Papa Francisco utiliza os dez mandamentos para defender o domingo

“Na sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira [5 de setembro de 2018], o Papa Francisco falou sobre “o dia do repouso” para os cristãos: “Tanta gente, tanta, que tem a possibilidade de divertir-se, e não vivem em paz com a vida. Domingo é dia de fazer as pazes com a vida, dizendo, a vida é preciosa! Não é fácil, às vezes é doloroso, mas é preciosa”. O verdadeiro sentido do repouso. Dando continuidade a sua série de catequeses sobre o Decálogo, o Papa falou nesta quarta-feira aos mais de 13 mil fiéis presentes na Praça São Pedro sobre o repouso como “momento de contemplação e louvor”, “é a bênção da realidade”. Francisco recordou ainda a necessidade de nos reconciliarmos com nossa própria história, pois a verdadeira paz, não é mudá-la, mas dar as boas-vindas e valorizá-la.

O dia do repouso” de que fala o Livro do Êxodo “parece um mandamento fácil de ser cumprido – observa – mas é uma impressão errada”, pois “existe o repouso falso e o repouso verdadeiro. Como reconhecê-los?”, pergunta o Papa. (…)
Neste sentido, as palavras dos Decálogo lançam uma luz sobre o que é o repouso. O mandamento – explica o Papa – “tem um elemento peculiar: fornece uma motivação. O repouso no nome do Senhor tem um motivo preciso”. Depois de ter trabalhado por seis dias, no sétimo repousou, “por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou”.
Ou seja, no sétimo dia, “inicia o dia do repouso, que é a alegria de Deus por aquilo que criou. É o dia da contemplação e da bênção”. Assim, o repouso segundo este mandamento é “o momento da contemplação, do louvor, não da evasão. É o tempo para olhar a realidade e dizer: como é bela a vida!”. Assim, “ao repouso como fuga da realidade, o Decálogo opõe o repouso como bênção da realidade”:

Para nós, cristãos, o centro do Dia do Senhor, o domingo, é a Eucaristia, que significa “ação de graças”. É o dia para dizer a Deus: obrigado, obrigado Senhor, obrigado pela vida, pela sua misericórdia, por todos os seus dons. O domingo não é o dia para esquecer os outros dias, mas para recordá-los, abençoá-los e fazer as pazes com a vida, fazer as pazes com a vida. Tantas pessoas, tantas, que têm a possibilidade de divertir-se, e não vivem em paz com a vida. Domingo é dia de fazer as pazes com a vida dizendo: a vida é preciosa! Não é fácil, às vezes é doloroso, mas é preciosa”. (…) Fonte: Vatican News
Ficou surpreendido por ver o Papa Francisco usar o Decálogo (Dez Mandamentos), no qual se ordena a observância do Sábado do sétimo dia como dia de descanso, para propor a observância do domingo como dia de descanso?! Pois bem, não é a primeira vez que o líder romano o faz.

No dia 18 de junho de 2015, o Papa Francisco divulgou oficialmente a sua tão aguardada encíclica “Laudato Si”, que aborda essencialmente questões de âmbito climático e de cuidado e proteção com o ambiente. Há nesta encíclica algo de extremamente significativo do ponto de vista profético: o Papa demora-se na importância de um repouso ou descanso semanal, para bem da humanidade e da criação.
No capítulo II, secção 71, e referindo-se à destruição do mundo por um dilúvio no tempo de Noé e sua posterior restauração, Francisco escreve:
A tradição bíblica estabelece claramente que esta reabilitação implica a redescoberta e o respeito dos ritmos inscritos na natureza pela mão do Criador. Isto está patente, por exemplo, na lei do Shabbath. No sétimo dia, Deus descansou de todas as suas obras. Deus ordenou a Israel que cada sétimo dia devia ser celebrado como um dia de descanso, um Shabbath.

Um pouco antes, na secção 68, Francisco escreveu na mesma linha da citação anterior: “ … A legislação bíblica detém-se a propor ao ser humano várias normas relativas não só às outras pessoas, mas também aos restantes seres vivos: ‘Se vires o jumento do teu irmão ou o seu boi caídos no caminho, não te desvies deles, mas ajuda-os a levantarem-se. (…) Nesta linha, o descanso do sétimo dia não é proposto só para o ser humano, mas para que descansem o teu boi e o teu jumento’ (Ex 23, 12).

É interessante verificar que, também aqui, o Papa cita a partir dos Dez Mandamentos, a lei moral, onde o Sábado do sétimo dia é mencionado como santo por ordem do próprio Deus. Ao fazê-lo, está corretamente a remeter o leitor para a Bíblia, o que só podemos aplaudir. Mas, mais à frente no documento, e recuperando a ideia do descanso semanal anteriormente confirmado pelo Papa como sendo o Sábado, ou Shabbat, do sétimo dia, o líder romano elabora mais em detalhe a importância desse repouso.

No capítulo VI, secção 237, lemos: “A participação na Eucaristia é especialmente importante ao domingo. Este dia, à semelhança do sábado judaico, é-nos oferecido como dia de cura das relações do ser humano com Deus, consigo mesmo, com os outros e com o mundo. O domingo é o dia da Ressurreição, o ‘primeiro dia’ da nova criação, que tem as suas primícias na humanidade ressuscitada do Senhor, garantia da transfiguração final de toda a realidade criada. Além disso, este dia anuncia ‘o descanso eterno do homem, em Deus’. Assim, a espiritualidade cristã integra o valor do repouso e da festa. (…) A lei do repouso semanal impunha abster-se do trabalho no sétimo dia, ‘para que descansem o teu boi e o teu jumento e tomem fôlego o filho da tua serva e o estrangeiro residente’ (Ex 23, 12). O repouso é uma ampliação do olhar, que permite voltar a reconhecer os direitos dos outros. Assim o dia de descanso, cujo centro é a Eucaristia, difunde a sua luz sobre a semana inteira e encoraja-nos a assumir o cuidado da natureza e dos pobres.
Ora, não precisamos de muito esforço para perceber que o Papa confunde o ‘Shabbat’ bíblico do sétimo dia com o domingo, primeiro dia da semana, atribuindo a este a importância e solenidade que, biblicamente, apenas o Sábado do sétimo dia possui.

Ou seja, a validade do Sábado do sétimo dia parece ter sido mudada para o domingo, primeiro dia da semana. E maior se torna esta confusão, quando vemos que o pontífice romano volta a referenciar o mandamento da guarda do Sábado do sétimo dia para justificar a importância do repouso ou descanso… no domingo, primeiro dia da semana!
O fiel estudante da Bíblia percebe por que razão isto acontece: de acordo com a profecia de Daniel 7:25, um poder surgiria que iria proferir “palavras contra o Altíssimo” e “mudar os tempos e a lei”, um perfil que encaixa que nem uma luva nesta postura de alterar a solenidade do Sábado para o domingo.
A este respeito, o próprio Papa Francisco coloca um laço a si mesmo quando, na já mencionada secção 68 do capítulo II, escreve, citando os Salmos: “Ele [Deus] deu uma ordem e tudo foi criado; Ele fixou tudo pelos séculos sem fim e estabeleceu leis a que não se pode fugir!’ (Sl 148, 5b-6).
Aqui, Francisco está correto; não podemos fugir das leis de Deus, o que, obviamente, inclui o Sábado do sétimo dia, ponto culminante da criação, ao contrário do domingo, cuja suposta santidade reside apenas na autoridade papal.

Através de Sua serva, Ellen White, Deus deixou bem claro a importância deste assunto. Repare no que está escrito no livro “O Grande Conflito”, página 592: “A profecia do capítulo 13 de Apocalipse declara que o poder representado pela besta de chifres semelhantes aos do cordeiro [isto é, os EUA] fará com que a ‘Terra e os que nela habitam’ adorem o papado, ali simbolizado pela besta ‘semelhante ao leopardo’. … Esta profecia se cumprirá quando aquela nação impuser a observância do domingo, que Roma alega ser um reconhecimento especial de sua supremacia.
A profecia declara que o poder da grande nação norte-americana irá de alguma forma ceder, aceitando que a autoridade papal se torne obrigatória para todos no mundo inteiro. E a marca desse ato será justamente a imposição do falso dia de adoração, o domingo.

Na linha milenar dos seus antecessores, o Papa Francisco não é fiel à verdade bíblica do dia divinamente designado para repouso, alterando a solenidade do Sábado para o domingo, marca da autoridade de Roma, não da Bíblia.
Os próximos tempos e as tentativas, que estão aí ao virar da esquina, de santificar universalmente o domingo, um dia nem sequer uma única vez mencionado na Bíblia para esse efeito, e que terão o apoio dos líderes mundiais, darão a maior prova disso mesmo.
Terminamos com um conselho bíblico que encontramos em I Tessalonicenses 5:19-21 “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo; retende o bem.