pesquisas, constatou que apenas 20% dos
estudantes que foram discipulados durante a adolescência permaneceram
espiritualmente ativos quando chegaram aos 29 anos. Certo missionário, ao
relatar sua experiência com a igreja na Inglaterra, descreveu a congregação
como um “campo de algodão”, referindo-se à quantidade de cabeças brancas
presentes – lá, a igreja já é majoritariamente frequentada pela terceira idade.
[...]
Em um artigo para a
revista Mission Frontiers, Chuck Edwards e John Stonestreet, do Summit
Ministeries, organização que lida especialmente com jovens universitários e
suas crises, apontam algumas razões para o afastamento dos jovens:
o aumento de professores
liberais (que passam sua aversão ao cristianismo para os alunos, que se
tornam “presas da retórica anticristã”),
a ausência de fundamentação
adequada (muitos estudantes se dizem cristãos, mas são incapazes de
explicar por que acreditam no que acreditam) e
uma visão errada do
cristianismo (enquanto uns se opõem a ele, outros simplesmente não o
entendem).
Mas como ajudá-los? Stonestreet
faz um alerta: em vez de tentar fazer com que o cristianismo pareça atraente e
divertido para os jovens, devemos nos preocupar em garantir que isso que
estamos transmitindo seja de fato cristianismo.
Devemos desafiá-los em vez de
mimá-los – os estudantes não precisam de mais entretenimento. O ipod,
a internet e os amigos já são suficientes. “Nunca os prepararemos efetivamente
para encarar essa cultura movida a entretenimento se simplesmente a
substituirmos por entretenimento cristão.” Os estudantes precisam ser
desafiados com perguntas difíceis e dilemas culturais.
Devemos oferecer a eles uma
educação completa sobre apologética e visão de mundo. “Os estudantes cristãos
frequentemente têm a impressão de que somos salvos ‘de’, e não ‘para’.” Muitos
conhecem a Bíblia, mas não pensam biblicamente. Eles precisam saber no que
creem e também no que os outros creem.
Devemos mostrar não somente a
que nos opomos, mas também o que defendemos. Muitos estudantes são vítimas de
escolhas imorais porque lhes falta uma visão maior de suas vidas. Muitos sabem
mais sobre o que é proibido do que sobre o propósito para o qual Deus os chama.
Finalmente, devemos
confrontá-los com as grandes batalhas culturais dos nossos dias, e não
isolá-los. O cristianismo não é uma religião ascética ou uma filosofia
dualística. Seus seguidores são chamados a mergulhar no significado histórico e
cultural da humanidade. A oração de Jesus é reveladora: “Não tire-os do mundo,
mas proteja-os do mal” (João 17:15).
Apesar das estatísticas, John
Stonestreet tem boas expectativas: “Eles [os jovens de hoje] serão melhores do
que a minha geração. Eles vão amar mais a Deus, servir melhor, se preocupar de
forma mais profunda e pensar de forma mais clara. Eles querem ler bons livros e
querem viver por algo maior do que eles mesmos”. Esperamos que ele esteja certo
e as tendências, erradas.
Fonte: Ultimato, via missão pós moderna
Nota Gilberto Theiss: Como bem
afirmou Nancy Pearcey em seu Livro “Verdade absoluta”, que os jovens saem da
igreja ao entrar para a faculdade porque não foram ensinados a desenvolver uma cosmovisão bíblica (p. 21). Albert Mohler, em sua contribuição “Lutar pela
verdade numa era antiverdade”, na obra intitulada “Reforma Hoje”, declara que a
cultura do entretenimento suplantou a cultura bíblica fazendo com que muitos, a
fim de ganhar distância do fundamentalismo, abandonassem o próprio fundamento
(p. 61), ou seja, para não perder o número, ao invés de elaborarem uma cultura
bíblica consistente, distanciaram a herança da doutrina e pregação dos
púlpitos, inserindo no lugar o relativismo moral e o entretenimento.
Gene
Edward em sua obra “Tempos pós modernos”, foi mais incisivo ao afirmar que até
os conceitos de pecados foram relativizados, e por esta razão, muitos perderam a
própria noção do que significa estar perdido, o que gera consequências
quanto a forma como encaramos a igreja e o juízo de Deus (p. 12), ou seja, de
forma não menos importante que um mero encontro social. A igreja passa a ser
encarada como um entretenimento espiritual, Deus como um prestador de serviços
e os dízimos como uma mensalidade para ter determinados direitos. O renomado
Charles Colson, em sua obra intitulada “O cristão na cultura de hoje”, declara
que é a rejeição ou a relativização aos valores absolutos ensinados pela Bíblia
que levam as pessoas a acreditarem que a moralidade não passa de uma inferência
humana, e, consequentemente traçam uma linha divisória entre a culpa e a
liberdade (p. 55).
E no mais, Colson, esboça a
ideia de que, o anti-intelectualismo e o subjetivismo cristão dilui a
possibilidade de elaboração de uma cultura fortemente cristianizada. Pearcey também
destaca a importância da desmistificação entre santo e profano, que é muito
forte nas esferas culturais que envolvem entretenimento, profissão, lazer, educação,
socialização, arte, e outras, com a proposta de ajudar os cristãos, inclusive os
jovens, a saírem dos armários para criar uma cultura específica nestas esferas
com o objetivo de fortalecer uma identidade que seja capaz de fazer frente às
demais culturas do mundo. O grande problema é que, de fato, as igrejas, ao invés
de fortalecerem suas próprias culturas, ou estagnaram no tempo considerando
tudo como mundano ou se renderam ao que de fato é mundano.
Como Pearcey, creio que é
possível criar uma cultura cristã nas esferas do entretenimento, profissão,
lazer, educação, socialização e na arte, sem comprometer valores espirituais.
Além de consagração, comunhão, missão e conhecimento científico e bíblico,
podemos viver uma essência de cultura com marcas distintivas em todas as dinâmicas
da vida. Talvez se criássemos um pouco desta perspectiva na vida dos nossos
jovens, teríamos menos adeptos ao relativismo e secularismo.
Entre tantos, Se nossos jovens
também tiverem uma identidade cristã bem enrijecida, com perspectivas morais, filosóficas, sociológicas que promovam o sucesso e satisfação em detrimento de suas nuanças inconsequentes, que,
comumente a sociedade cultural maculada esconde, teríamos mais sonhadores e
apaixonados pela retidão e pureza cultural. Isso mesmo, pureza e retidão podem se tornar, além de valores bíblicos ou de normas, uma cultura muito bem firmada
e cobiçada. É fato que o pós moderno possui dificuldades para aceitar absolutos,
mas, eles se renderão à verdade, se esta verdade funcionar com eles. Para isto,
primeiro é necessário viver a verdade, e depois, através da prática mostrar o
poder desta verdade. O resto, o Espírito de Deus fará.
Devemos ensinar os cristãos a
fazerem uso de suas profissões em um verdadeiro ministério cristão. Devemos fortalecer
os parâmetros de uma educação com filosofias cristãs. Precisamos urgentemente
deixar de ser ilhados para viver em comunidade fortalecendo assim nossa
socialização cristã. A boa arte permeada de valores cristãos deveria ser um
estímulo constante em todos os lares. É um crime os pais permitirem que seus
filhos sejam criados na rua quando poderiam estar em uma escola de música, de
pintura, ou de outras artes saudáveis aprendendo a se realizar culturalmente e
cristianamente. Mesmo nos quesitos de lazer e entretenimento, podemos elaborar
uma cultura cristã com estes ingredientes de maneira tão saudável que, muitos
de nossos jovens ficariam satisfeitos.
Enfim, sem perder o foco da
missão, relacionamento e comunhão, podemos transformar, moldar ou influenciar
as culturas deste mundo tornando mais abrangente a capacidade de apresentar o
evangelho aos povos, nações e línguas, e, ao mesmo tempo, conservando os que fazem parte da fé. Fazer
da vida cristã uma poderosa cultura não é utopia, pode ser uma tremenda
realidade se soubermos como fazê-la. Nossa fé pode ser atrativa sem mundanizar
absolutamente nada, basta que ela seja plenamente funcional atingindo todas as
áreas da existência. A grande dificuldade talvez seja misturar-se sem mundanizar-se.