Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 08 – 4º Trimestre 2010 (13 a 20 de Novembro)



Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 08 – 4º Trimestre 2010 (13 a 20 de Novembro)

Comentário: Gilberto G. Theiss

SÁBADO, 13 DE NOVEMBRO
Joabe: O fraco valente de Davi
(Provérbios 21:2)

            “Todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos, mas o Senhor sonda os corações” (Pv 21:2).

            Davi arrastara consigo uma turba de fiéis conspiradores e traidores. Não é de se admirar que o rei não era muito melhor do que seus soldados ou capitães, uma vez que parte da crueldade desses homens viera pelas ordens do próprio rei.
            Se Joabe tivesse que aprender algo com o monarca, com certeza não seriam boas coisas. Se ele tinha um bom caráter, é difícil dizer, mas, como mantê-lo quando o rei lhe dava ordens que impulsionavam a transgressão aos princípios celestiais? O fato de Joabe obedecer é uma evidência clara que ele preferia obedecer aos homens do que a Deus.

            Mais uma vez, durante esta semana, estaremos abordando o assunto da política, do poder, intriga, deslealdade e muito ciúme. Naquele tempo, a sobrevivência não era para todos, pois somente os fortes tinham preeminência e condições de se manterem em pé. As injustiças e maldades, assim como hoje, eram bem evidentes naquele tempo, especialmente para as classes mais desfavorecidas.
            Mais uma vez, assim como a história de Davi, podemos olhar para a narrativa de Joabe e perceber que sua realidade pode muito bem ser a de muitos professos cristãos de hoje. Não estou sendo negativista quanto ao caráter de muitos cristãos da atualidade, pois, segundo uma pesquisa realizada nos EUA, o nível de perversidade e injustiças entre os cristãos e não cristãos, não é muito diferente. Isto revela que, fazer parte da igreja ou se intitular como sendo seguidor de Jesus, em nossos dias, infelizmente não tem significado muita coisa. Existe muita gente dizendo ser cristão e mesmo praticando coisas abomináveis que normalmente as pessoas sem Deus praticam. Pelo menos é isto que a pesquisa tem aparentemente demonstrado.

Leitura Adicional

            “Corações ansiosos, infelizes, resultam da acariciada cobiça pelo lugar e posição ocupados por outros.  Pessoas invejosas olham com aversão aqueles a quem invejam e se mostram superiores aos rivais; a menos que busquem ver e se arrepender de seu pecado, alimentarão ressentimentos contra quem têm inveja, e todo o amor de Cristo morrerá em seu coração. Pode alguém que acaricia inveja ter permissão para entrar no reino do Céu? Nâo; pois a inveja produz ruins suspeitas, fraude, orgulho, acusações e inimizade. E nada disso existirá no Céu. A menos que nos desvistamos de tudo o que é mau, não entraremos no reino de Deus, e ficaremos fora das suas portas” (Signs of the Times, 5 de fevereiro de 1894).

            “O que nos dará direito à entrada no reino de Deus? Um caráter à semelhança do de Jesus Cristo. O Senhor Deus tem dado ao mundo toda oportunidade, todo privilégio, a graça do Espírito Santo, o dom de Jesus Cristo, para que possamos ter um caráter semelhante ao de nosso Senhor, e tenhamos franca entrada franca entrada no reino de Deus. A missão de Cristo ao mundo tornou evidente que a raça humana se encontrava sob ameaça de enfurecida justiça, à beira da ruína eterna, em desespero e ignorância. Para nos ajudar, Jesus nos trouxe a mais plena certeza de alívio.” (Signs of the Times, 5 de fevereiro de 1894).

DOMINGO, 14 DE NOVEMBRO
Questões familiares
(2Sm 2:17-23; 3:23-27)

            Quanta bagunça, deve ser sua exclamação. O mais importante entender neste episódio é que Abner era um irreverente e afrontador. Ele foi responsável em liderar as tropas de Saul. Inclusive, a mando do rei, foi um grande perseguidor de Davi. O que é mais interessante é que ele sabia que o filho de Jessé havia sido escolhido por Deus, mas mesmo assim afrontou a situação entronando Isbosete (v.8,9), o quarto filho de Saul. Isbosete era extremamente fraco para governar Israel ao passo que Davi se encontrava em extrema vantagem em termos de qualificação. Abner, possivelmente tinha consciência de tal fato, mas decididamente resolveu se colocar diante da escolha de Deus anulando-a de alguma forma. Esta atitude de Abner serviu exclusivamente para mostrar seu verdadeiro caráter deteriorado. Assim como Saul, odiava Davi e fazia absolutamente de tudo para frustrar os seus planos.

            Isbosete fora coroado em Maanaim, na margem do Jordão. Este foi o lugar escolhido para ser a residência real. Seu reino foi aceito ali pelas tribos do Este do Jordão, se estendendo por todo o Israel com exceção de Judá. Abner, com o objetivo de ampliar seu poder, se preparou para guerras maiores contra Davi (2Sm 3:1), porém, milagrosamente Davi se fortalecia e Abner e Isbosete iam se enfraquecendo.

            Não demorou muito até que o interesseiro Abner, se enfureceu contra Isbosete e se aliou a Davi oferecendo-lhe trazer  todas as tribos de Israel. Suas propostas foram aceitas por Davi causando inveja a Joabe, o comandante geral do exército de Davi. “Havia uma dissensão mortal entre Abner e Joabe. O primeiro havia assassinado Asael, irmão de Joabe, durante a guerra entre Israel e Judá (2Sm 2:17-23). Agora, Joabe, vendo uma oportunidade para vingar a morte de seu irmão, e se livrar de um que seria rival, aproveitou-se vilmente da ocasião para armar cilada a Abner e matá-lo” (Patriarcas e Profetas, p. 698-700).

            Joabe cometeu o arquitetado assassinato, e Davi, conhecendo sobre tal crime, não puniu Joabe; contudo, “manifestou publicamente sua aversão àquela cena de sangue. O sepultamento de Abner foi acompanhado de honras públicas. Exigiu-se que o exército, com Joabe à sua frente, tomasse parte nos atos de lamentação, com vestes rotas e vestidos de saco. O rei manifestou sua dor, observando um jejum no dia do sepultamento; acompanhou o séquito fúnebre como o principal pranteador; e junto à sepultura pronunciou uma homenagem que era uma censura cortante aos assassinos (Ibdem).
           
Leitura Adicional

“O reinado de Davi não ficaria livre de dificuldades. Com sua coroação começou o tenebroso registro de conspirações e rebeliões. Davi não se sentou no trono de um traidor. Deus o havia escolhido para ser rei de Israel, e não tinha havido motivo para desconfiança e oposição. No entanto, mal havia sido sua autoridade reconhecida pelos homens de Judá, e, pela influência de Abner, Isbosete, filho de Saul foi proclamado rei e posto sobre um trono rival em Israel” (Patriarcas e Profetas, p. 698).

SEGUNDA 15 DE NOVEMBRO
O Custo do pecado
(2Sm 11:15-25; 18:5-15)

            Quanto mais nos aprofundamos nesta história, mais sujeira encontramos para contar e comentar. Joabe não era diferente de seu rival Abner. Ao analisarmos a narrativa referente às suas obras, encontramos um homem de caráter totalmente questionável. Foi o mais direto assassino de Urias, e não somente de Urias, mas de outros que foram à frente da batalha. Toda a estratégia precisava eliminar evidências de trapaça e suspeitas, mesmo em detrimento de outras vidas. Urias não foi injustiçado sozinho, outros que não tinham absolutamente nada com toda a história de Davi e Urias foram assassinados simplesmente para que o plano pudesse ser o mais perfeito possível.

Quanta revolta uma história como esta pode trazer. Até parece cena de filme produzido em pleno século XXI. Fizeram de tudo para tornar o mais oculto possível o assassinato e o adultério do rei, mas o tiro saiu pela culatra. Ellen White comentando a este respeito escreveu que “todo esforço que Davi fez para esconder seu crime se mostrou inútil. Ele se havia entregado ao poder de Satanás; o perigo o rodeava; a desonra, mais amarga do que a morte, estava diante dele. Não havia senão um meio para escapar, e, em seu desespero, apressou-se a acrescentar o assassínio ao adultério” (Patriarcas e Profetas, p. 718-720).

            Davi não havia sido de mau caráter por toda a vida, pois, “Até ali o registro de Davi como governante fora como poucos reis já o tiveram. Está escrito a respeito dele que ‘julgava e fazia justiça a todo o seu povo’ (2Sm 8:15). Sua integridade conquistara a confiança e lealdade da nação. Mas, afastando-se ele de Deus, e entregando-se ao maligno, se tornou durante aquele tempo agente de Satanás; contudo, ainda matinha a posição e autoridade que Deus lhe dera, e por causa disto, exigiu obediência que poria em perigo aquele que a ela rendesse. E Joabe, cuja fidelidade fora devotada ao rei em vez de a Deus, transgrediu a Lei do Senhor porque o rei havia ordenado” (Ibdem).

            A pergunta que surge numa circunstância como esta seria: No caso de Davi, como pode ele ainda ser perdoado por tamanha crueldade? Não é fácil responder uma pergunta como esta, no entanto, pode também não ser difícil se nós, individualmente, olharmos para nossa própria vida de pecado. Faça uma retrospectiva de sua vida e imagine a pior crueldade que já tenha praticado contra você ou contra outra pessoa. A pergunta que poderíamos fazer poderia ser: Se você fosse Deus, teria capacidade de perdoar os pecados mais terríveis que cometeu ao longo de sua vida? Se Deus teve capacidade de te perdoar, da mesma forma, Ele teria capacidade sim de perdoar Davi de suas mazelas. Não tenho dúvidas de que o rei havia sido levado ao arrependimento e que sua vida tenha se tornado um grande pesadelo até sua morte. Muitas marcas externas ou internas do pecado permanecerão conosco enquanto vivermos aqui nesta terra.

            Davi, antes de descer a sepultura, contemplou durante sua jornada, os seus pecados trazendo ruínas irreparáveis nas vidas de seus filhos. O custo do pecado é altíssimo demais. Se Davi soubesse o preço alto que pagaria por suas condutas, possivelmente não estaria disposto a cometê-los. Em outras palavras, qualquer um de nós, se refletíssemos melhor nas consequências que nossos atos trazem, pensaríamos muitas vezes mais, antes de cometê-los.

Leitura Adicional

            “E ninguém se lisonjeie de que o pecado acariciado algum tempo pode ser deixado facilmente aos poucos. Não acontece assim. Todo pecado acariciado debilita o caráter e fortalece o hábito; a depravação física, mental e moral é a consequência. Vocês podem se arrepender do erro que cometeram, e pôr os pés no caminho justo, porém, o molde de seu espírito e familiaridade com o mal lhes tornarão difícil distinguir entre o bem e o mal. Pelos maus hábitos formados, Satanás os atacará sempre e sempre” (Parábolas de Jesus, p. 281).

            “Desde o princípio, Satanás pintou aos homens as vantagens a ser ganhas pela transgressão. Assim ele seduziu os anjos. Assim tentou Adão e Eva a pecar. E assim está ainda a afastar multidões da obediência a Deus. A senda da transgressão ele faz parecer desejável; ‘mas o fim deles são os caminhos de morte’ (Pv 14:12). Felizes aqueles que, tendo-se arriscado a ir por esse caminho, aprendem quão amargos são os frutos do pecado, e voltam em tempo! Deus, em Sua misericórdia, não deixou que Davi fosse atraído à ruína total pelas sedutoras recompensas do pecado. Por amor de Israel também, houve necessidade da intervenção de Deus. Passando-se o tempo, o pecado de Davi para com Bate Seba se tornou conhecido, e despertou suspeita de que ele havia projetado a morte de Urias. O Senhor foi desonrado. Ele tinha favorecido e exaltado Davi, e o pecado deste representou falsamente o caratê de Deus, lançando ignomínia ao Seu nome. Tendia a abaixar a norma da piedade em Israel, e diminuir em muitas mentes a aversão pelo pecado; ao mesmo tempo, os que não amavam nem temiam a Deus se tornaram por meio daquele pecado audazes na transgressão (Patriarcas e Profetas, p. 720).
           
TERÇA 16 DE NOVEMBRO
Joabe, o político
(2Sm 14)

Quanta vergonha e desprezo o pecado pode causar na vida de uma família. O vergonhoso crime cometido por Amnom e o assassinato promovido por Absalão apresenta com claras evidências os resultados amargos do pecado. Davi deveria ter punido Amnom por seu tão horrendo pecado, no entanto, a culpa que repousara sobre Davi de suas atitudes perante Bate-Seba e Urias o deixou imobilizado diante dos pecados de seus filhos. Absalão resolveu fazer justiça com as próprias mãos e com isto tornaria completo a desgraça na casa do rei. Por causa da negligência e pecado cometidos por Davi, Deus “permitiu que os acontecimentos tomassem seu curso natural, e não restringiu Absalão” (Patriarcas e Profetas, p. 727,728). É sempre assim que acontece, pois todas as vezes que negligenciamos o dever e a retidão; quando não damos ouvidos aos conselhos e advertências de Deus, Ele permite que sejamos arrastados pelas nossas falsas concepções e atitudes pecaminosas. Esta é uma das formas em que podemos contemplar com mais vivacidade os resultados de nossas próprias transgressões.

            Deus sempre age com misericórdia e compaixão, e sempre está disposto a nos ajudar e fortalecer. O problema na verdade sempre está conosco que costumeiramente fazemos aquilo que, na maioria das vezes sabemos, nos trará grande dor e sofrimento.
            Muitos filhos de hoje são mimados de tal maneira que são encaminhados para a destruição. Assim como os filhos de Davi são ensinados a serem inclinados a indisciplina e desobedientes a Deus. Muitos pais, por não darem exemplos condizentes com suas exigências, acabam permitindo que os filhos sejam criados sem muita regra e ordem. Nisto acabam fazendo de seus filhos prezas fáceis para os assédios de Satanás. O mais incrível nisto é que, quando os filhos chegam à fase da adolescência, abandonam totalmente a igreja e se filiam completamente ao mundo,  os pais ao serem questionados sempre procuram dizer que fizeram tudo de maneira certa como qualquer pai bem instruído faria. Não assumem a culpa pelos infortúnios de seus filhos. Ellen White, a este respeito escreveu que “os pais mimam seus filhos pequenos, e são para eles condescendentes porque parece mais fácil lidar com eles dessa maneira. É trabalho mais suave deixá-los seguir seu próprio caminho do que barrar as inclinações desgovernadas que se levantam tão fortemente em seu coração. No entanto”, continua ela, “essa atitude é covarde. É uma impiedade fugir assim à responsabilidade; pois tempos virá em que esses filhos, cujas inclinações não refreadas se transformarem em vícios absolutos, trarão vergonha e desgraça sobre si mesmos e à sua família. Saem para a vida ativa sem o preparo para suas tentações, não sendo suficientemente fortes para suportar perplexidades e dificuldades.” (Testemunhos para a Igreja, v.4, p.201).

            Os desejos de ambição pessoal, orgulho e desejo de supremacia eram sentimentos que viam de anos anteriores desde o tempo de Saul. De geração à geração isto foi se impregnando cada vez mais na vida desses homens. Absalão aprendeu muito bem essa lição de casa já que não havia outra coisa que fosse boa a ser aprendido no seu próprio lar. Lembremo-nos que uma atitude errada tem mais poder sobre os filhos do que dez atitudes boas.

            Quanto a Joabe, parece que ele compreendia bem o amor de Deus e sua misericórdia. No entanto, conhecer a Deus apenas didaticamente não é suficiente para causar impacto na vida. Assim como Joabe, muitos hoje vivem apenas na letra da Bíblia. São bons conhecedores, ganham concursos de Bíblia, são boas enciclopédias bíblicas, mas são péssimos no exemplo, incontinentes no testemunho cristão e traidores da retidão.

Leitura Adicional

            “O vergonhoso crime de Amnom, o primogênito, Davi permitiu que passasse sem ser punido nem repreendido. A lei pronunciava a pena de morte ao adúltero, e o crime desnatural de Amnom tornou-o duplamente culpado. Mas Davi, condenado por si mesmo pelo seu próprio pecado, deixou de fazer justiça ao transgressor...Como os outros filhos de Davi, Amnom tinha sido deixado por conta das satisfações egoístas. Ele procurava satisfazer todo pensamento de seu coração, sem tomar em consideração os requisitos de Deus...Davi tinha negligenciado o dever de punir o crime de Amnom, e, por causa da infidelidade do rei e pai, e da impenitência do filho, o Senhor permitiu que os acontecimentos tomassem seu curso natural, e não restringiu Absalão. Quando pais ou governadores negligenciam o dever de punir a iniquidade, Deus mesmo toma o caso em suas mãos. Seu poder repressor é até certo ponto removido, das forças do mal, de modo que surge um séquito de circunstâncias que castiga o pecado com o pecado” (Patriarcas e Profetas, p. 727,728).

            “Quer boas, quer más, as lições da infância não são aprendidas em vão. O caráter se desenvolve na juventude, para o bem ou para o mal. Em casa pode haver louvor e falsa adulação; no mundo cada um depende de seus próprios méritos. Os pequenos mimados, a quem toda a autoridade da casa cedia, são depois sujeitos diariamente à mortificação por serem obrigados a ceder aos outros. Por essas lições práticas da vida é ensinado a muitos, mesmo então, qual é seu verdadeiro lugar. Pela repulsa, desapontamentos e linguagem clara de seus superiores, frequentemente encontram seu verdadeiro nível e são humilhados para compreender e aceitar seu devido lugar. Mas essa é uma prova severa e desnecessária que poderia ter sido evitada pelo devido ensino na juventude (Testemunhos para a Igreja, v.4, p.201).

QUARTA 17 DE NOVEMBRO
Vivendo pela espada
(2Sm 20:4-10)

Neste episódio, a situação política em Israel era das piores. Os pecados de Davi continuam fazendo vítimas e a bola de neve das injustiças e crimes continuam descendo ladeira a baixo. Joabe, por sua ambição pelo primeiro lugar no comando, desce a espada para matar o escolhido por Davi. Amasa foi cruelmente assassinado (2Sm 20:8-10) por Joabe simplesmente por este ficou enciumado por causa da posição que perdera. O que o ser humano não convertido é capaz de fazer para ser o número um? A política, seja ela feita no mundo comum, em grande empresa ou na igreja, nunca termina bem. As ambições humanas, por melhores que sejam, sempre são motivadas por sentimentos pecaminosos.

A Bíblia nos ensina que os “pecados dos pais são visitados nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que aborrecem a Deus”. Sem dúvida, os pais que plantam a transgressão, colherão transgressão por longas gerações, pois os filhos, de alguma forma acabam copiando o maus traços dos pais e, unindo aos seus, desenvolvem atitudes piores do que a sua geração anterior. Santidade gera santidade, iniquidade gera iniquidade.

Tempos atrás, a igreja era arrastada pelo legalismo. Hoje em dia, no afam de combater o legalismo e o perfeccionismo, estamos fortemente indo em direção ao liberalismo desenfreado. A evidência clara de que estamos incorrendo no sério risco de banalizarmos tudo é que, qualquer pessoa que pretenda viver uma vida santa e coerente com os princípios bíblicos é rapidamente taxada como ridícula, fariseu e perfeccionista. Parece que as pessoas equilibradas em nossos dias são aquelas que vivem num certo grau de frouxidão nos deveres cristãos. Ellen White escreveu certa feita que no final dos tempos o santo seria considerado profano enquanto que o profano seria considerado santo. Se em seu tempo existisse a expressão relativismo, creio que ela teria usado-a para descrever tal mistura de santo com profano. Muitos adventistas do Sétimo dia foram pegos por este vírus do relativismo, e tudo que vem de encontro a mudanças de hábitos na vida, estão prontos para relativizar estes hábitos tornando-os dispensáveis. Esquecem-se que a obediência é um dever cristão fundamentado pelo amor (Jo 14:15), e que a graça que salva é a mesma que nos conduz a cumprir os deveres cristãos (Temperança, p.87,81).

Será que não seria justamente por esta razão que tem havido tantas desgraças nas vidas dos próprios professos cristãos? Será que seria também por este motivo que tantos e tantos filhos de cristãos não tem mais sentido prazer nas atividades da igreja quando chegam à adolescência? O pecado trás miséria e ruína, e, pelo poder de Cristo, se deixarmos os pecados, só lucraremos com isto. Cuidado com esta filosofia que tem impregnado a mente de muitos adventistas de que Cristo já fez tudo por nós e que viver uma vida santa é perfeccionismo. Isto é enredo satânico.

Leitura Adicional

“Tendo sempre diante de si a lembrança de sua própria transgressão à lei de Deus, Davi parecia moralmente paralisado; era fraco e irresoluto, quando antes de seu pecado era corajoso e decidido. Sua influência junto ao povo se havia enfraquecido. E tudo isto favorecia os planos de seu filho desnaturado” (Patriarcas e Profetas, p. 729).
           
            “Aqueles que se inclinam a fazer o mal podem até realizar seu trabalho em atrevido desafio a Deus, mas a influência de sua descrença e impenitência irá além de sua própria geração. O tipo de treinamento que os homens maus dão a seus filhos perpetuará princípios e hábitos pecaminosos; a criança será contrária à religião, desconhecerá as reivindicações de Deus sobre ela e, quando atingir a maturidade, permanecerá com caráter ímpio, desafiando Cristo e as reivindicações da lei de Deus. O Senhor não pode dar aos insubordinados um lugar em Seu reino de paz. Satanás e os anjos que a ele se uniram foram espulsos do Céu por causa da insubordinação, e os homens que escolhem o mal em lugar da justiça se unem ao grande rebelde, e não poderão entrar no reino de Deus com seus caracteres completamente diferente do de Deus, assim como Satanás não pode ser habitante do Céu (Signs of the Times, 27 de abril de 1891).

QUINTA E SEXTA, 18 E 19 DE NOVEMBRO
A última parada de Joabe
(1Rs 1)

            O feitiço se voltou contra o feiticeiro; este seria o título mais apropriado para este dia. Não tenho dúvidas que Joabe tenha sido usado por Satanás para fazer valer seus intentos malévolos. Tentou subverter os planos de Deus e levar Davi a um último golpe. A história também apresenta a polêmica ausência de adultério no final da vida do Rei. O que poderia ser de Davi caso tivesse encerrado sua vida no leito do adultério? Acredito sem nenhuma margem de dúvida que Samuel fez questão de dizer que a “jovem era sobremaneira formosa; cuidava do rei e o servia, porém o rei não a possuiu (1Rs 1:4), porque queria enfatizar a nítida conversão e arrependimento de Davi. É heresia crer que nossas boas obras nos salvarão, uma vez que a graça de Cristo é apresentada como único meio de salvação para o homem. Por outro lado, também é heresia acreditar que a graça de Cristo nos faz justos mesmo vivendo conscientemente sobre o manto da transgressão. Se você tem dúvidas a este respeito, então observe com atenção esta poderosa declaração:

“Ninguém se engane a si mesmo com a suposição de que Deus o perdoará e abençoará, enquanto está pisando um de Seus mandamentos. A prática voluntária de um pecado conhecido silencia a testemunhadora voz do Espírito e separa de Deus a alma. Quaisquer que sejam os êxtases do sentimento religioso, Jesus não pode habitar no coração que desrespeita a lei divina. Deus apenas honrará àqueles que O honram.
"Sois servos daquele a quem obedeceis." Se condescendemos com a ira, a concupiscência, a cobiça, o ódio, o egoísmo ou outro pecado qualquer, tornamo-nos servos do pecado. "Ninguém pode servir a dois senhores." Mat. 6:24. Se servimos ao pecado, não podemos servir a Cristo. O cristão sentirá as tendências do pecado, porque a carne cobiça contra o Espírito, mas o Espírito combate contra a carne, mantendo uma batalha constante. É aqui que o auxílio de Cristo se faz preciso. A fraqueza humana se une à força divina, e a fé exclama: "Graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo." I Cor. 15:57” (Santificação, p. 93).

Neste caso específico de Davi, observe que o profeta acentuou as descrições da beleza da jovem e fez questão de terminar o verso dizendo simplesmente que Davi não a possuiu. Se Davi não tivesse adulterado apenas por falta de força para tal, como muitos insistem em afirmar, creio que o profeta deixaria evidente este fato, uma vez que ele deu detalhes da beleza da jovem. Caso seja coerente afirmar que a sinceridade de coração de Davi faria com que a graça de Cristo desse licença para o seu adultério, então qual seria o problema para fazermos o mesmo em nossos dias? É possível que ele estivesse velho demais para ter relações com a jovem? Minha resposta seria: talvez. Todavia, não podemos anular os efeitos da intervenção do Espírito Santo na vida deste rei levando-o ao arrependimento genuíno e transformador no final de sua vida. Para mim é isto que Samuel está tentando transmitir com esta declaração.

            Bom, voltando a história, Joabe, embora conhecedor do amor e da misericórdia de Deus, não viveu conforme o seu conhecimento. Fez o que era mal e tentou impedir que Deus cumprisse seus desígnios. Por fim, todas as suas falcatruas e assassinatos se voltaram contra ele mesmo. Diante da morte, tentou se refugiar no santuário acreditando que poderia ser poupado. No entanto, se esquecera que o asilo só era somente para os que tivessem matado involuntariamente (Êx 21:14).
           
            Finalizo dizendo que, não devemos buscar aplicar a experiência de Joabe na vida dos outros. Devemos nos olhar no espelho e tentar enxergar a porcentagem do caráter de Joabe que existe dentro de nós. Este é o único julgamento que temos liberdade de fazer. Assim, poderemos ver melhor o quanto temos sido falhos na vida cristã e o quanto somos necessitados de Cristo.

Leitura Adicional

            “Devemos não só nos apoderar da verdade, mas permitir que ela se apodere de nós; e assim a verdade estará em nós, e nós, na verdade. Se for esse o caso, nossa vida e nosso caráter revelarão o fato de que a verdade está operando algo por nós; que nos está santificando e dando a aptidão moral para a companhia dos anjos celestiais no reino de glória. A verdade que defendemos provém do Céu; e quando essa religião tem abrigo no coração, começa sua obra de refinar e depurar; pois a religião de Jesus Cristo nunca torna um homem áspero nem rude, nunca o torna descuidado nem desumano; mas a verdade de origem celestial, que vem de Deus, eleva a santifica o cristão; torna-o cortês, bondoso, afetuoso e puro; tira seu coração duro, seu egoísmo e amor ao mundo, e o purifica do orgulho e da ambição pecaminosa” (Signs of the Time, v.1, p.66).

Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como consta no livro “Nisto Cremos” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: gilbertotheiss@yahoo.com.br