Cristãos voltam às raízes judaicas e guardam o sábado: "O mandamento nunca mudou"


Cada vez mais cristãos estão preocupados em buscar nas raízes hebraicas uma compreensão mais profunda de sua fé. Como resultado disso, um site israelense registrou as experiências daqueles que trocaram a guarda do domingo pelo sábado — um dos pontos que causa maior divergência entre o cristianismo e o judaísmo.

A gerente de produção Laura Densmore foi uma das cristãs que passou a se aprofundar na fé ao compreender o significado do Shabat (dia do descanso). "Nós nos adaptamos e nos voltamos para as raízes hebraicas de nossa fé. Muitas vezes, o primeiro passo para essa jornada é começando a guardar o Shabat", disse ela ao Breaking Israel News.

"Guardar o Shabat começou com uma mudança de identidade. Saí do sistema religioso da igreja, onde cultuamos aos domingos por anos e anos. Eu sabia que se eu quisesse ser séria em minha caminhada para seguir o Deus de Israel,  eu precisaria guardar Seus mandamentos, como sinal do meu amor por Ele", acrescentou a cristã.

Para Laura, os benefícios de separar o sábado para o descanso são notáveis. "É uma 'pequena amostra do céu'. É um prenúncio de como será quando os 6 mil anos terminarem e os últimos mil anos começarem, quando o Messias virá para governar e reinar".

Kellen Davison, fundador das organizações "Reconciliação com Israel" e "Comunidade de Israel", explicou que sua mudança de domingo para o sábado levou um processo de três anos. Ele começou a observar os feriados judaicos e, a partir disso, passou a guardar o Shabat.

"Eu lutei com isso por alguns anos. Eu pensei que seria uma inconveniência insuportável na minha vida. Depois que comecei, percebi que obedecer os Dez Mandamentos em sua totalidade me trouxe prosperidade e tem tido um enorme impacto positivo sobre a minha família", disse ele ao Breaking Israel News.

Kellen contou que passou a observar o Shabat após compreender o trecho de Isaías 66:22-23: "Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor."

Retorno às origens

Pete Rambo, diretor do movimento presbiteriano "B'ney Yosef", diz que sua família mudou a visão sobre o sábado depois que seu filho de 16 anos passou a estudar sobre o assunto, apresentando a ele uma "perspectiva hebraica das Escrituras".

"Por nove vezes Deus articula claramente que o sétimo dia é o Shabat", disse ele. "Em nenhum momento Ele sugeriu uma mudança. Essa é uma verdade até mesmo nos escritos apostólicos (Novo Testamento). Simplificando, o sábado nunca mudou".

Frequentar a igreja aos domingos é uma prática comum, e mudar o dia de sua observância custou caro para Rambo. "Alterar o culto de domingo para o Shabat custou o meu trabalho, muitos relacionamentos familiares e muitos amigos, mas se pudesse eu faria a mudança mais uma vez", declarou.
O médico Daniel Chase notou uma grande diferença depois de transformar seu sábado em um Shabat judaico.

"Antes de fazer a Teshuvá (prática de voltar às origens do judaísmo), eu fazia compras, jantava fora e fazia as tarefas domésticas no domingo, o Shabat protestante. Agora, nós descansamos, oramos, lemos as Escrituras, ouvimos os ensinamentos e temos comunhão com outros crentes desde o entardecer da sexta até o entardecer do sábado. Iniciamos nosso Shabat com uma oração e bênçãos com vinho e chalá (pão judaico). Nós não compramos, vendemos ou trabalhamos para ganhar dinheiro. Como sou médico, às vezes tenho que atender algumas emergências".

Tendência

Para David Nekrutman, diretor do Centro de Cooperação e Compreensão Judaico-cristã (CJCUC, na sigla em inglês), este fenômeno tem sido cada vez mais comum entre cristãos.
"Eu vejo que os cristãos estão querendo voltar a um princípio bíblico que se perdeu na cultura secular", disse David. "Eu entendo o desejo de voltar para o que a igreja primitiva fazia. O Shabat está enraizado na fé cristã como uma forma de santificar a Deus".

O especialista observou que algumas denominações cristãs como os adventistas do sétimo dia e batistas do sétimo dia incluíram este mandamento como fez parte de sua teologia. David sempre foi muito favorável a essa tendência.

"Qualquer movimento que torne o sábado maior do que uma hora de culto na igreja é muito bem-vindo", disse ele. "A minha esperança é que a Igreja veja que todos os dias da semana levam até o sábado, que é apenas um descanso das atividades que duram de segunda a sexta", afirmou David.
"O Shabat é, fundamentalmente, uma afirmação do Deus Criador e Redentor, bem como a santificação do tempo. O Shabat foi criado, desde o início, com a intenção de ser eterno. Deus o chama de santo e fez com ele uma aliança", finalizou.

(Guiame) 

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