Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 04 – 3º Trimestre 2010 (17 a 23 de Julho)

Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 04 – 3º Trimestre 2010 (17 a 23 de Julho)

Comentário: Gilberto G. Theiss

SÁBADO, 17 DE JULHO
JUSTIFICADOS PELA FÉ

“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei” (Rm 3:28).

Estamos diante de um tribunal, com jurados, juiz, promotor, advogado e uma assembléia de expectantes a observar o julgamento. O réu, uma pessoa extremamente conhecida por suas transgressões, se vê diante de provas contundentes de sua culpa. Depois de intenso julgamento, com poucas provas a favor e inumeráveis provas contra, o juiz bate o martelo e divulga ao público a sentença, morte por cadeira elétrica. Todos se assombram, mas não ficam surpreendidos, pois todas as evidências incriminavam o réu e davam suporte à sentença, embora penosa, ainda era demasiado pouca para tais transgressões cometidas. Derepente, alguém em meio ao publico se levanta e diz com alta e clara voz: Senhor Juiz, eu gostaria de livrar este homem de sua culpa e de sua sentença, eu me ofereço para assumi-las, gostaria de substituí-lo. Bom, esta história, como percebido, é fantasiosa, mas, a história da raça humana diante do conflito entre o bem e o mal, não é.

Diante do tribunal do céu, todos nós, culpados pela transgressão, estávamos sentenciados a morte eterna. Diante do tribunal do céu, Deus (na pessoa de Jesus), se ofereceu para assumir e nos substituir em nossa pena eterna. Esta história é tão real que a cruz foi levantada entre o céu e a terra com o objetivo de salvar e restaurar todos os que aceitassem e se entregassem a Cristo permitindo que Sua justiça absorvesse toda nossa injustiça perante o céu. Em outras palavras, o precioso sangue de Cristo, torna nossa ficha criminal limpa diante do tribunal celestial. Isto é substituição, isto é na mais pura essência expiação e justificação pela fé.

DOMINGO, 18 DE JULHO
AS OBRAS DA LEI

“Ora, sabemos que tudo que a lei diz é para os que estão debaixo da lei que ela diz, para que toda boca se cale e todo mundo fique sujeito ao julgamento de Deus. Porque ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei; pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3:19,20).

Alguns, com muita sinceridade, ensinam que a lei de Deus em nossos dias é totalmente dispensável. Quando o assunto gira em torno de questões salvíficas, este pensamento pode estar permeado de verdades. A lei em si, serve apenas para mostrar nossa mais miserável condição diante de Deus. Ela (a lei), não tem PODER nem para salvar e muito menos para justificar. A lei de Deus foi estabelecida para apresentar ao homem caído, o caráter que é aceitável pelo criador. Estes preceitos estabelecem delimitações do nosso proceder com o objetivo de apresentar os limites entre a integridade e a transgressão. Os dez mandamentos, assim como todos os demais princípios bíblicos, são e serão as normas pelas quais todos serão julgados, enquanto que a salvação e justificação é outorgada pela graça apresentada na cruz.

A graça é fonte ilimitada para salvação, enquanto que a lei, apenas serve de guia, apresentando aos transgressores (pecadores) sua real necessidade de cura e restauração. Com este pensamento, a conclusão que chegamos é que a lei, embora não seja capaz de justificar ninguém, sem ela, jamais seríamos levados até aquele que é o único capaz de justificar, Jesus Cristo, a graça perfeita. Tenhamos em mente que, graça sem lei não é graça, assim como lei sem a graça não é lei, pois sem a lei, não saberíamos o que é pecado (I Jo 3:4; Rm 7:7), e sem reconhecer o pecado em nossa vida, não reconheceríamos que somos pecadores, e se não reconhecermos que somos pecadores, jamais sentiríamos necessidades de um salvador, e sem sentir essa necessidade como chegaríamos até Cristo? Como seríamos alcançados pelo Espírito Santo e transformados por Seu poder se não há sentimento de pecaminosidade em nós?

Super enfatizar a lei em detrimento da graça é pura distorção teológica, mas super enfatizar a graça ao ponto de anular a lei de Deus pode ser tão perigoso e diabólico quanto. A graça não anula as obras e muito menos as obras anulam a graça, pois, um depende do outro para que a obra do Espírito de Deus seja completa no ser humano.

SEGUNDA, 19 DE JULHO
FÉ E JUSTIÇA

“Mas agora a justiça de Deus se manifestou, sem a lei, atestada pela lei e pelos profetas; isto é, a justiça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção” (Rm 3:21 e 22).

Embora muitos não consigam admitir, não há absolutamente nada em nós que possa servir de barganha com Deus para nossa salvação. Alguns conseguem distorcer a Bíblia para dar a impressão de que nossa obediência e nossas boas obras farão com que Deus seja obrigado em nos redimir. Meus queridos leitores, como vocês devem ter percebido, sempre procuro exaltar a lei de Deus e valorizar ao máximo a necessidade de obediência, mas, essa idéia aparentemente teológica de que nossas mais perfeitas obras serão o critério de avaliação para Deus saber quem Ele levará para o céu e quem não levará não passa de teologia distorcida. Aliás, essa ideologia nós a encontramos na teologia católica, onde, as obras humanas são tão fundamentais para a salvação que até penitências variadas podem ser úteis para dar uma forcinha e para nos levar diante de Deus com algum mérito. As Escrituras não ensinam essa heresia. Neste contexto, poderíamos até perguntar: Se não somos salvos pelas obras, porque seremos julgados por ela? A resposta é simples, seremos julgados pelas obras não para saber quem será salvo, mas para saber quais as pessoas que realmente e definitivamente foram alcançadas pelo poder Deus mediante a graça, para saber quem realmente subjugou seu próprio EU permitindo que Cristo reinasse em suas vidas. Uma coisa é ser justificado unicamente nos méritos de Jesus e outra é viver inteiramente por Ele. Quando nos casamos com alguém, nos casamos por amor e não pelas regras e leis do casamento, mas um casamento sem obediência a essas leis significaria pura falsidade na demonstração do amor, pois, como ensina as Escrituras, pelos frutos todos nós seremos conhecidos. Jesus sangrou Sua vida para oferecer Sua justiça a todos nós, a pergunta que surge é, após recebermos a justiça de Cristo gratuitamente, estaremos dispostos, se for preciso, de também sangrarmos a nossa vida por Ele?

Voltando ao devido assunto, a Justiça de Deus requer de nós o que não podemos oferecer, por esta razão que Jesus ofertou Sua vida na cruz, sua obediência e santidade a nosso favor, pois:

“Justiça e obediência à lei. A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas ele é incapaz de apresentá-la. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé...A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica o arrependido e crente, trata-o como se fosse justo e o ama tal como ama Seu filho” (Mensagens Escolhidas, v.1, p.367).

“Alei requer justiça – vida justa, caráter perfeito; e isso não tem o homem para dar. Não pode satisfazer as reivindicações da santa lei divina. Mas Cristo, vindo à terra como homem, viveu vida santa, e desenvolveu caráter perfeito. Estes oferece Ele como dom gratuito a todos quantos o queiram receber. Sua vida substitui a dos homens”, (Desejado de Todas as Nações, p. 762), e que “Nossas próprias obras jamais poderão comprar a salvação” (Desejado de Todas as Nações, p. 280).

Estas fortíssimas declarações deixam bem evidente a razão primordial e da potencialidade do sacrifício de Cristo no calvário. Se as obras pudessem fazer algo por nós, se nossa obediência realizasse algum poder salvífico, não seria mais fácil para Deus, ao invés de Si submeter à encarnação, humilhação, sofrimento e morte na cruz, não seria muito mais fácil e adequado, após o pecado no Éden, aplicar as regras da obediência para os que pretendessem ir para o céu? Se pudéssemos fazer algo por nós mesmos, não seria dispensável a obra de Cristo por nós? Estas indagações nos levam a uma única direção, sem a justiça (Vestes de Cristo) jamais poderemos participar das bodas no céu, independente do que façamos.

Gostaria que ficasse claro que não estou minimizando a lei de Deus e muito menos a obediência, estou apenas tentando situar cada um deles em seu devido lugar. Como tenho afirmado nestes comentários e acredito que vale a pena reforçar mais uma vez, não é a nossa obediência que nos outorgará a salvação, pois isto vem de Cristo, mas sem ela, com base na luz que recebemos, jamais pisaremos no céu. A plena obediência é uma demonstração clara de que a graça de Cristo e Sua justiça não foi ou não tem sido vã em nossa vida. O poder da graça é tão completo, que além de salvar, também realiza perfeitamente a obra gradativa de transformação do caráter.

TERÇA, 20 DE JULHO
GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO

“Sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24).

A justificação inicia na vida do ser humano a partir do momento em que, com sinceridade, aceita o que Deus em Cristo fez por ele. Ao contemplar o amor de Deus, admirar e ser contagiado por Cristo em Seu infinito sacrifício, se entregar completamente nas mãos de Deus com sincero arrependimento, neste exato momento, antes mesmo de realizar qualquer obra externa, passa a ser totalmente justificado nos méritos de Jesus. Se ele, naquele exato momento adormecer no Senhor, não teremos dúvidas de sua salvação.

Este exemplo nos arremete diretamente para a experiência do ex ladrão na cruz. A única obra realizada por aquele homem foi a obra da fé. Seu arrependimento, sinceridade e entrega fez com que a graça divina e a justificação, obediência e santidade de Jesus o envolvesse completamente. Isto é o que a graça ou a justificação podem fazer na vida humana sem as obras da lei. É claro que se o ex ladrão tivesse tempo e oportunidade para demonstrar as boas obras e obediência, é óbvio que ele demonstraria, pois se a graça teve o poder de salvá-lo, a mesma graça com certeza teria poder de transformá-lo já que sua entrega e sinceridade fora genuína.

Outro exemplo é o do publicano e do fariseu (Lc 18:9-14). Entre o fariseu que batia as mãos no peito e se orgulhava de suas obras e o publicano que reconhecia sua condição de pecador diante de Deus clamando por misericórdia, pergunto, qual dos dois na história desceu justificado diante de Deus? Esta linda história, não anula a importância das obras, mas busca neutralizar completamente o legalismo pretendido por muitos. Legalismo significa pretender ser justificado pelas obras da lei.

QUARTA, 21 DE JULHO
“SUA JUSTIÇA”

“A quem Deus ofereceu como sacrifício propiciatório, por meio da fé, pelo seu sangue, para demonstração da sua justiça. Na sua paciência, Deus deixou de punir os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3:25).

A palavra “hilasterion” ou propiciatório, pode representar no mais alto nível da palavra tudo o que Deus fez para a redenção do ser humano. Jesus foi o Cumprimento fidedigno dos ritos do santuário que o representavam. Ele foi a autentica realidade de toda propiciação das leis cerimoniais, em especial aos ritos diretamente ligados ao cordeiro imolado todos os dias.

Não há dúvidas quanto a natureza de tudo o que Deus foi capaz de fazer para redimir a raça caída. Todos, independentes de raça, tribo, língua ou cor, todos são chamados e atraídos direta ou indiretamente pelos feitos de Jesus e pela ação do Espírito Santo na vida.

Neste contexto, podemos ter uma absoluta certeza, Sua justiça tem sido oferecida aos que o aceitam e se entregam completamente. Não há limites para a ação de Sua justiça na vida dos que são injustos, porém se submetem a Sua vontade.

O mais surpreendente aqui é a forma como Deus agiu diante da injustiça humana, pois, rebatendo as acusações do inimigo, de que Deus havia exigido das suas criaturas mais do Ele mesmo estava disposta a dar, calou a boca do diabo ao dar os passos que o próprio ser humano não podia dar. Cristo não ignorou a limitação humana, especialmente após o pecado, e ofereceu a sua própria vida pagando a pena eterna que estava sobre a responsabilidade humana de pagar. O inocente absorve as conseqüências dos culpados para que os culpados venham a ser inocentados no tribunal do céu.

Todos os que estiverem no céu desfrutando da eternidade, não passarão nenhum momento de sua vida infinita sem lembrar da única razão de estarem ali sob o manto da eterna felicidade e pleno vigor. A justiça de Cristo é tudo para nós e sem ela jamais poderemos ser aceitos pela justiça divina.

QUINTA E SEXTA, 22 E 23 DE JULHO
“FÉ E OBRAS”

“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm 3:28).

Para Paulo, quando falava da justificação em detrimento da lei, não estava invalidando a lei em si, mas anulando totalmente o legalismo. Paulo não era contra a lei, ele era contra a maneira como alguns judaizantes encaravam o papel da lei como instrumento de salvação. Por esta razão é que o discípulo promulgou a contundente declaração de que “o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”.

O crédito total da justificação não pertence ao ser humano, mas unicamente a Deus mediante Cristo. O homem não possui nenhum mérito por realizar alguma boa obra, pois é “Deus quem opera tanto o querer quanto o perfazer segundo a Sua boa vontade” (Fl 2:13) tanto na vida quanto no coração humano.

Por esta razão contundente que Ellen White foi enfática na resposta a respeito de justificação pela fé, que: “É obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele mesmo não pode fazer” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 456).

Isto não significa que as obras não sejam importantes, pois, as obras desempenham um papel extremamente fundamental como resultado da justificação ou operação da graça. Através das boas obras é que torna evidente o poder de Deus mediante a graça e a justificação operada na vida dos que se entregam nas mãos de Deus para viver para Ele e por Ele.

A graça é o único meio de salvação e justificação do indivíduo, mas a graça não apenas salva para e justifica, embora a propensão para o mal permaneça até o dia da glorificação, a graça, mediante o poder de Deus pode nos salvar do poder ou força do pecado em nós.

O detalhe é que, a obediência, as obras e a transformação do caráter, são integralmente frutos da graça salvífica. Ela realiza em nós tanto o querer quanto perfazer (Fl 2:13), é a graça de Cristo que é capaz de nos salvar e ao mesmo tempo nos transformar à semelhança do caráter de Cristo, pois a verdadeira graça que salva, também nos “conduzirá aos fiéis deveres da vida” (Santificação, p. 87), e nos habilitará a “prestar obediência” a Deus (Santificação, p. 81); A nossa parte em tudo isto se prende no ato da decisão e no ato da renúncia e disposição. Em outras palavras, temos que aceitar e praticar a renúncia constante do próprio eu e permitir a ação do Espírito Santo sobre todo o nosso ser, corpo, alma e espírito (I Ts 5:23).

Podemos concluir que, as obras ou a lei jamais poderão nos creditar algum mérito, pois quando falamos em expiação, a lei não poderá fazer absolutamente nada por nós, e na verdade, ela nem foi estabelecida para isso. Por outro lado, não podemos nos incorrer no risco de rebaixar o papel da lei e das obras, pois elas são o resultado contínuo do poder da graça operada em nós.

Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como consta no livro “Nisto Cremos” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: altoclamor@altoclamor.com