Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 08 – 3º Trimestre 2010 (14 a 20 de Agosto)



Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 08 – 3º Trimestre 2010 (14 a 20 de Agosto)

Comentário: Gilberto G. Theiss

O homem de Romanos 7


“Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7:6).

É muito comum observar largamente entre evangélicos discussões sobre o que realmente Paulo quis dizer em Romanos 7. O comentário Bíblico Adventista diz: “O significado dos v. 14-25 tem sido um dos problemas mais discutidos em toda a epístola. As principais questões são quanto a ser ou não autobiográfica a descrição dessa intensa luta moral, e, nesse caso, se a passagem se refere à experiência de Paulo antes ou depois da conversão. Que Paulo estava falando da própria luta pessoa contra o pecado é evidente pelo significado mais simples de suas palavras. (cf.v 7-11; [Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 19; Testemunhos Para a Igreja, v3. P.475]).

Também é certamente verdade que ele está descrevendo um conflito comum a todos os que são confrontados pelas reinvidicações espirituais da santa lei de Deus e despertados por elas” (The SDA Bible Commentary, v.6, p. 533).

Como notado, as divergências se baseiam nos argumentos, se a experiência de Paulo e suas afirmações sobre Romanos 7 foram antes ou depois do pecado. Se foram antes ou não, o que mais importa é que discípulo em momento algum fez algum tipo de retaliação contra a lei de Deus, pelo contrário, na verdade ele defendeu a lei contra o exaustivo legalismo judaico de sua época. Paulo se viu forçado a exautar a graça, a fé e a justiça de Cristo em detrimento da lei devido aos exageros da teologia rabínica da salvação e méritos através das obras. Sua luta, portanto, tinha como objetivo anular a ideologia legalista protegendo tanto a graça quanto a santificação das distorções da teologia e crenças judaicas. É exatamente isto que veremos nesta semana.

DOMINGO, 15 DE AGOSTO
Sujeitos à lei?
(Romanos 7:1-6)

(Rm 7.1) Ou ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que ele vive?
(Rm 7.2) Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido.
(Rm 7.3) De sorte que, enquanto viver o marido, será chamado adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.
(Rm 7.4) Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus.
(Rm 7.5) Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.
(Rm 7.6) Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.

Seria pecado diante de Deus e dos homens um homem casado abandonar sua esposa por qualquer motivo que não sejam os motivos justificáveis? Se você disser que sim, estará afirmando que a lei não foi abolida coisa nenhuma,e, estará confirmando o que Paulo já havia escrito em Romanos 7, que o homem somente poderá estar livre da lei do casamento, somente em circunstância da morte da esposa, ou também em caso de adultério.

Paulo, para explicar como ocorre a conversão, do mundo para Cristo, usa a analogia de um casamento, pois, assim como uma mulher estaria livre para se casar novamente após a morte do marido, desta mesma forma, quando nossas paixões e o mundo morrerem em nós, assim estaremos livres para nos casar com Cristo no sentido espiritual. Para ficar mais claro, Cristo somente poderá nascer em nós (Casar-se conosco), se abandonarmos o mundo e os pecados. Jesus não poderá jamais habitar em um coração dividido. Ou o coração é inteiramente dEle ou do mundo. Não há como servir dois senhores, ou Cristo o autor da vida e da pureza, ou Satanás o autor do pecado e de suas conseqüências.

Como observado, Romanos 7 não é uma invalidação da lei de Deus, mas uma clara confirmação. Que sentido teria para Paulo usar o sétimo mandamento (Adultério) como exemplo de morte para o mundo e casamento com Cristo se a lei estivesse sido abolida? Na verdade parece que todo o problema se concentra apenas no quarto mandamento, o de separar o sábado (Sétimo dia/quarto mandamento) para o Senhor. Antigamente, batia-se muito na tecla, que os dez mandamentos haviam sido abolidos, mas hoje, tal ensinamento não é mais compartilhado entre os evangélicos, ao invés disto, mesmo sem respaldo bíblico satisfatório, começaram a concentrar toda a atenção de abolimento apenas no quarto mandamento, o sábado, mesmo que de maneira insustentável.

SEGUNDA, 16 DE AGOSTO
É a lei pecado?
(Romanos 7:8-11)

(Rm 7.8) Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de concupiscência; porquanto onde não há lei está morto o pecado.
(Rm 7.9) E outrora eu vivia sem a lei; mas assim que veio o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri;
(Rm 7.10) e o mandamento que era para vida, esse achei que me era para morte.
(Rm 7.11) Porque o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento me enganou, e por ele me matou.

É interessante notar duas frases que fazem toda a diferença nestes versos. O Primeiro pode ser observado no verso 8 quando o Apóstolo diz: “onde não há lei está morto o pecado”. Como são verdadeiras tais afirmações, e, olhando para o nosso século, podemos concluir com muita convicção, de fato, a lei existe e não fora abolida. Esta conclusão é óbvia, pois quanto pecado existe em nossos dias? Quanta doença, traição, injustiças, violência, estupros, perversidade, enfim, poderia usar uma página inteira para descrever as maldades que ocorrem bem diante de nós, tudo isto, sem levar em consideração o maior efeito do pecado, a morte. Isto significa que o pecado existe e se existe o pecado é porque existe a lei de Deus, pois “o pecado é a transgressão da lei” (I Jo 3:4).

A segunda frase se encontra no verso 9: “Outrora eu vivia sem a lei; mas assim que veio o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri”. Note que foi Paulo quem morreu e não a lei. Qualquer um de nós morreria se vivêssemos quebrando a lei, ou seja, NO PECADO. Como assim? Lembre-se que o salário do pecado é a morte, em outras palavras, já que o pecado é a transgressão da lei, poderíamos dizer que o salário da transgressão da lei é a morte. Por esta razão é que Paulo afirmou ter morrido quando a lei apontou seus pecados, mas, ao abandoná-los (pecado), reviveu para Cristo, claro, pela graça salvífica maravilhosa.

TERÇA, 17 DE AGOSTO
A lei santa
(Romanos 7:12-15)

(Rm 7.12) De modo que a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.
(Rm 7.13) Logo o bom tornou-se morte para mim? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte por meio do bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se manifestasse excessivamente maligno.
(Rm 7.14) Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.
(Rm 7.15) Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço.

            Para os que afirmam, que Paulo havia ensinado o fim da lei, poderão ter sérias dificuldades em explicar, como o Apóstolo seria capaz de ensinar que, uma lei “santa, justa e boa” poderia ter sido abolida? Se lermos todos os textos das cartas de Paulo que falam da lei e da graça, sem isolar nenhum contexto, perceberemos que ele jamais anulou a lei em detrimento da graça, o que o discípulo, na verdade se preocupava era com o legalismo, ou seja, a crença de que podemos ser salvos por intermédio das obras.

No verso 13, o Apóstolo reforça o valor da lei de Deus culpando o pecado pela terrível condição pecaminosa humana. Não é a lei que morre no discurso do discípulo, pois, que sentido teria se a lei morresse, uma vez que é graças a ela que podemos chegar a compreensão do que é ou não pecado? (I Jo 3:4;). Paulo, ele mesmo, disse que “não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Rm 7:7).

Nos versos 14 e 15, nos é ensinado por Paulo que a lei, assim como Deus, é espiritual; mas ele ou qualquer um de nós somos escravos do pecado. Como já visto, a lei exerce o nobre papel de apresentar o que é ou não pecado, e ao mesmo tempo deixar evidente que podemos, através de Cristo, ser libertados do salário e do poder do pecado (Rm 6:23; 8:9). “O que quero”, ou seja, o que a natureza caída deseja, “Isso não pratico”, porque a graça de Cristo não permite, “mas o que aborreço”, ou seja, o que a natureza caída não deseja, as coisas espirituais, “isso faço”, porque a graça de Jesus nos transforma para agirmos segundo o homem espiritual (Rm 8:2-9,13).

QUARTA, 18 DE AGOSTO
O homem de Romanos 7
(Romanos 7:16-20)

(Rm 7.16) E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
(Rm 7.17) Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.
(Rm 7.18) Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está.
(Rm 7.19) Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico.
(Rm 7.20) Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.

 “Usando a lei como um espelho, o Espírito Santo convence a pessoa de que está desagradando a Deus ao não cumprir os requisitos da lei. Pelos esforços para atender a esses requisitos, o pecador mostra que concorda que a lei é boa” (Comentário da Lição da Escola Sabatina, 3º trimestre de 2010. p. 98).

Realmente é impossível fazer o certo sobre a escravidão do pecado. Somente libertados do poder do pecado, mediante o poder de Deus, é que poderemos viver no manto da liberdade. Quando é que fazemos o que não queremos? E quando é que não fazemos o que queremos? Partindo do pressuposto de uma natureza humana que deseja apenas o lixo da vida, principalmente em se tratando das fraquezas que individualmente possuímos, como estas perguntas poderiam ser melhor respondidas e conseqüentemente compreendidas?

Imagine que em nós exista dois tipos de leões; um leão chamaremos de natureza pecaminosa, e o outro leão chamaremos natureza espiritual. Cada um desses leões são alimentados diariamente através das nossas atitudes, palavras, pensamentos, atos, leituras, músicas, comida, etc. O detalhe é, quanto mais alimentarmos o leão carnal com músicas inadequadas, pensamentos inconvenientes, leituras ou filmes/novelas cheios de cenas depravadas; com certeza tornará este animal dentro de nós mais forte. Quando houver situações em que deveremos exercer domínio, controle, repúdio contra o pecado, pelo fato de termos a natureza pecaminosa mais alimentada do que a espiritual, com certeza teremos muito mais probabilidade de não possuir forças para suportar a prova. A queda poderá ser fatal. Do contrário, se alimentarmos mais a natureza espiritual, com músicas adequadas, leituras edificantes, muita oração, estudo da Bíblia, isolamento as coisas do mundo que podem nos fazer tropeçar, enfim, a probabilidade de vitória no momento da prova conseqüentemente será maior.

Em outras palavras, quando buscamos com intensidade a Cristo, sua justiça, seus valores e seus princípios, nossa vida será moldada gradativamente à semelhança dEle. Quanto mais contemplarmos a Jesus, seu amor, seu sacrifício por nós, mais, a sua imagem nos tornaremos. Somente por intermédio de Cristo, poderemos ser mais do que vencedores. Isto será determinante para os que precisam ser transformados e regenerados pelo poder de Deus. É claro que, mesmo transformados, mesmo sobre a proteção de Deus, a natureza pecaminosa permanecerá e muitas das vezes tentará nos assaltar, principalmente em momentos oportunos. É ai que a presença de Cristo na vida poderá fazer toda a diferença. As palavras de Paulo confirmam tal fato, pois diz ele, “Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa” (Rm 7:16).

QUINTA E SEXTA, 18 E 19 DE AGOSTO
LIVRES DA MORTE
(Romanos 7:21 A 25)

(Rm 7.21) Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo.
(Rm 7.22) Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
(Rm 7.23) mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros.
(Rm 7.24) Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
(Rm 7.25) Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.

Alguém teria dúvidas de que a lei da carne seria a lei do pecado? A carne deseja o que não presta, deseja o pecado. Nós somos como urubus buscando carniça para comer. Embora seja uma analogia muito dura, pode expressar bem o que significa possuir uma natureza caída ou corrompida. A luta deve ser constante, tanto na mente quanto nos atos. Um simples olhar pecaminoso pode levar a mente a cometer pecados sérios e terríveis. Como afirmou Paulo, devemos morrer na carne para viver no espírito; em outras palavras, devemos deixar de servir a lei do pecado que está na carne para viver a lei do espírito que é a vontade de Deus. “A lei da mente é a lei de Deus, revelação que Deus faz de Sua vontade”.

Deus, através de Cristo, faz promessas de vitória, pois a mesma graça que salva é a mesma que nos santifica (Santificação, p.87,81), se nossas vidas, desejos e lutas forem para permanecer ao lado de Cristo e de Sua vontade, logicamente, como expresso no verso 25, com o entendimento serviremos a lei de Deus, mas, se vivermos sobre uma falsa roupagem cristã e se desejarmos a graça mas não desejarmos cumprir a vontade de Deus, com certeza, serviremos a lei do pecado que está em nós. Como bem expressou Ellen White:

“Não há segurança nem repouso nem justificação na transgressão da lei. Não pode o homem esperar colocar-se inocente diante de Deus e em paz com Ele, mediante os méritos de Cristo, se ao mesmo tempo continua em pecado” (Mensagens Escolhidas, v.1, p.213).


Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como consta no livro “Nisto Cremos” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade de Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: altoclamor@altoclamor.com
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