Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 01


Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 01 – 3º Trimestre 2012
(30 de junho a 7 de julho)

Comentário: Gilberto G. Theiss[1]

SÁBADO, 30 DE JUNHO
O Evangelho chega a Tessalônica

            “Pois agradecemos a Deus sem cessar, pois, ao receberem de nossa parte a Palavra de Deus, vocês a aceitaram não como palavra de homens, mas segundo verdadeiramente é, como Palavra de Deus, que atua com eficácia em vocês, os que creem” (1Ts 2:13).

Pensamento Chave: As promessas de Deus enviadas a nós através de Sua Palavra, devem estar ancoradas em nossos corações.


            A cidade de Tessalônica era a capital da segunda divisão da Macedônia (Hb 17:1), e importante via que unia o Oriente com Roma. Sua localização geográfica e seu excelente porto à favorecia como um centro comercial de valor primário para aquela época. Nesta cidade, além de outros habitantes e forasteiros, havia a presença de muitos judeus. Hoje, a cidade se chama Salônica e é um grande centro comercial no norte da Grécia. Os arqueólogos possuem grande interesse por esta cidade por apresentar muitas riquezas antigas que evidenciam a glória do antigo império romano. Naquele tempo, Paulo, em sua segunda viagem, quando saiu de Filipos, esteve em Tessalônica (Hb 16:40; 17:1), com o objetivo de pregar e ganhar a simpatia dos judeus que ali residiam. Por este motivo é que foi a sinagoga por três sábados sucessivos para apresentar o evangelho primeiro a seus compatriotas – os judeus. Além de judeus, muitos gregos também aceitaram a mensagem levada por Paulo e Silas (Hb 17:4), aumentando os números de conversos naquela importante cidade. Não foi fácil a pregação e também não foi fácil a aceitação do Evangelho. No entanto, mesmo em situações probantes, o Espírito Santo os auxiliou nesta tão difícil jornada e os frutos foram colhidos de forma extraordinária. Acredita-se que a carta, além de ser um dos documentos mais antigos do Novo Testamento, tenha sido escrita por volta do século V quando Timóteo havia retornado da Macedônia, e, segundo alguns comentaristas, provavelmente a carta deve ter sido escrita em Corinto. Durante este trimestre, conheceremos e aprenderemos mais com as experiências, lutas e ensinos de Paulo deixados a nós para aplicabilidade pessoal. Que Deus nos ilumine neste passeio que faremos por esta carta e que ela nos ensine grandes lições para a vida.

DOMINGO, 01 de JULHO
Os pregadores pagam um preço
(At 16:9-10)

            Paulo e Silas pagaram um preço muito alto por terem banido um demônio de uma pessoa. Perceba a que ponto chegaram os líderes da cidade quando a mentira foi subjugada pelo poder de Deus através destes homens. A verdade que podemos, nitidamente, perceber nesta história é que, os propósitos de Satanás e seus anjos, quando obstruídos, podem trazer grande desconforto e perseguição para os mensageiros de Deus. Paulo e seu companheiro de jornada foram cruelmente maltratados sem nenhuma justificativa óbvia e racional. As forças legais da cidade se voltaram contra eles de maneira escrupulosa como se fossem homens perigosos para a sociedade. Muito em breve, o povo de Deus enfrentará situações tão difíceis quanto. As forças do mal farão a retidão, justiça e verdade se tornarem crimes hediondos nas mãos dos servos de Deus. Embora um caso ou outro já exista em alguns lugares, pregar a verdade nos custará um preço elevadíssimo. Satanás está à espreita de toda tentativa que vise desmascará-lo, e grande ira sobrevém aos mensageiros quando os planos de Satanás são frustrados. Isto é uma realidade quando enfrentamos o mundo e é uma realidade presente também dentro da própria igreja. Neste último caso, alguns assuntos já são capazes de trazer grande desconforto e ira das pessoas e do inimigo das almas. Assuntos como rejeição do eu, reavivamento e reforma, música, estilo de vida e conduta cristã tem sido um dos temas mais difíceis de serem tratados. Grande ira, discórdia, guerra, divisão e perseguição têm sido os resultados para os que, como Jeremias, se esforçam em consolidar um reavivamento e reforma. Sem dúvida, diluir o progresso do mundanismo na igreja tem sido um dos desafios mais difíceis para os pregadores e ministros sinceros de nossos dias. Satanás tem perseguido com muita força os que se opõem ao liberalismo e tem perseguido com muita ira os que têm sido úteis nas mãos de Deus no avanço do evangelho perante a sociedade. Sabemos que estas perseguições se intensificarão na medida em que nos aproximarmos do fim e do retorno de Jesus. Se Paulo e Silas sofreram naquele tempo, muito mais sofrimento e perseguição padecerão os que viverem ao lado da verdade e da justiça no tempo final pregando e vivendo o evangelho nos quatro cantos do mundo.

           
SEGUNDA, 02 DE JULHO
A estratégia de pregação de Paulo
 (At 17:1-3)

             Paulo e Silas, provavelmente viajaram pela Via Inácia, uma das grandes rotas romanas, que passava por Filipos, depois por Anfípolis e Apolônia, até chegar a Tessalônica. Na cidade, diante dos desafios e experiências de amarga recepção, o servo de Deus coloca em prática sua estratégia evangelística pra alcançar os judeus da cidade. Durante a semana, o apóstolo se ocupava em ofícios para sustentar-se (1Ts 2:9; 2Ts 3:7-10), e aos sábados se ocupava com o evangelho adorando a Deus na sinagoga. No entanto, seu interesse, além de adoração, era apresentar a verdade aos judeus daquela cidade. Espalhar as boas novas era sua mais importante tarefa. Diz a escritura que, “por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras”. Sua estratégia consistia em pregar ao povo judeu se utilizando dos principais propósitos da teologia da sinagoga. Ao ser convidado a apresentar a mensagem, que naquele tempo se baseava na torá e nos profetas, ele alcançou o coração dos presentes falando exatamente da maior esperança que possuíam – a da vinda do Messias.
            Paulo, inclusive em outras cartas, apresenta um dos métodos mais interessantes para alcançar as pessoas com pensamentos diferentes sobe a verdade. Como em Atenas, no caso do deus desconhecido, Paulo, em Tessalônica, chamou a atenção dos judeus retratando os principais pontos que tratam do ministério do Messias, primeiro como o cordeiro sofredor e não como o rei vitorioso. Depois de apresentar os fatos contundentes a este respeito, revelou o testemunho dos fatos que se cumpriram em Jesus Cristo. Embora a mensagem tenha sido estranha para alguns, houve corações que receberam e guardaram as palavras de Paulo em seus corações. A estratégia de pregação de Paulo se fundamentou primeiro na reconstrução da verdadeira imagem profética do Messias, algo que era completamente distorcido naquela época, uma vez que os judeus desejavam serem libertos da escravidão romana. Um Messias libertador das garras romanas, era para alguns, mais condizente com a realidade judaica do que com um libertador da escravidão espiritual do pecado. Paulo entendia que este seria um dos maiores obstáculos a serem diluídos da mente e da teologia dos judeus e por isto elf foi muito astuto fazendo uma introdução daquilo que era mais aceitável.

TERÇA, 03 DE JULHO
Duas visões do Messias
(Jr 23:1-6; Is 9:1-7; 53:1-6; Zc 9:9)

            Ao longo do tempo, o povo de Israel havia passado por situações muito constrangedoras e difíceis. Um currículo de escravidão havia se acumulado no decorrer da existência desta nação. A escravidão, especialmente no Egito, Babilônia e agora em Roma fortaleceu no coração do povo uma ânsia por justiça e libertação. Esta esperança desesperada por liberdade os fez encarar as profecias messiânicas de maneira equivocada. As profecias que apresentavam o Messias como um servo sofredor, foram interpretadas como representando o próprio povo Judeu com suas agruras e sofrimentos. Isaias 53 é um exemplo clássico de interpretação focada na nação de Israel. Desta forma, os demais textos receberam uma intepretação mais privilegiada e dissociada do seu devido contexto. As promessas de um libertador exaltado, glorificado que reinaria e faria justiça por Seu povo foram aceitas como uma promessa de restauração, justiça e liberdade das garras das nações pagãs, especialmente de Roma. Paulo, muito consciente desta realidade, de maneira estratégica ensinou os judeus de Tessalônica sobre este pequeno desvio e isolamento do contexto. Ele foi muito sábio ao apresentar o Messias sofredor que viria para, em primeiro lugar, libertar Israel da escravidão de pecado, para depois libertar da injustiça e escravidão física. Estas duas visões, por se referir a Cristo, foram conciliadas e ajustadas de maneira que eles pudessem compreender que Jesus, de fato, era o Messias prometido. O interessante nesta realidade é que, em nossos dias, há muitas divisões de pensamento sobre a vinda de Jesus. O exemplo de Paulo pode nos auxiliar na maneira como devemos apresentar a verdade ao mundo a respeito desta profecia. Mas, independente da maneira como os povos pensam a respeito de Jesus em nossos dias, a pergunta que surge é: Como é, e o que é Jesus para nós? Será que Ele é Deus ou um semi deus? Como é sua graça, barata ou transformadora? Enfim, parece que o problema teológico dos judeus se reveste de outra fachada em nossos dias, e isto indica que os desafios ainda permanecem. O Jesus que muitas pessoas adoram pode não ser o Jesus verdadeiramente ensinado pelas escrituras.

QUARTA, 04 DE JULHO
Sofrimento antes da Glória
(Is 53)

            As citações melancólicas de Isaías 53  como: “Era desprezado... rejeitado ... experimentado ... tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si... ferido de Deus, e oprimido... ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados...fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos... oprimido e afligido” foram interpretadas pelos judeus como se referindo as dores e opressões de Israel. Até nos dias atuais, tal interpretação prevalece na corrente teológica Israelita. Para eles, o sofrimento do povo antecede a glória em que estão sujeitos quando o Messias surgir como Rei glorioso. Embora esta interpretação tenha algum sentido devido as experiências amargas do povo, a apresentação de Isaías se refere especificamente ao Messias. Seria um tanto redundante aplicar tais referências à Israel como: “não tinha beleza nem formosura... não havia boa aparência para que o desejássemos... era desprezado e rejeitado entre os homens, homens de dores... não fizemos caso algum dele... ele tomou sobre si as nossas enfermidades... moído por causa das nossas iniquidades, aflito de Deus e oprimido... pela transgressão do meu povo ele foi atingido... puseram-no na sepultura com os ímpios... ”.  É bem mais aplicável a uma pessoa especificamente do que à uma nação, pois as citações apontam para uma singularidade externa da nação, alguém que surge para conceder liberdade espiritual, “como cordeiro foi levado ao matadouro”, ou seja, símbolo de redenção. Outro fato importante é que, este personagem aparece como sem mácula, “ainda que nunca cometeu injustiça, não houve engano em sua boca”, situação que não poderia jamais ser interpretada à Israel. Provavelmente o apóstolo Paulo deve ter se apoiado nas lacunas falhas da interpretação judaica para apresentar o verdadeiro significado da profecia em Jesus Cristo. Suas palavras, conhecimento e experiências de encontro com Cristo foram importantes neste momento de discussão no templo e fora dele. O mais importante é que, o Espírito Santo atuou nos corações dos povos, pois, embora a palavra saia de nossa boca, somente o Espírito de Deus é capaz de convencer as pessoas de seus erros.

QUINTA E SEXTA 05 e 06 DE JULHO
Nasce uma igreja
(At 17:1-4, 12)

            Paulo havia sido orientado por Deus através de uma visão que deveria ir para a Macedônia (At 16:9), isto indica que, o Espírito Santo estava guiando-o no propósito da evangelização em Tessalônica. Quando Deus está à frente e nos chama para uma missão especial, os resultados serão inevitáveis. Sob orientação do Espírito de Deus, “Paulo sabia que primeiro precisava conquistar a simpatia e confiança dos judeus e por isso foi à sinagoga três sábados sucessivos apresentar as grandes verdades do Evangelho a seus compatriotas.  Interessante notar que, os maus tratos sofridos em Filipos não o amedrontaram, e com o poder de Deus apresentava as profecias messiânicas do Antigo Testamento se cumprindo em Jesus.  Muitos dos judeus acreditaram e grande número de gregos (gentios) aceitaram a mensagem (Hb 17: 4). Entre todos os conversos haviam homens, mulheres e nobres da cidade que entenderam a perfeita ligação entre as profecias e as experiências naturais e sobrenaturais de Jesus. Aristarco (Cl 4:10, 11; At 20:4), e Jasom (At 17:4-9), são alguns dos que se converteram e se tornaram um apoio para Paulo.
            Este poderoso ensino nos anima a compreender a necessidade de deixar de lado qualquer tipo de preconceito e distribuir o evangelho a todos os povos. A mensagem de Apocalipse 14:6 apresenta a universalidade do evangelho, sendo destinado a alcançar todas as fronteiras do planeta. Ellen White a este respeito é contundente ao afirmar que, “Desde os dias de Paulo até o presente, Deus, pelo Seu Espírito Santo, tem estado a chamar tanto judeus como gentios” (Atos dos Apóstolos, p. 380). Portanto, como no exemplo do apóstolo Paulo, igrejas precisam ser erigidas sob esta bandeira, de transformar, pelo poder de Deus, as pessoas de diferentes culturas e nações em uma única nação – a nação de Israel espiritual. É surpreendente observar como Deus guiou seus discípulos a fundamentar igrejas pelo mundo naquela época. Mas, mais surpreendente ainda é poder imaginar como Deus poderia nos usar para fazer o mesmo em cidades que ainda não há presença adventista. Àqueles que pregam o evangelho em outras localidades e erguem igrejas, estão fazendo exatamente o trabalho que Paulo fez naquele tempo. O trabalho é o mesmo e não para, enquanto que os discípulos mudam de geração após geração.



[1] Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como constam no livro “Nisto Cremos” e “tratado teológico adventista” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico e colportor efetivo por um ano na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia e cursou extensão em arqueologia do oriente próximo pela UEPB. Gilberto G. Theiss é autor de vários livros e artigos e é inteiramente submisso e fiel tanto à mensagem bíblico-adventista quanto à seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. No entanto Gilberto Theiss faz questão de ressaltar que, toda esta biografia acima é destituída de valor, e que o único currículo valioso que possui é o de Deus, sua família, irmãos e amigos fazerem parte de sua vida. O resto tem o seu devido lugar, porém fora e bem distante do pódio. Contato: gilbertotheiss@yahoo.com.br