História - Telhado do antigo palácio do imperador Nero desaba em Roma


Parte do telhado do Palácio Dourado do imperador Nero, da antiguidade romana, ruiu nesta terça-feira, suscitando temores de que o local não tenha condições de segurança para receber as multidões de turistas que o visitam todos os anos...

Nero ergueu seu palácio após o grande incêndio de Roma em 64 d.C., com o objetivo de ser um local para festas, mais que uma residência. Parcialmente folheado a ouro, suas paredes foram decoradas com pedras semipreciosas e afrescos. 

Especialistas no local disseram que a parte do telhado que desabou foi um segmento construído após o palácio de Nero, conhecido como galeria de Trajano, e que não ficava normalmente aberta ao público. O imperador Trajano reinou de 98-117 d.C. e construiu os banhos de Trajano sobre o Domus Aurea.
No entanto, o desabamento desta terça deve reacender a discussão sobre o estado precário em que se encontram os sítios arqueológicos de Roma, afetados pela erosão...

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Nota:

Para os amantes de história como eu, conhecer este palácio ruído pelo tempo, mesmo que seja apenas pelas fotos, é como fazer uma pequena viagem à quase dois mil anos atrás.

Conhecer a história de Nero significa também conhecer melhor a história dos cristãos dentro daquele século. Para os cristãos, significa lembrar a perseguição desencadeada por este imperador aos que seguiam a fé cristã, principalmente cerca de 10 anos após sua ascensão ao trono romano quando mandou incendiar a cidade de Roma.

Enquanto Roma ardia em chamas, Nero tocava tranquilamente sua lira em um local alto com vista para a cidade enfumaçada. Caio Svetonio (75-160 d. C.) em sua obra De Urbe a Nerone incensa (Roma incendiada por Nero) faz o seguinte registro sobre o caos em Roma:
“...mas não poupou nem o povo nem para os muros da pátria. Quando alguém, numa conversa, citou: “Depois que eu morrer, desapareça também a terra nas chamas!”, [Nero] disse: “Não, enquanto estou vivo!”, e fez isso mesmo. De fato, como que ferido pela feiúra dos velhos edifícios e das ruas estreitas e tortuosas, incendiou Roma de modo tão evidente que muitos cônsules, mesmo tendo surpreendido em suas propriedades os criados de Nero com estopa e tochas, não ousaram tocá-los; e alguns depósitos, próximos da domus Aurea, cuja área desejava ocupar, foram demolidos por máquinas de guerra e dados às chamas, pois eram construídos em pedra [...] Aquele flagelo cruel durou seis dias e sete noites, impelindo a plebe a buscar refúgio nos monumentos e nos cemitérios. Então, além de um número incontável de casas, foram devoradas pelo incêndio também as residências dos antigos generais, ainda adornadas pelos despojos inimigos, e os templos dos deuses, alguns votados e dedicados desde o tempo dos reis, e outros durante as guerras púnicas e gálicas, e tudo o que restara digno de ser visto ou lembrado da antiguidade. Contemplando o incêndio da torre de Mecenas e alegrado - são palavras dele - “pela beleza das chamas”, cantou a destruição de Tróia vestindo sua roupa de cena. E, para não deixar nem mesmo nessa ocasião de se apropriar da maior quantidade possível de presas e de despojos, depois de ter prometido remover gratuitamente os cadáveres e os destroços, não permitiu a ninguém que se aproximasse dos restos de seus haveres. E não apenas aceitou contribuições, mas as exigiu em tal medida que arruinou as províncias e os particulares”...
“...nem todos os socorros humanos, nem as liberalidades do príncipe, e nem as orações e sacrifícios aos deuses podiam desvanecer o boato infamatório de que o incêndio não fora obra do acaso. Assim, Nero, para desviar as suspeitas, procurou achar culpados, e castigou com as penas mais horrorosas a certos homens que, já dantes odiados por seus crimes, o vulgo chamava cristãos[...]a sua perniciosa superstição [o cristianismo], que até ali tinha estado reprimida, já tornava de novo a grassar não só por toda a Judéia, origem deste mal, mas até dentro de Roma [...]Em primeiro lugar se prenderam os que confessavam ser cristãos, e depois pelas denúncias destes uma multidão inumerável, os quais todos não tanto foram convencidos de haverem tido parte no incêndio como de serem os inimigos do gênero humano. O suplício desses miseráveis [cristãos] foi ainda acompanhado de insultos, porque ou os cobriram com peles de animais ferozes para serem devorados pelos cães, ou foram crucificados, ou os queimaram de noite para servirem como de archotes e tochas ao público. Nero ofereceu os seus jardins para esse espetáculo, e ao mesmo tempo dava os jogos do Circo, confundido com o povo em trajes de cocheiro, ou guiando as carroças. Desta forma, ainda que culpados, e dignos dos últimos suplícios, mereceram a compaixão universal por se ver que não eram imolados à pública utilidade, mas aos passatempos atrozes de um bárbaro”.
 Fonte das citações: Caio Svetonio (75-160 d. C.) em sua obra De Urbe a Nerone incensa (Roma incendiada por Nero) - Blog Sidnei Moura
 Este passado nada animador nos revela quão cruel pode o homem se tornar longe de Deus. Não podemos deixar de destacar o pano de fundo espiritual existente neste conflito histórico. Satanás esteve por trás da insanidade de Nero para desarraigar os que viviam em conformidade com a fé e obras de Cristo. 
Entre muitos cristãos, não podemos deixar de destacar o apóstolo Paulo que esteve cara a cara com o imperador. Nero, teve a grandiosa oportunidade de ouvir o evangelho da boca deste grande discípulo. A mensagem de Paulo impressionou grandemente o imperador perdido, mas tal impressão não durou muito tempo. A este respeito Ellen White escreveu que 
"A mente de Nero ficou tão impressionada com a força das palavras do apóstolo em seu último julgamento, que protelou a decisão do caso, nem o absolvendo nem o condenando. Todavia, a sentença foi apenas protelada. Não muito tempo depois, foi pronunciada a decisão que condenava Paulo à morte de mártir. Sendo cidadão romano não podia ser torturado, sendo, portanto, sentenciado a ser decapitado." História da Redenção, pg. 316.
 Infelizmente tal impressão não teve guarita no coração de Nero. Sua sensibilidade não durou por muito tempo. Sua resistência ao Espírito de Deus foi grande e o suficiente para selar seu trágico fim.
Falando a respeito dos perdidos que se levantarão na segunda ressurreição, Ellen White descreve com vivas palavras a presença deste polêmico imperador e sua mãe que lhe transmitira uma educação falha.
"Ali está Nero, aquele monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação daqueles que torturara, e em cujas aflições mais extremas encontrara deleite satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua própria obra; para ver como os maus traços de caráter transmitidos a seu filho, as paixões abrigadas e desenvolvidas por sua influência e exemplo, produziram frutos nos crimes que fizeram o mundo estremecer." História da Redenção, pg.424.
A lição histórica que nos é reservada, nos remete para o futuro com o objetivo de criar em nós a profunda reflexão de como alguém pode ser capaz de resistir a voz do Espírito Santo e da mensagem de salvação eterna. No dia do juízo final, de um lado (dentro da cidade santa), estarão os cristãos que foram mortos pelas espadas romanas chefiadas por Nero, e do outro lado (do lado de fora da cidade), estará o imperador com seus súditos.