(Gl
3:18) – Havia um rapaz que noivou por três vezes e casou-se por duas.
Infelizmente, nas três em que esteve noivo, a noiva o abandonou e, nas duas
vezes em que esteve casado, foi traído e abandonado. Infelizmente, as promessas
humanas, muitas das vezes estão a mercê da conveniência. Muitas pessoas mudam
de opinião e de escolhas com facilidade. Sociedade líquida, com decisões e
escolhas líquidas. Sob este aspecto, diferentemente dos homens, Deus nunca
permitiu que qualquer uma de Suas promessas ficassem ao léo. A Sua fidelidade
ultrapassa gerações (Sl 100:5; 119:90). Ao longo dos anos, desde a criação do
homem, o Onipotente tem se revelado com promessas e, a maior evidência da
integridade, durabilidade e fidelidade das promessas dEle, é que elas, apesar
de milênios, continuam firmes e inabaláveis até hoje. Se em seres humanos não
podemos confiar, saiba que em Deus podemos.
NEle nossas esperanças poderão ser depositadas sem nenhum receio, descrédito ou, como no dito popular, “pé atrás”. Aliás, Deus é o único que jamais nos decepcionará (Is 46:11; Hb 6:18). Suas promessas são superior em todos os sentidos e imensuravelmente eternas, não sofrendo mudança e nem sombra de variação (Tg 1:17).
NEle nossas esperanças poderão ser depositadas sem nenhum receio, descrédito ou, como no dito popular, “pé atrás”. Aliás, Deus é o único que jamais nos decepcionará (Is 46:11; Hb 6:18). Suas promessas são superior em todos os sentidos e imensuravelmente eternas, não sofrendo mudança e nem sombra de variação (Tg 1:17).
Lei e fé
(Gl
3:15-18) - Duas frases são importantes nestes
versos, a primeira tem a ver com a aliança feita por intermédio de um
descendente (v.16), e a segunda tem a ver com a promessa feita por Deus a
Abraão gratuitamente (v.18). A preocupação de Paulo tem por base o valor da fé
diante do legalismo plantado na mente de alguns. De forma alguma estava ele
anulando a lei, pois segundo suas próprias palavras em Romanos 3:31, a lei tem
a sua devida importância. O que o apóstolo combate nestas declarações é a
salvação por intermédio da lei. A lei não atribui salvação porque não foi dada
por Deus para desempenhar este propósito. O centro da aliança não era a lei e
quando esta foi dada no Sinai, não provocou anulamento da aliança da graça
feita com sangue. O que muitos não compreendem é que os dez mandamentos não
foram uma inovação nos tempos de Moisés. O próprio patriarca, ao escrever o
livro de Gênesis (26:5), deixou evidente a obediência de Abraão a Deus dizendo:
“obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus
[estatutos] e as minhas leis”. José, ao se recusar deitar-se com a esposa de
Potifar, revelou sua obediência ao sétimo mandamento da lei de Deus. Estas e
outras narrativas indicam que os mandamentos já existiam mesmo antes de Moisés.
No monte Sinai eles apenas foram escritos em pedra e em rolos para que o povo
de Israel não esquecesse da vontade do Senhor. Portanto, a aliança da fé foi
instituída gratuitamente por Deus mesmo diante da existência da lei. O
propósito da lei era mostrar ao povo a maldição do pecado e a necessidade da
redenção que só poderia ser encontrada fora de nós – através do Messias
prometido. Esta aliança, embora refeita várias vezes por causa da desobediência
do povo, sempre foi pela fé. Em Cristo, a aliança foi chamada de nova por ter
sido ratificada por Ele, mediante o Seu sangue, mas a essência sempre foi a
mesma, salvação pela graça mediante a fé.
Fé e lei
(Rm
3:31; 7:7, 12; 8:3-4; Mt 5:17-20) - A declaração de Paulo em Romanos 3:31 nos
dá suporte para entender melhor a dinâmica da fé e da lei em todo o enredo do
plano da redenção. Alguns afirmam categoricamente que a fé anula lei. A este respeito Paulo foi enfático ao
afirmar que não. Outros afirmam que a lei é superior à fé. Com isto conseguem fazer da lei um meio de
salvação. Por outro lado, se a fé pudesse anular a obediência, Jesus teria
morrido em vão, pois era mais simples abolir a lei do que cumprir a justiça da
lei em Sua vida/morte. Da mesma forma, se a lei pudesse salvar, o plano da
redenção seria sem sentido, pois Jesus teria derramado Seu inocente sangue em
vão. Como entender a aparente confusão? Nem a fé e nem a lei podem salvar o
homem. A lei é o instrumento de Deus que nos faz racionalmente entender que
estamos perdidos e sem esperança. Neste caso, por causa da lei, percebemos que,
para ser redimido de nossa condição deplorável, precisaremos nos amparar na
justiça que não pode ser encontrada em nós. É aqui que se manifesta a graça de
Cristo, a única justiça que pode ser aceita pelo Céu. Uma vez que o sacrifício
de Cristo viabilizou a gratuidade da graça para todos que O aceitarem, a fé é a
mão que se estende para abraçar esse dom imerecido de Deus. Uma, a fé, tem a
ver com aceitação irrestrita, e a outra, a lei, com frutos da aceitação e
entrega. A justificação nos conduz à santificação, mas a santificação não
conduz o crente à justificação. A cruz do calvário é completa e suficiente para
a salvação e independe de nossa resposta. Mas a resposta humana à obediência
O propósito da lei
(Gl
3:19-29; Rm 5:13,20) - Esta é uma seção bastante complexa do livro de Gálatas,
pois, ao longo de anos, muitos têm traduzido a lei em Gálatas como sendo a lei
cerimonial. Ainda é comum ver irmãos interpretando desta forma, a ideia da lei
escrita em livros (Gl 3:10) sendo a lei cerimonial. No entanto o apóstolo não
fazia separação de leis. Ao afirmar: “as coisas que estão escritas no livro da
lei”, Paulo tinha em mente todo o Pentateuco. Este tema, inclusive, foi o cerne
da discussão em Minneápolis no ano de 1888 no movimento adventista. Paulo, ao
mencionar no verso 19, que a lei “foi acrescentada por causa da transgressão”, ele
se referia a todo o conjunto de leis e não apenas a cerimonial. Observe:
1º
Não era a lei cerimonial que imputava transgressão, mas a lei moral;
2º
A lei moral também foi acrescentada no Sinai por causa da transgressão do povo
pelos anos em que permaneceram no Egito. A lei já existia antes do Sinai (Gn
26:5), mas foi no Sinai que ela foi redigida sob condições que causaram espanto
e temor no povo.
Como mencionado, esta foi a base da
discussão em Minneápolis em 1888 no movimento adventista. De um lado,
defendendo que a lei em Gálatas era a cerimonial estava o presidente da igreja
Jorge Battler e o exímio estudante de profecias Urias Smith. De outro lado,
defendendo que a lei era moral, dois novatos na teologia daquele tempo, A. T.
Jones e seu companheiro Waggoner. Com endosso de Ellen White o resultado final
da discussão favoreceu o pensamento de A. T. Jones e Waggoner ao afirmar
categoricamente que a lei em Gálatas era de fato não apenas a lei cerimonial,
mas também a lei moral. No que isto resultaria? Resultaria em um golpe mortal
ao legalismo no meio adventista. A este respeito, ao ser questionada, Ellen
White escreveu: “Perguntam-me acerca da lei em Gálatas. Que lei é o aio que nos
deve levar a Cristo? Respondo: Tanto o código cerimonial como o moral, dos Dez
Mandamentos” (Mensagens Escolhidas, v.1,
p. 233). Isto não significa que Paulo estivesse combatendo a lei moral. Na
verdade, ele estava combatendo o legalismo. Esta interpretação não causa implicações
aos dez mandamentos, dá mais sustento e credibilidade, pois o discípulo
apresenta o seu real valor, o de conduzir à Cristo, o único capaz de sarar as
feridas da transgressão. Não é a lei, ao ser cumprida na vida, que oferece
valor salvífico. Se assim fosse, o valor da Cruz seria minimizado às custas do
mérito humano. A lei deve ser a norma de conduta diante dos homens. Diante de
Deus o que tem valor é a norma de vida de Cristo por nós.
A duração da lei de Deus
(Gn
9:5, 6; 18:19; 26:5; 39:7-10; Êx 16:22-26) - Será que a lei de Deus durou apenas
até Cristo? A expressão de Paulo “até que”, estaria indicando o fim da lei?
Jesus na cruz cravou os dez mandamentos extinguindo-os por completo eliminando
a necessidade de obedecê-los?
Observe que todo o Pentateuco com
suas leis foram adicionadas no Sinai. Os dez mandamentos também foram
adicionados no Sinai. No entanto, a lei já existia antes do Sinai. Se o pecado
é a transgressão da lei (1 Jo 3:4), significa que já existia antes de Deus dar
a Moisés. O povo de Israel, escravizado por mais de 400 anos, perdeu a
identidade de povo remanescente e se conformaram com as práticas pagãs e
imorais existentes no Egito. Por este motivo, a lei precisava ser lembrada por
muitos, conhecidas por outros, com o objetivo de mostrar-lhes o quão afastados
estavam de Deus.
Quanto a expressão “até que”, não se
referia ao fim da lei, mas ao fim do poder do pecado. Jesus ao ser pendurado
entre o Céu e a Terra daria solução definitiva a um problema que a lei jamais
daria solução – o de redimir o homem. Ainda hoje, a lei existe apenas para
mostrar nossa condição diante de Deus. Agora, com Cristo, a solução estava
sendo oferecida. Sua graça nos daria capacidade de sermos redimidos e ao mesmo
tempo capacitados para a obediência. Quanto a lei cerimonial (Os 2:11; Cl 2:16;
Ef 2:15; At 6:14), esta sim seria transitória, pois, o verdadeiro cordeiro que
tira o pecado do mundo (Jo 1:29) estava sendo imolado no calvário (Mt
27:50,51).
A superioridade da
promessa
(At
7:38; Gn 15:1-6; 18:1-33; 22:1-18) - Paulo pretendia inculcar na mente dos judeus conversos que o
alicerce da promessa ou da aliança não era centralizada na lei. O sangue de
Cristo era o centro e a razão de ser da graça. A lei não poderia jamais ser
superior ou anular a aliança feita por Deus ao povo. Os dez mandamentos são
fundamentais no papel de nos orientar para a obediência - este é o único papel
da lei. Somente pela graça é que somos salvos. A lei tem a ver com
santificação. Ao pensar sobre salvação, deve-se pensar apenas na justificação,
na graça.
A
função da lei é mostrar o quão distante estamos do caráter de Deus. A graça é a
concessão de Cristo para ultrapassarmos o campo minado desta vida e alcançar o
Céu em Seus próprios méritos. Todavia, a mesma graça que salva é a mesma que
santifica. A fé não apenas nos faz abraçar a graça perdoadora, mas também nos
faz desejar andar nos caminhos da vida. “A fé que justifica sempre produz,
primeiro, verdadeiro arrependimento, e então boas obras, as quais constituem o
fruto dessa fé. Não há fé para a salvação que não produza bom fruto. Deus deu
Cristo ao nosso mundo para que Se tornasse o substituto do pecador. No momento
em que é exercida verdadeira fé nos méritos do custoso sacrifício expiatório,
reivindicando a Cristo como Salvador pessoal, nesse próprio momento o pecador é
justificado diante de Deus, porque está perdoado.” (Mensagens Escolhidas, v.3, p.195).
Gilberto Theiss - Graduado em Teologia, Mestrando em Interpretação Bíblica, Pós-Graduado em Filosofia, Ciências da Religião e Pós-Graduando em História e Antropologia. Atualmente é pastor no Estado do Ceará.