Justificação pela fé


Justificação pela fé e as obras

Seria a justificação pela fé menos importante do que as obras? Porque há em nosso meio, ministros adventistas que insistem tanto em mensagens como esta? Estaria a igreja adventista se assemelhando aos evangélicos em geral? É a justificação pela fé uma mensagem “light”?

Quanto equivoco! Justificação pela fé é doutrina bíblica e um dos esteios da teologia adventista. O espírito legalista arraigado na mente de alguns é que impede a plena compreensão desta doutrina básica da salvação.

Ouve época em que esta doutrina estava sendo perdida de vista em nossa igreja. Conclamou-se o concílio de Minneapolis, em 1888, (ver diagrama) e a Sra. White defendeu ardorosamente a justificação pela fé, e fulminou o legalismo. Fez mais. Nos três seguintes anos viajou em muitos estados para reafirmar esta doutrina. Leia seus testemunhos em Mensagens Escolhidas Vol. 1 Cap. 54 a 63 e também Caminho a Cristo.

Precisamos ter em mente três fatos importantes para compreensão do assunto.

1º- Pela queda entrou o pecado no mundo, afetando toda raça. Rom. 3:24; 5:12. Separado de Deus, a fonte da vida, o homem ficou sujeito à impiedade e morte, tendo perdido toda a capacidade de ligar-se de novo a Deus, de ser restaurado ao favor divino, em suma, de conseguir a salvação. O homem não tem capacidade de salvar-se. Sua natureza tornou-se corrompida e nele só habita o mau. Jer. 13:23. A justiça humana, aos olhos Divinos, são “trapos de imundícias” Isaias 64:6. O homem já nasce em pecado. Salmo 51:5. É, portanto, indigno e perdido.
“Aquele que procura tornar-se santo por suas próprias obras, guardando a lei, tenta o impossível... Não possuímos justiça em nós mesmos com a qual pudéssemos satisfazer as exigências da lei de Deus”. Caminho a Cristo. Patriarcas e profetas 59,a 62.

2º- O próprio Deus tomou a iniciativa de ir ao encontro do homem para salvá-lo. Essa disposição Divina de reerguer o homem caído, sem que este o merecesse chama-se graça. É o favor imerecido. Deus salva o homem unicamente através de Cristo. Depondo a vida na cruz, Cristo proveu redenção (recuperação) a todos os que o aceitam. A graça tornou-se realidade no sangue de Cristo, aceito pela fé, ai então entra a obediência.

3º- Aceitando Jesus, a dádiva dos céus, recebe o pecador completo perdão de seus pecados, porque lhe é imputado a justiça de Cristo. O pecador é, então, considerado por Deus como se nunca houvesse pecado. Esta fase teológica denomina-se justiça imputada.
Depois disso, o pecador já perdoado começa sua carreira cristã, e terá que lutar diariamente contra o pecado. Ef. 6:11,12. Precisa de poder constante para vencer nesta luta. Esse poder, a armadura de Deus, lhe é transmitido pelo Espírito Santo. Essa constante provisão de poder e convicção para vencer o mal, denomina-se justiça comunicada. É o processo de santificação, que dia a dia se aperfeiçoa. Se pecarmos, Cristo nos socorre e perdoa. I SJ. 2:1. O processo de santificação inclui a obediência, mas esta é praticada pela operação do Espírito Santo em nós. As obras são fruto natural da fé que se apodera dos méritos de Cristo.
“Senhor, todas as nossas obras Tu as fazes por nós”. Isaias 26:12.
“... Criados por Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Ef. 2:10.
Para a obediência primeiramente se torna necessário a fé, o constrangimento do coração com o amor, e sacrifício de Jesus, na qual como base forma a justificação pela fé.

Frutos da fé

A justificação advem como dom gratuito de Deus por meio de Jesus Cristo. As obras não participam dessa transação. Da parte de Deus, ela é uma dádiva que se torna possível por intermédio de Jesus. Da parte do homem, ela exige completa fé e confiança em que Deus é poderoso para justificar o pecador e está disposto a fazê-lo. A fé é o meio pelo qual o homem recebe a justificação. Comentário Bíblico ASD, Vol 6, Pg. 949.

O apóstolo diz: “... ninguém será justificado pelas obras da lei...” Gálatas 2:16.
“... porque pela graça sois salvos, por meio da fé... não vem das obras pra que ninguém se glorie”. Ef. 2:8, 9.
Mas algum legalista poderia dizer: _Então deixe de guardar algum mandamento para ver se será salvo!

Se obras não tem participação, envolvimento nenhum para a salvação, então porque, se quebrar-mos algum mandamento não seremos salvos? De forma resumida seria a observância da lei, o fruto da salvação operada por Cristo Jesus e constitui uma demonstração de nosso amor para com Ele. S. J. 14:15; Rom. 13:10.

Observamos os mandamentos não para sermos salvos, mas porque Cristo nos salva e nos dá forças para sair do pecado e andar nos caminhos retos da justiça. Quem continua transgredindo os mandamentos de Deus, demonstra com isso que ainda não foi salvo por Cristo, porque ainda está separado da fonte da força que é Cristo, continuando então a cometer os frutos desta separação, transgressão a lei divina. Gal. 5:19.21 na qual num âmbito geral, o pecado se torna transgressão direta da lei Divina. I João 3:4.

O que foi dito até aqui nos ajuda a entender que:

A)- Precisamos de Cristo para sermos salvos de nossos pecados. Isto é justificação, e as obras isto não fazem por nós, são insuficientes para conceder-nos esta ditosa experiência. Ela é obtida por meio da fé em nosso Salvador, por esta razão, nos dá uma visão mais ampla da importância de sua pregação, da pregação que envolve e constrange o coração do ser humano.

B)- Precisamos de Cristo para não vivermos mais em pecado, quer dizer, não continuar mais a transgredir os mandamentos de Deus. Sozinhos não podemos fazer isto, mas afirmamos como o Apóstolo Paulo: “Posso todas as coisas Naquele que me fortalece”. Fil. 2:13. Tal experiência recebe o nome de santificação, e muitos desconhecem que isto está envolvido na justificação pela fé.

C)- Praticar certos atos, com o objetivo de obter méritos diante de Deus, independentemente de Cristo, é uma terrível ilusão. As boas obras devem ser frutos da fé, de um coração constrangido e envolvido pelo que Cristo fez por ele, fruto como demonstração de amor pelo que o Redentor fez por um mundo caído.
Ele acrescenta então a essas obras os seus méritos incomparáveis, e elas se tornam agradáveis a Deus “no Amado”.

As obras são frutos da fé, de um coração constrangido e se não houver isso não haverá obediência, não haverá obras vivas no espírito. Portanto se torna em vão quando há muitas mensagens de obras e poucas de fé, muitas mensagens que falam dos mandamentos, e poucas que falam do amor e sacrifício de Jesus, pois o que motiva a obediência é a mensagem que leva o homem a amar a Jesus. Por isso Cristo disse: “Se me amardes guardareis os Meus mandamentos”. S.J. 14:15.

Este material é apenas um resumo dos princípios da igreja adventista do sétimo dia no que consta a justificação pela fé.